Não é só a política: feriado e PIB dos EUA devem agitar o mercado semana que vem

Investidor deve se manter cauteloso nos próximos dias por conta das incertezas políticas, que prometem deixar a véspera de feriado muito agitada no mercado

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – A semana mais uma vez termina de forma positiva para a Bovespa, que conseguiu subir 2,37% neste período diante do agitado noticiário político, o que, apesar de trazer euforia para o mercado, acaba deixando os investidores sem rumo sobre o que esperar do dia de amanhã. E pior, a próxima semana não deve mudar nada em relação à tensão sobre as notícias que podem sair.

Para o economista João Costa Filho, da Pezco Microanalysis, o momento é de buscar proteção já que o que está dominando o mercado é o noticiário político e as expectativas sobre a continuidade do governo Dilma Rousseff ou sua interrupção. “É complicado fazer projeções porque às vezes vemos notícias parecidas levando o mercado para rumos diferentes. Tudo é uma questão de como os investidores avaliam cada informação”, afirma.

Um ponto negativo, segundo Costa Filho, é que normalmente quando o mercado busca proteção significa uma saída de dinheiro do Brasil. “Quando o cenário está conturbado assim é normal o investidor tirar seu dinheiro do País”, afirma. Para ele, porém, a agenda de indicadores tem dois eventos que devem chamar atenção e não podem ser desconsiderados pelo mercado.

Continua depois da publicidade

O primeiro é o IPCA-15, considerado como uma prévia da inflação, e que pode afetar principalmente o mercado de câmbio e de juros futuros caso venha abaixo ou acima do esperado, já que isso pode indicar mudanças na política monetária atual. Além dele, nos Estados Unidos será divulgado o PIB (Produto Interno Bruto) de 2015, o que também deve levar investidores a tentarem antecipar os futuros passos do Federal Reserve em relação às taxas de juros do país.

Porém, Costa Filho destaca uma combinação de fatores que deve agitar a quinta-feira (24). Isto porque no dia seguinte será feriado no Brasil, deixando a Bolsa fechada no mesmo dia em que será divulgado o PIB americano. Para piorar, o conturbado cenário político deve levar os investidores a “fugirem” do mercado para evitar ficarem posicionados durante os três dias até a volta da Bovespa, já que não há como prever o que irá acontecer neste período.

“É preciso ficar de olho no que vai acontecer entre segunda e quarta, mas a tendência é que os investidores zerem suas posições na quinta-feira para evitarem qualquer surpresa na volta do feriado”, explica o economista. Ele lembra ainda as recentes divulgações de informações sobre delações premiadas por revistas como IstoÉ e Veja, que são publicadas em finais de semana e poderão jogar mais uma “bomba” no ambiente político enquanto a Bolsa estará fechada.

Continua depois da publicidade

A seguir, os destaques da agenda econômica semanal:

IPCA-15 (Brasil)
Saindo às 9h (horário de Brasília) da quarta-feira (23), o dado de inflação oficial medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) deve ter um avanço de 0,58% em março, segundo a mediana das expectativas dos economistas pesquisados pela LCA Consultores. No período imediatamente anterior, o avanço foi de 1,42%.

PME (Brasil)
Também na quarta-feira às 9h, sai a PME (Pesquisa Mensal do Emprego) de janeiro apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A estimativa da LCA Consultores, é de que o desemprego suba de 7,6% para 7,9%.

Publicidade

PIB (EUA)
Na sexta será divulgada a terceira estimativa do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos para o quarto trimestre de 2015. A expectativa mediana dos economistas é de que a maior economia do mundo mantenha o crescimento de 1% reportado na segunda prévia. O número sai às 9h30.

Especiais InfoMoney:

As novidades na Carteira InfoMoney para março

Continua depois da publicidade

André Moraes diz o que gostaria de ter aprendido logo que começou na Bolsa

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.