“Não compre ou venda ações com base nas manchetes, o longo prazo não muda com o coronavírus”, diz Warren Buffett

Em entrevista à CNBC e em carta aos investidores da Berkshire Hathaway, o megainvestidor falou sobre o recente tombo das Bolsas

Anderson Figo

(Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO — Diante do recente tombo das ações no mundo todo com o agravamento do surto de coronavírus fora da China, o megainvestidor Warren Buffett afirmou em entrevista à rede americana CNBC que o mercado não deve “comprar ou vender negócios com base em manchetes do dia.”

“A verdadeira questão é: as perspectivas de 10 ou 20 anos para as empresas americanas mudaram nas últimas 24 ou 48 horas? Não”, disse. “Nós compramos negócios para os próximos 20, 30 anos, sejam negócios completos ou parciais. O longo prazo não mudou com o coronavírus.”

“Você notará [uma recente queda] em muitas das empresas das quais temos participação, como American Express e Coca-Cola. Esses são negócios sólidos e você não compra ou vende seus negócios com base nas manchetes de hoje”, completou.

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O dono do conglomerado Berkshire Hathaway não descartou, no entanto, que uma recente queda nos preços dos papéis possa abrir oportunidades de compra, desde que sejam negócios que você já tem em mente há algum tempo e quer comprá-los porque acredita em seu potencial.

“Se isso lhe der a chance de comprar algo que você gosta e você pode comprá-lo ainda mais barato, então é seu dia de sorte”, disse.

No último sábado, Buffett divulgou a tão aguardada carta anual do Berkshire Hathaway, que costuma ser lida com atenção pelos investidores que acompanham o bilionário.

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No documento, Buffett disse que o desempenho das ações deve superar o dos títulos públicos nos próximos anos devido às baixas taxas de juros e impostos.

“Se algo próximo às taxas atuais deve prevalecer nas próximas décadas, e se as taxas de imposto corporativo também permanecerem próximas do baixo nível de negócios das empresas, é quase certo que as ações com o tempo terão um desempenho muito melhor do que os instrumentos de dívida de longo prazo e taxa fixa”, afirmou.

Buffett exaltou o bom desempenho do Berkshire em 2019, um conglomerado de aproximadamente US$ 566 bilhões e que investe em empresas de diferentes setores.

“Nossa montanha incomparável de capital, abundância de caixa e um fluxo enorme e diversificado de ganhos não relacionados a seguros nos permitem muito mais flexibilidade de investimento do que geralmente está disponível para outras empresas do setor”, escreveu.

A carta anual trouxe um balanço da Berkshire: a empresa reportou US$ 29 bilhões em receita líquida no quarto trimestre de 2019 e US$ 81,4 bilhões no acumulado de 2019. O lucro operacional caiu ligeiramente no ano passado em relação a 2018, para US$ 24 bilhões.

Em uma demonstração de que acredita no valor do conglomerado que possui, Buffett destacou que a Berkshire gastou US$ 5 bilhões em 2019 para recomprar ações de sua própria emissão.

Ele também reclamou que a Berkshire tem “um tesouro de US$ 128 bilhões” para gastar em grandes aquisições, mas que não encontrou grandes oportunidades para isso.

“O inconstante mercado de ações oferece oportunidades para comprarmos posições grandes, mas não controladoras, em empresas de capital aberto que atendem aos nossos padrões”, disse.

Atualmente, isso inclui uma participação de US$ 73 bilhões na Apple, US$ 33 bilhões em ações do Bank of America e US$ 22 bilhões em ações da gigante Coca-Cola.

O megainvestidor também comentou sobre a composição dos conselhos das empresas, os quais possuem poucas mulheres, na visão dele.

Sobre uma eventual saída dele do comando da Berkshire e um possível sucessor, Buffett manteve o suspense que já havia feito antes: disse que já tem um nome em mente, mas sem dar pistas sobre quem seria. O megainvestidor tem 89 anos.

Buffett reiterou que a Berkshire está “100% preparada” para o dia em que ele e seu parceiro de negócios de longa data, Charles T. Munger, 96 anos, deixarão a direção do conglomerado.

As razões, segundo ele, são que os investimentos da Berkshire são fortes e prudentes, os negócios da empresa são supervisionados por gerentes competentes e seus diretores restantes são confiáveis ​​para manter o curso da empresa na direção correta.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.