Mobilidade urbana: cidadania e transparência

Em tempos de crise, esta é uma calamidade social para o país, sem perspectiva de gestão competente no curto e médio prazo.

Equipe InfoMoney

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Wilson Périco é economista, presidente do CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas e vice-presidente da Technicolor para a América Latina.

Mobilidade urbana é, hoje, em tempos de crise, uma calamidade social do país, onde a sociedade faz, mais uma vez, seu papel e oferece à cidade de Manaus sua contribuição. Foi entregue ao representante do poder público municipal, no último dia 25, pelo Comitê Cidadão – uma coalizão da sociedade amazonense que se organiza para defesa dos direitos civis – o Plano de Mobilidade Urbana, elaborado sob a coordenação técnica das entidades do setor produtivo. O evento se reveste de extrema relevância num momento em que os interesses dos grupos políticos no Brasil se mostram mais prioritários que os interesses do cidadão, justamente aquele que eles deveriam representar.

O Plano descreve as expectativas do setor produtivo, tanto dos investidores, como dos trabalhadores e de suas famílias, todos açoitados cotidianamente por uma cidade com precária cobertura vegetal, sem ciclovias, hidrovias como transporte alternativo, de costas para si mesma, para o rio que lhe dá vida e para a indústria que lhe dá sustento.

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Este Plano – com sugestões inteligentes, humanizadoras, e eficientes para atender uma cidade eminentemente industrial – começou a ser desenhado no âmbito do Comitê Cidadão e se deu na esteira das audiências públicas apressadas de 2015. As consultas foram feitas a toque de caixa para cumprir as exigências da burocracia federal, que condicionava elaboração do plano a qualquer município se candidatasse a verbas da União. O PlanMob de Manaus recebe, assim,  as sugestões da indústria, das entidades de classe e da academia que foram esquecidas. O texto municipal, por exemplo, cita duas vezes a existência do Polo Industrial de Manaus, apenas e tão somente como referência geográfica à sua proximidade com os bairros populosos da Zona Leste.

Este descuido é o paradigma nacional no trato do interesse civil. Vale destacar que o polo industrial de Manaus, historicamente esburacado e desurbanizado, recolhe 50% do principal imposto municipal, o ISS, sem incluir do IPTU e Alvará. A frota de viaturas que buscam e levam em casa os trabalhadores da indústria tem quase o dobro dos coletivos municipais. A discussão do Plano, por sugestão do líder presbiteriano e do arcebispo metropolitano do Comitê Cidadão, recomendou a discussão do próprio Polo Industrial de Manaus, “nossa galinha dos ovos de ouro, que está se desindustrializando pelo abandono”. Sem proteger o setor produtivo, sentenciaram os dos líderes ecumênicos, “…não haverá plano, mobilidade, renda, emprego, enfim, o pão nosso de cada dia.”

O descaso se ilustra com a instabilidade administrativa na Superintendência da Zona França de Manaus. Precisamos resgatar a autonomia da autarquia no âmbito da Amazônia Ocidental, trazendo  para seu Conselho de Administração a regularidade operacional, aliás, marca da última gestão que cumpriu integralmente a agenda de reuniões, fato que não ocorria há 5 anos. Precisamos dar fluência na liberação de PPBs, para flexibilizar o processo produtivo na maior recessão que açoita a ZFM em 50 anos. Queremos, apenas, trabalhar e produzir com transparência e eficiência para fazer bem nosso papel. E só por isso queremos ser ouvidos, ter presença na gestão dos Conselhos que deveriam legalmente acompanhar os recursos recolhidos pela indústria a favor do cidadão, sujeito e objeto prioritário da ação pública, ontem, hoje e sempre.

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