A volta dos militares.Pró-Amazônia!

Os fiscais do meio ambiente deveriam operar lado a lado com os de extensão rural, reduzindo a burocracia e estimulando parceria entre desenvolvimento, sustentabilidade e prosperidade, oportunamente chamada no Pró-Amazônia de nova matriz econômica, economia de baixo carbono e de múltiplas soluções.

Equipe InfoMoney

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Alfredo MR Lopes é jornalista e escritor

Enquanto alguns civis aloprados postulavam, nas manifestações do fim de semana, a volta dos militares para repor a ordem nas estripulias políticas e institucionais – uma proposta considerada indecente até pelos próprios convocados – a tribo amazônica organizou – neste início de dezembro, em Manaus – um programa de Índio, dos mais inteligentes, com a participação ativa dos militares do Exército Brasileiro, para mobilizar atores de ciência, tecnologia e bioeconomia a favor da Amazônia.

Mais uma edição do Pró-Amazônia, uma volta interdisciplinar e interinstitucional – delineada em maio de 2015, sob a batuta cearense de Theóphilo Cals, então no Comando Militar da Amazônia, para alinhar estratégia de defesa com estratégia de P&D, pesquisa e desenvolvimento, priorizando capacitação de recursos humanos, articulação com as respectivas entidades e instituições regionais, do setor público e privado, no intuito de criar novas modulações econômicas e prover base de infraestrutura adequada para viabilizar programas setoriais, com ênfase na logística de transportes, alternativas energéticas e de comunicação.

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Cabos subfluviais já estão deixando a Amazônia conectada, plugada no mundo.

A região tem massa crítica de sobra se souber fazer permutas locais, nacionais, panamazônicas, como as fábricas de gelo, movidas a energia solar, com placas fotovoltaicas no toldo das embarcações, já utilizado pelo Instituto Mamirauá, em parceria com o Instituto de Engenharia e Ambiente, da Universidade de São Paulo. A economia desta Amazônia Ocidental, beneficiária de renúncia fiscal, não pode ser predatória. O paradigma do setor produtivo proíbe ações que exigirão reparações onerosas para o devido reequilíbrio socioambiental.

O modelo de desenvolvimento não pode permitir – sob qualquer pretexto – que o desmatamento do Amazonas, nos últimos 12 meses, tenha crescido 54% em relação ao período anterior, de acordo com os dados do INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Vaidoso por proteger historicamente a floresta, o Amazonas se destacou negativamente entre os estados da Amazônia Legal brasileira.

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E não adianta dizer que isso não compromete o volume de cobertura vegetal conservada, o maior de todas as unidades da federação. O ranking predatório do Amazonas, seguido pelo Acre, ficou distante do Pará, 40% de desmatamento, e de Rondônia, 35%, os habituais alvos de nossa acusação predatória. No Pará, os agricultores de dendê batem recorde de plantio de espécie e de colheita de dividendos, com biorrefinarias de óleo vegetal para atender a indústria de química fina. Paragominas, também no Pará, passou de deserto amazônico em área de regeneração florestal premiada pela ONU. E, em Rondônia, os pecuaristas trocaram a proteína bovina, 500 kg/hectare, por proteína de peixe, deliciosa e sustentável, com o mesmo hectare de lâmina d’água, produzindo 22 toneladas na piscicultura.

Em Itacoatiara, no Amazonas, a Fazenda Aruanã mandou a pecuária pastar e em seu lugar plantou Ciência, Tecnologia e Inovação, digo, castanheiras, pupunheiras, copaíba e cumaru – entre plantadas e distribuídas, são mais de 5 milhões de mudas para adensar a mata – com suporte da Embrapa e do Inpa. São plantios de alto valor comercial que agregam inovação, ora com os cientistas do Centro de Biotecnologia da Amazônia, que ali já encontram biomoléculas preciosas para o mercado internacional de cosméticos.

Este modelo é inteligente, adequado, consagrado pelo Acordo do Clima, assinado e ratificado pelo Brasil, e que deveria levar à assinatura de outro acordo, o da cidadania econômica, posto que não desmata, pelo contrário, adensa a floresta e promove oportunidades. O corte de árvore só faz sentido no MFS, o manejo florestal sustentável, igualmente focado na conservação e geração de emprego e renda.

Do mesmo modo, cabe ainda explorar silvinita – o Amazonas está no topo,do ranking mundial em reserva – para a produção de potássio, cuja demanda do agronegócio obriga o Brasil a importar 85% do que consome. Só assim, as riquezas minerais deixarão de ser contrabandeadas, deixando o rastro da exclusão, sobretudo para as etnias primitivas. Aplausos para os programas de alimentos orgânicos, água potável, energia alternativa e logística regional do Pró-Amazônia, que surgem como intervenção cívica/militar adequada na medida em que juntam atores em sinergia inteligente, colaborativa, dentro do parâmetro legal e da urgência socioambiental.

Os fiscais do meio ambiente deveriam operar lado a lado com os de extensão rural, reduzindo a burocracia e estimulando parceria entre desenvolvimento, sustentabilidade e prosperidade, oportunamente chamada no Pró-Amazônia de nova matriz econômica, economia de baixo carbono e de múltiplas soluções.