Multiplan (MULT3) espera acelerar vendas no 2º tri e é conservadora com aquisições no setor; ação sobe 4% após balanço

Além do resultado ser bem recebido, as expectativas são positivas para o próximo balanço em termos de vendas

André Cabette Fábio

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Os resultados da Multiplan (MULT3) referentes ao primeiro trimestre de 2022 (1T22) foram bem recebidos pelos investidores, com as ações fechando esta sexta-feira (29) em alta de 4,01%, a R$ 24,65  – ao registrar um salto de 270,5% no lucro líquido no primeiro trimestre na comparação anual, uma vez que as vendas em seus shopping centers ganharam tração na esteira da gradual flexibilização das medidas de isolamento social.

Além do resultado ser bem recebido, as expectativas são positivas para o próximo balanço em termos de vendas, conforme destacou José Isaac Peres, CEO da operadora de shoppings, em teleconferência com analistas para apresentação de resultados.

Peres ressaltou que o primeiro trimestre costuma ser mais desafiador em vendas, mas que elas aumentam no segundo trimestre, com eventos como o Dia das Mães, em maio.

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Cabe ressaltar que as vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) cresceram 68,3% no 1T22 contra o 1T21 e 11,6% em relação ao 1T19, no período pré-pandêmico.

Peres afirmou que a decisão de autoridades do Rio de Janeiro de determinar que não é mais necessário usar mais máscara em espaços fechados, como shoppings, teve um efeito “muito grande” no primeiro trimestre. Isso porque a exigência de máscaras tem um “efeito psicológico” forte.

O Rio de Janeiro foi um dos primeiros estados a flexibilizarem o uso de máscaras. Assim, houve crescimento de 28,7% nas vendas dos shoppings do Rio de Janeiro no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2019. No Village Mall, as vendas cresceram 57% no período.

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Em São Paulo, o Morumbi Shopping teve um fluxo de veículos 35% maior do que em 2019, algo que pode ser atribuído em parte à exposição com projeções de obras de Van Gogh, afirmou o executivo.

Com relação a fusões e aquisições, em um contexto de consolidação do setor, o CEO afirmou que a empresa tem hoje 20 shoppings, e que “preza muito pela qualidade”.

Ele disse que evita a compra de shoppings sem bom desempenho, com uma posição conservadora. Agora, a empresa continua investindo em reformas de shoppings, “com preocupação antes com a qualidade do que com a quantidade”. Assim, a empresa vai continuar “crescendo verticalmente”.

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O questionamento ocorreu após o conselho de administração da rival brMalls (BRML3) recomendar aprovação pelos acionistas da proposta de fusão feita pela Aliansce (ALSO3). A oferta, se for concretizada, vai formar a maior rede de shoppings do Brasil, com cerca de 70 empreendimentos e avaliada em mais de R$ 12 bilhões.

Custo de ocupação

Questionado sobre o custo de ocupação, que veio no primeiro trimestre em 15,6%, frente a 14,6% no mesmo período em 2021 e em 13,7% em 2019, antes da pandemia, o CFO da Multiplan, Armando d’Almeida Neto, afirmou que que houve muitos shoppings que passaram anos sem ajustes condominiais (alguns destes, cinco anos sem ajustes), e que agora é natural que haja reajustes.

No 1T22, a companhia registrou aumento de Aluguel nas Mesmas Lojas (SSR) de 54,3% em relação ao 1T19. O portfólio de shopping centers da Multiplan apresentou uma taxa de ocupação média de 94,8% no 1T22, um aumento de 25 pontos-base, em relação ao 1T21.

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Neto disse que a empresa deve se beneficiar de melhorias de processos e redução de estruturas, e ressaltou que há expectativa de aumento de vendas, como a alta de 32% em abril. Além disso, afirmou que há áreas vagas maiores do que no passado, totalizando cerca de 24 mil metros, com potencial de crescimento, além da possibilidade de aumento da produtividade da área já ocupada.

O Bradesco BBI, que destacou em relatório que o balanço foi acima do consenso e mais uma vez positivo, ponderou que o recente ritmo de crescimento do aluguel só é sustentável se os inquilinos continuarem acelerando suas vendas – “abril crescendo 32% em relação a 2019 é uma indicação fantástica, embora desafiadora para se considerar sustentável”. De qualquer forma, com uma sólida dinâmica de ganhos, os analistas mantiveram a Multiplan como uma das melhores escolhas do setor.

Investimentos e endividamento

Questionado sobre a margem bruta, em 27,7%, o CEO afirmou que ela vem sendo elevada pela criação do projeto Golden Lake, em Porto Alegre. Ele disse que a empresa decidiu empregar no empreendimento sua capacidade, incluindo aquela de construção.

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Neto, afirmou, no entanto, que este ano deve ser difícil e que a empresa está cautelosa em seus investimentos. Há demanda para ações novas, mas o mercado de capitais está pressionado, de forma que a empresa está valendo a metade do que valia.

Ele disse ver a empresa subavaliada, em parte por conta da narrativa de que as vendas são pressionadas pela concorrência com o digital, mas defende que as pessoas continuam querendo se encontrar fisicamente, citando o Carnaval. Esta subvalorização eleva o custo de captação de capitais para investimento. Neste ano, o enfoque é evitar endividamento excessivo.

A dívida líquida da companhia ficou em R$ 2,371 bilhões no final de março de 2022, um recuo de 4,5% em relação ao mesmo período de 2021. Mas o indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 2,43 vezes em março/22, um aumento de 0,57 vez em relação ao mesmo período de 2021.

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O CFO afirmou que crescer comercialmente em pontos mais fortes é mais importante do que apenas “ter mais pontos”.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney