MRV&Co: “virada” demorada e peso da alavancagem fazem MRVE3 cair 7% após balanço

Crescimento da margem bruta foi compensado por despesas financeiras mais elevadas devido ao alto nível de alavancagem

Equipe InfoMoney

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As ações da MRV&Co (MRVE3) caíram cerca de 7% nesta quinta-feira, após divulgação na noite da véspera de resultado do terceiro trimestre, quando o grupo registrou prejuízo consolidado de R$ 12,7 milhões, impactado por efeitos de equity swaps e outras operações financeiras.


No segmento de incorporação, principal operação do grupo, apurou-se lucro de R$ 46,1 milhões no trimestre encerrado em setembro, após prejuízo no mesmo período do ano passado.

Os papéis da MRV&Co recuaram 7,07%, a R$ 6,44 cada, enquanto o índice de referência Ibovespa subiu 0,05%.

Para a XP, os números foram considerados mistos. A receita ficou 7% acima da projeção dos analistas, com a receita líquida da MRV Inc. aumentando 20% ano a ano. A margem bruta da MRV Inc. foi de 26,6% (+50 pontos-base ante o 2T24), um aumento mais suave do que o esperado, embora a margem de janeiro até setembro de 26,2% tenha permanecido dentro da faixa de orientação.

Além disso, a MRV Inc. registrou lucro líquido de R$ 76 milhões, estável trimestralmente devido a maiores despesas financeiras, enquanto a Resia registrou prejuízo líquido acima do esperado de R$ 52 milhões, mesmo com a venda de ativos. Isso resultou em lucro líquido consolidado de R$ 17 milhões, abaixo da projeção da XP de R$ 86 milhões.

“Apesar dos resultados mistos, acreditamos que a MRV provavelmente atenderá à maioria de suas métricas de orientação para 2024, embora ainda haja incerteza em relação à alavancagem, que depende de uma geração mais forte de FCF (fluxo de caixa livre) no quarto trimestre”, aponta a XP.

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A Genial vê a MRV apresentando resultados fracos, mas sem pioras do ponto de vista operacional. A receita segue em crescimento, acompanhando com certa defasagem (natural do setor) o crescimento das vendas. O maior ofensor segue sendo o nível de alavancagem da companhia, que resultou no consumo de cerca de 82% do Ebit (lucro antes de impostos e juros) da companhia apenas no resultado financeiro (ex-TRS).

A geração de caixa no trimestre foi positiva em R$ 178 milhões, mas quando desconsiderada a venda de recebíveis a figura ainda é de queima de caixa. A situação operacional da companhia segue melhorando, mas os impactos financeiros ainda são insuficientes para trazer conforto de uma desalavancagem suave.

“Nossa recomendação de compra para o papel se limita a investidores com uma capacidade de assumir riscos e prazos mais longos, dado que vemos as ações da companhia definitivamente baratas a 0,6 vez o P (preço)/BV (valor patrimonial)”, aponta.

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No entanto, os analistas ressaltam alguns riscos adicionais que os incomodam e vêm sendo adicionados à tese de turnaround, dentre eles: (i) recuperação ainda lenta, especialmente quando comparado à Tenda (TEND3), por exemplo e (ii) risco de aumento nos custos de produção de imóveis no sul dos EUA (onde a Resia atua) devido a uma possível mudança nas políticas de imigração do presidente-eleito Donald Trump.


Analistas do BTG Pactual disseram que a construtora divulgou resultados mais fracos no período, conforme esperado, com o crescimento da margem bruta sendo compensado por despesas financeiras mais elevadas devido ao alto nível de alavancagem.


“O ‘turnaround’ da MRV está demorando mais do que o esperado inicialmente, mas acreditamos que as margens brutas estão melhorando no programa MCMV (Minha Casa, Minha Vida). E, uma vez que os projetos da Resia forem vendidos, a alavancagem deve diminuir”, afirmaram os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio em relatório.

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A equipe do BTG manteve recomendação de “compra” para o papel, mas os analistas indicaram que planejam revisar seus números para a companhia.

(com Reuters)