MRV e JBS sobem mais de 4% e Souza Cruz lidera perdas; 12 ações foram destaque

Siderúrgicas ficam entre as maiores quedas do pregão, enquanto a Hering sobe forte após o Deutsche Bank destacar sua preferencia pela companhia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após bater seu menor patamar em maio, o Ibovespa voltou a subir nesta quarta-feira (28), com destaque para as imobiliárias, principalmente a MRV Engenharia, além dos bancos, que subiram mais de 2% após o adiamento do jugamento no STF previsto para hoje. Do lado negativo, Souza Cruz e siderúrgicas foram o destaque. Vale destacar que apenas 14 das 71 ações do índice fecharam em queda nesta sessão.

Liderando os ganhos do dia, as ações da MRV Engenharia (MRVE3) tiveram ganhos de 4,30%, a R$ 7,04, em meio à notícia de que a presidente Dilma Rousseff vai anunciar nos próximos dias a meta de contratar mais de 3 milhões de unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida” até 2018. A meta faz parte da 3ª etapa do programa. Segundo a XP Investimentos, as mais beneficiadas no setor são a MRV e Direcional (DIRR3, +3,75%, R$ 11,35).

Vale destacar também que nesta quarta-feira se encerra a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), onde analistas esperam que o Banco Central encerre o ciclo de altas da Selic, notícia positiva para o setor imobiliário, que deixa de ser prejudicado pelas elevações do juros, que prejudicam o crédito ao consumidor e, consequentemente, as vendas das companhias. Seguindo a MRV, as ações da Rossi (RSID3, R$ 1,62, +2,53%), PDG Realty (PDGR3, R$ 1,60, +2,56%) e da Gafisa (GFSA3, R$ 3,46, +1,47%) também subiram.

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JBS
Junto com a MRV, subiram forte as ações da JBS (JBSS3), que registraram valorização de 4,10%, a R$ 7,87, depois de terem caído 4,18% na véspera após o anúncio que sua controlada americana, Pilgrim’s Pride Corporation, fez uma proposta de aquisição de 100% das ações da Hillshire Brands. Conforme esperado no primeiro momento, a operação foi vista com reserva pelo mercado mesmo após a afirmação do diretor financeiro da Pilgrim’s de que a presente aquisição será uma transação exclusiva sem qualquer participação da controladora JBS, comenta a Planner Corretora.

A aquisição se traduzirá no aumento do endividamento da Pilgrim’s Pride e, consequentemente, da JBS, quando consolidado, que passará dos atuais 3,3 vezes (Dívida Líquida/Ebitda) para 4,1 vezes logo após a compra. No entanto, até o fim do ano, a holding espera reduzir essa alavancagem para 3,25 vezes e, no médio prazo, para 2,5 vezes, apontaram os analistas.

Souza Cruz
A Souza Cruz (CRUZ3) viu suas ações recuarem 3,02%, a R$ 23,12, depois que a OMS (Organização Mundial da Saúde) conclamou aos governos a aumentar os impostos sobre o tabaco com a argumentação de que tal medida pode salvar vidas e reforçar o orçamento público. Com isso, também eleva a pressão sobre a indústria global de cigarros que faturou US$ 390 bilhões em 2012. O Brasil é o segundo maior produtor de tabaco do mundo, atrás da China, e o maior exportador mundial, e transita na linha fina entre proteção da saúde e livre comércio.

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Segundo a XP, vale monitorar as ações da Souza Cruz, pois considerando as renúncias fiscais propostas recentemente – tornar permanente a desoneração na folha e voltar com o Reintegra – torna-se necessário para o governo a criação de uma nova fonte de receita ou um aumento dos atuais. De acordo com a corretora, após o rally recente de mais de 25% dos papéis da empresa, vale a pena cotar proteção na ação. Ontem, o papel CRUZ3 caiu 2,69%, fechando a R$ 23,84.

Hering
As ações da Cia Hering (HGTX3) subiram 3,12% nesta sessão, a R$ 22,17. O otimismo deve-se a um relatório do Deutsche Bank, que reiterou preferência pelas ações e recomendação de compra. Segundo comentaram os analistas, a visão é suportada por um valuation ainda atrativo, apesar de expectativa de menor produtividade de vendas para a nova franquia de lojas. Além disso, a companhia iniciou nos últimos dias a venda da coleção Hering For You, segmento que inclui fitness, moda íntima e praia, e movimentou mais de R$ 14 bilhões em 2012 no Brasil. Segundo os analistas da Ativa Corretora, a notícia é positiva para a companhia.

Siderúrgicas
As ações das siderúrgicas fecharam entre as maiores quedas desta sessão, pressionadas pela queda do preço do minério de ferro. Ontem, o preço da commodity caiu novamente e foi negociado a US$ 98,10 a tonelada, depois de ter subido 1,1% na segunda-feira. Foi a sétima sessão seguida da cotação abaixo de US$ 100 a tonelada. No setor, Usiminas (USIM5, -1,81%, R$ 8,16), CSN (CSNA3, -1,22%, R$ 8,89) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, -0,59%, R$ 16,75) também tiveram forte queda.

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A Gerdau (GGBR4) apareceu com leves perdas de 0,07%, a R$ 13,85, lembrando que ocorreu hoje o 2° dia do Gerdau Day. Analistas da Planner Corretora apontaram que os destaques ficaram com salto esperado das margens de lucro na operação da América do Norte e a possível redução nos investimentos deste ano.

Locamérica
As ações da Locamérica (LCAM3) deram continuidade aos fortes ganhos dos últimos dias. Nesta sessão, os papéis registraram valorização de 2,45%, a R$ 4,60, chegando a disparar 6,90 na máxima do dia. No mês, a alta já é de 58,62%. Em entrevista ao InfoMoney, o gerente de relações com investidores da empresa, Ronald Aitken, disse que as ações caíram de forma exagerada no passado recente e agora estão recuperando em meio aos números melhores que a empresa tem conseguido mostrar, impulsionados por novos contratos mais rentáveis.  

Ex-OGX
Fora do Ibovespa, as ações da Óleo e Gás Participações (OGXP3), ex-OGX, voltam a disparar. Os papéis fecharam estáveis a R$ 0,19, após chegarem a subir 10,53% na máxima do dia. Na véspera, as ações da petroleira chegaram a saltar 41,18% no intraday, mas amenizaram e fecharam com ganhos de 11,76%, a R$ 0,19.

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Segundo um operador que pediu para não ser identificado, a única boa notícia para a empresa é a possibilidade de que o seu controlador, Eike Batista, injete US$ 1 bilhão (a chamada “put option”) na empresa, citando o novo plano de recuperação judicial da empresa divulgado neste final de semana. Entretanto, isso só seria válido no caso do empresário ainda ter recursos para arcar com a responsabilidade, lembrando que ele conquistou o posto de pessoa que mais perdeu dinheiro em 2013. A perda superou US$ 12 bilhões, segundo dados da Bloomberg. 

No mais, as questões centrais seguem as mesmas, comentou a fonte. Se o plano for implementado em sua totalidade, os credores da empresa deterão 90% do capital da empresa reestruturada e a participação dos atuais acionistas será reduzida para 10% do capital da empresa em sua base diluída. Resta agora esperar a assembleia de credores, que está marcada para 3 de junho, e ver se eles irão aprovar o plano, disse.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.