Minas Gerais anuncia que definiu termos financeiros para acordo por Brumadinho com a Vale e marca audiência para 5ª

Analistas traçaram cenários para o acordo após notícias no início da semana de que o valor poderia ser de R$ 37 bilhões

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio a muitos rumores durante a semana, a Vale (VALE3) e o estado de Minas Gerais estão finalmente próximos de anunciar um acordo de reparação em decorrência da tragédia de Brumadinho, depois de mais de dois anos.

Em nota, o governo de Minas Gerais, o Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública de Minas Gerais informaram que foi possível definir, em tratativas realizadas nas últimas horas, os termos financeiros para as medidas de reparação aos danos socioeconômicos e socioambientais causados pelo rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho.

“As Medidas de Reparação tratam dos danos coletivos à sociedade e ao Estado, sem interferir em ações sobre indenizações e danos individuais, assim como em ações criminais. Já a reparação socioambiental integral não possui teto financeiro”, apontou o comunicado.

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Foi marcada audiência para a próxima quinta-feira (4) para entendimentos finais e possível assinatura do termo de reparação, com investimentos e ações com foco nas regiões atingidas e sua população.

Ontem à noite, Jarbas Soares Júnior, procurador-geral de Justiça do estado, havia afirmado que a assinatura ocorreria na próxima quinta. Soares é uma das partes que assinará o acordo.

Na última sexta-feira (29), a empresa apresentou nova proposta, que possibilitou a retomada e evolução das negociações. Nesta semana, o jornal mineiro “O Tempo” havia informado que a Vale e o governo tinham fechado o acordo em R$ 37 bilhões, citando uma fonte relacionada ao governo e ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

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Segundo a fonte ouvida pelo jornal, R$ 5 bilhões serão usados para a construção de 100 quilômetros de vias que ligam as BRs 040 e 381 e outros R$ 9,5 bilhões vão ser destinados aos atingidos e geridos pelo Ministério Público do Estado. Outros R$ 3,5 bilhões vão para os municípios da Bacia do Paraopeba. No mesmo dia, o governo mineiro divulgou comunicado nesta informando que não procedia a informação de que as instituições que representam o poder público haviam finalizado as negociações com a Vale para reparação dos danos socioeconômicos gerados pelo rompimento de barragem.

Inicialmente, o governo de Minas havia pedido R$ 54 bilhões pela reparação.

Conforme destaca o Morgan Stanley, baseado no artigo do jornal e no tuíte do procurador mineiro, o banco aponta acreditar que as partes estão bem próximas de fechar um acordo – que será favorável para as ações da Vale e que pode resultar numa mudança de patamar para a ação (ainda descontado em relação aos seus pares como BHP e Rio Tinto).

“Acreditamos que faria sentido que as partes chegassem a um acordo final e abrangente que encerrasse as disputas judiciais de Brumadinho. Em nosso modelo, incluímos um acordo adicional de US$ 4 bilhões (acima e além das provisões já tomadas) para um possível acordo ainda nesse trimestre. No entanto,  acreditamos que a Vale poderia lidar com uma provisão incremental entre US$ 5 e US$ 6 bilhões sem nenhum grande impacto em nossa avaliação. Os ganhos inesperados com os preços elevados do minério de ferro compensariam a maior parte desse custo extra, em nossa opinião”, avaliam os analistas do banco. Confira mais sobre as projeções do Morgan clicando aqui. 

Os analistas da XP avaliam que, caso o acordo saia entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, será positivo para a mineradora. Os analistas mantêm a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 122 por ação.

Na mesma linha, o Credit Suisse apontou que, se um acordo de R$ 37 bilhões fosse fechado, isso poderia levar a R$ 26 bilhões em provisões adicionais, segundo projeção feita pelos analistas do banco. “De toda forma, poderia ser visto como positivo em função de que, nos preços de tela da Vale, há um valor implícito muito maior do que este”, avaliam.

Cabe ressaltar que, na última terça-feira, o banco suíço elevou o preço-alvo para os papéis da mineradora negociados na bolsa de Nova York de US$ 23,50 para US$ 26, mantendo recomendação equivalente à compra.

Os analistas do Credit destacam ver a ação da Vale com um valor bem descontado, apontando que a empresa possui um forte rendimento de fluxo de caixa e sua política deve trazer bons dividendos, com um dividend yield (relação entre o valor dos dividendos e o preço da ação) de 10%.

Os mercados de minério de ferro começaram o ano em alta, com os preços do minério chegando a US$ 170 – US$ 180 a tonelada, mas houve uma queda recente para o patamar de US$ 150, o que também afetou os ativos da companhia, em queda de cerca de 13% nos últimos 18 pregões até a véspera. Nesta sessão, os papéis sobem 2,5%.

O noticiário é movimentado para a companhia, que divulgará o relatório de produção nesta quarta-feira. O relatório é bastante esperado, uma vez que uma produção mais forte do que as previsões no quarto trimestre ou um aumento nas projeções de 2021 da Vale poderia afetar os preços do minério de ferro, que recuaram com a pressão da China para controlar a produção de aço em meio a margens em queda e aumento nos estoques portuários (veja mais clicando aqui).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.