Mesmo após resultado recorde, Fibria e analistas divergem sobre pressão da China

Citi e Haitong se mostraram preocupados sobre impacto de vendas menores para China, mas companhia diz que 2016 será otimista para a celulose

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Em números, a melhor ação do Ibovespa em 2015 mostrou um ótimo desempenho, com Ebitda recorde e revertendo prejuízo em lucro. Porém, para os analistas, a Fibria (FIBR3) não empolgou, e alguns pontos do balanço preocuparam, principalmente relacionados ao mercado chinês, fato que tem pressionado a empresa neste início de ano, com as ações caindo 17% no acumulado de 2016.

Para a equipe de análise do Citi, a visão sobre o balanço é negativa, com o Ebitda, apesar de recorde, ficando 5% abaixo do consenso e 12% abaixo do que eles esperavam. Segundo os analistas, os números piores que o esperado podem ser explicados por menores vendas de celulose para a Ásia (-6%), que é atribuído a um impasse de preços entre a Fibria e os seus clientes chineses.

O tema, inclusive, foi o principal ponto abordado durante a teleconferência da empresa na manhã desta quinta-feira (28). De acordo com os diretores, não há com o que se preocupar com essas mudanças, sendo que a visão é de um bom cenário para 2016 e uma boa demanda para a celulose neste ano. “A gente não acredita que a redução de volume (de celulose vendida) na China seja sustentável”, afirmou o diretor comercial e de logística internacional da Fibria, Henri Philippe van Keer.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Por outro lado, a equipe da Haitong destaca que “o principal ponto de preocupação é que, apesar da redução das vendas para a Ásia e o aumento para a América do Norte, com este último a pagar preços mais elevados do que o antigo, o desconto aos preços médios europeus tem aumentado, o que implica um desconto relativo ainda maior”.

Sem aceitar as vendas a menores preços, a Fibria aumentou o direcionamento de volumes de produção para a Europa e Estados Unidos. “Os descontos (na Europa e Estados Unidos) são maiores, mas são menos do que se a gente tivesse vendido mais para a Ásia”, afirmou van Keer.

Bons números, mas piores que o esperado
A Fibria reportou uma receita recorde no ano de R$ 10,08 bilhões, uma alta de 42% ante os R$ 7,08 de 2014. Considerando apenas os três últimos meses, a receita bateu R$ 2,98 bilhões, um aumento de 49% contra o mesmo período do ano anterior.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, a companhia de celulose conseguiu reverter o prejuízo de R$ 128 mil do quarto trimestre de 2014 em um lucro de R$ 910 mil no fim do ano passado. No ano, o lucro atingiu R$ 357 mil, uma alta de 119%. Segundo a empresa, este valor “será majoritariamente destinado para pagamento de dividendos”.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) ajustado também atingiu um recorde para o período de 12 meses, atingindo R$ 5,3 bilhões, representando um crescimento de 91% do montante registrado em 2014. No quarto trimestre, o Ebitda ajustado foi de R$ 1,6 bilhão.

A robusta evolução de 351% na geração de fluxo de caixa livre em 2015 também foi outro destaque nos resultados da companhia ao registrar o recorde de R$ 2,9 bilhões, sem considerar os pagamentos de dividendos, o investimento no projeto Horizonte 2, e a compra de terras realizada no final do ano. Desse total, R$ 866 milhões foram gerados no último trimestre do ano.

Continua depois da publicidade

“O ano de 2015 marca uma nova fase da nossa história, com decisões estratégicas importantes rumo a um novo patamar de competitividade e aumento de capacidade operacional. Com o projeto Horizonte 2, que segue dentro do cronograma, iremos ampliar nossa posição de liderança global no setor de celulose”, disse o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.