Mercado começa a desconfiar da Opep; veja o que esperar do petróleo e da Petrobras

Analistas estimam que ao longo de 2017 os países da Opep demonstrarão que não cortarão a produção, e os preços do petróleo devem voltar a cair

Mário Braga

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SÃO PAULO – A história é cruel com quem aposta nos resultados dos acordos da Opep (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo). O motivo é simples: os países do cartel do petróleo tem uma séria propensão a não cumprir o que assinaram – e quando os mercados se dão conta disso, os reflexos nos ativos ligados ao petróleo são devastadores. Será que este é o cenário que está por vir?

As crenças de que pacto para corte da produção de petróleo anunciado pela Opep em 30 novembro de 2016 era pra valer levaram a uma disparada nos preços da commodity. O barril tipo WTI saiu de US$ 46,13 na véspera do anúncio para o pico de US$ 53,99 em 6 de janeiro, uma alta de 17%.

Conforme o portal norte-americano CNBC destaca, nesta semana, porém, as cotações já começaram a recuar em meio a sinais de que, mais uma vez, o acordo pode não durar muito. Em direção contrária à redução na produção combinada com seus pares, na segunda-feira (9), o Iraque reportou embarques recordes nos portos de Basra, no sul do país. Nesta terça-feira, o barril WTI é negociado nesta terça-feira (10) a US$ 51,38, um recuo de quase 5% ante a máxima da última sexta-feira (6). 

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“A parte triste é que a história sugere que (os países da Opep) tendem a não cumprir este tipo de acordo… eu digo, é provavelmente do interesse deles também, mas investidores podem ficar bastante desapontados”, alertou o diretor de pesquisa da ETF Securities, James Butterfill, em entrevista por telefone à CNBC nesta terça-feira.

Para o diretor de pesquisa de commodities energéticas do Barclays, Michal Cohen, é de se esperar de 80% a 90% de aderência dos países membros e não-membros da Opep ao corte proposto em novembro até o segundo trimestre de 2017. “Depois, a questão, é claro é se essa tendência se mantém no segundo semestre”, pondera.

Segundo ele, à medida que os países notarem uma elevação nas cotações do petróleo ao longo da primeira metade do ano, é proável que voltem a produzir mais novamente. “É por isso que estimamos cotações mais elevadas no início do ano e preços mais baixo no fim do ano”, revelou.

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Petrobras
No mercado brasileiro, as ações da Petrobras são claramente os ativos mais diretamente afetados pelas cotações do petróleo. Nos dias seguintes ao anúncio da Opep, no fim de novembro, os papéis ordinários chegaram a registrar alta de 11,6% e os preferenciais, de 8,2%. No pregão desta terça-feira (10), os ganhos acumulados já haviam desacelerado para 6,1% e 5,7%, respectivamente.