Mau humor na Faria Lima faz recomendação para B3 ser elevada por banco; ação sobe

Momento pessimista se apresenta como ponto de entrada para ações da operadora da bolsa brasileira

Camille Bocanegra

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Com curvas de juros ampliadas no exterior e aqui e Ibovespa com queda de 3,4% no ano até agora, o clima de mau humor segue na Faria Lima. As más notícias, no entanto, podem significar oportunidade para papéis da B3 (B3SA3), de acordo com o Itaú BBA. O banco elevou a recomendação para o nome de neutro para Outperform (performance superior, similar à compra), com preço alvo de R$ 15,00. A top pick do banco, no entanto, segue sendo o BTG Pactual (BPAC11).

“Estamos retratando esta melhoria mais como uma chamada de negociação sobre avaliação, com um toque de esperança de que os lucros (e revisões) já tenham passado pelo pior”, afirma a análise.

As ações da companhia chegaram a alta de 1%, mas desaceleram os ganhos e subiram cerca de 0,75%, a R$ 12,05 na sessão de sexta-feira. No ano, o papel perde mais de 16%, embora apresente alta de 14,32% nos últimos 12 meses.

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Em relatório recente, o BBA destacou que o momento pessimista se apresenta justamente como ponto de entrada nesse caso. Por isso, a elevação de recomendação baseia-se na assimetria recente da avaliação dos papéis da B3. As indicações sobre o primeiro trimestre de 2024 também apontam tendência positiva em relação ao último período de 2023, graças a melhores margens.

Ações da B3 (B3SA3) elevadas

O BBA estima que o valor justo para o papel é R$ 15,00 por ação, o que significaria um aumento de 25% a 18 vezes o preço sobre lucro (P/E, na sigla em inglês) para o fim de 2024 e 16 vezes o P/E para fim de 2025. Hoje, a operadora da bolsa brasileira negocia a 13 vezes o P/E futuro, o que torna-se 30% abaixo da média histórica. Nesses termos, a companhia negocia com desconto de 40% em relação aos pares globais, muito próximo do desconto máximo histórico de 44%.

As tendências comerciais fracas e ambiente de taxas locais e globais mais elevadas tornam o panorama mais pressionado para nomes do segmento.

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“Não é surpresa que investidores estrangeiros tenham retirado R$ 23 bilhões do mercado de ações local este ano. Os volumes diários médios negociados (ADTV) da B3 estão em baixa de 6% no acumulado do ano. Os fundos de hedge locais e os fundos de ações ainda estão sofrendo resgates, embora em um ritmo mais lento. Não é nosso papel fazer uma previsão sobre esses aspectos, mas parece que estamos nos aproximando do extremo pessimista nas várias variáveis que influenciam os múltiplos de avaliação da B3”, considera a análise.

O movimento de elevação de recomendação, nesse contexto, ainda tem pitada de cautela, motivada pela junção de crescimento mais fraco de receita com pressão de custos. Contudo, a disciplina de avaliação e a esperança para lucros no futuro baseiam a elevação de recomendação. As estimativas para o nome são 11% menores para fim de 2024, com projeção de lucro líquido recorrente em R$ 4,6 bilhões (crescimento de 1% na comparação anual). A expectativa do BBA é que os números tenham atingido seu ponto mais baixo no quarto trimestre e caminhem para recuperação ao longo de 2024.

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