Master Trader: especialistas contam os maiores erros que cometeram na Bolsa

Pablo Spyer, Bea Aguillar, Charlles Nader, Cláudio José Paes Alves e Roberto Indech contaram suas “top ursadas” em evento da Clear Corretora

Felipe Alves

Pablo Spyer, Bea Aguillar, Charlles Nader, Cláudio José Paes Alves e Roberto Indech

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Quem nunca cometeu um erro no mercado financeiro que atire a primeira pedra. De investimentos desastrosos a alavancagens que não deram certo, quatro especialistas do mercado financeiro compartilharam no evento Master Trader, realizado pela Clear Corretora nesta segunda-feira (6), quais foram as maiores “ursadas” que cometeram em suas trajetórias na Bolsa de valores.

Em um clima descontraído, o apresentador do evento, o humorista e influenciador Rafael Cortez, instigou Pablo Spyer, Charlles Nader, Cláudio José Paes Alves e Roberto Indech a contarem seus grandes “vacilos”.

Cláudio José Paes Alves, o Claudinho, operador da Clear, viu de perto três grandes crises na Bolsa: a de 1989 (caso do especulador Naji Nahas), a de 2008 (subprime) e a de 2020 (coronavírus).

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“A grande lambança nesses momentos é apostar contra a tendência do que está acontecendo. O mercado está caindo por causa da crise e você pensa que já caiu muito”, diz. O erro é comprar nesses momentos para tentar fazer o “famoso preço médio”. “Você vai tomando na cabeça até que acaba não resistindo.”

Para Roberto Indech, estrategista chefe da Clear, a maior “ursada” que o investidor pode cometer na Bolsa é agir como se estivesse em um cassino e fazer apostas em ativos. Ele conta sua própria “ursada” às vésperas da eleição presidencial em 2014 para mostrar o exemplo do que não fazer.

“Eu fui fazer apostar no mercado de opções entre Dilma [Rousseff] e Aécio [Neves]. Resolvi comprar opções de empresas acreditando que o Aécio poderia ser o vencedor. Perdi tudo, por que opções têm prazos e você corre o risco de perder tudo”, explica.

Indech faz um paralelo com 2022, outro ano de eleição presidencial. “É importante dar essa sugestão para o investidor não fazer a mesma coisa – ou fazer com o mínimo de dinheiro. Precisa ver se opções realmente serão interessantes e ter alguma proteção para não perder todo o dinheiro como aconteceu comigo em 2014”, diz, sugerindo que o investidor que queira operar com opções não use mais do que 1% do seu patrimônio.

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Master Trader
Charlles Nader, Pablo Spyer, Bea Aguillar, Cláudio José Paes Alves, Roberto Indech e Rafael Cortez

A importância de planejar

Charlles Nader, analista técnico sênior da Clear, recomenda que as operações de altíssimo risco na Bolsa sejam feitas com a “gordura” que o investidor ganhou a partir de outros investimentos.

O pior erro do investidor, segundo ele, é sentar no computador para operar e não ter um planejamento financeiro prévio. É neste momento que entra a ganância – outro pecado mortal do trader.

Uma “ursada” de Nader o fez perder R$ 3,7 mil em poucos minutos. No início de uma manhã, ele aplicou R$ 690 (não disse em que ativo) com o objetivo de ganhar R$ 150 naquele dia, mas logo nos primeiros minutos faturou R$ 190. Ele segurou o ganho o dia inteiro, mas, às 16h40, a ganância falou mais alto e ele resolveu tentar lucrar mais. Resultado? Às 17h05, estava com R$ 2 mil negativos. Quinze minutos depois veio outra queda. O saldo foi de um prejuízo de R$ 3,7 mil.

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“As pessoas querem colocar uma grana agora no mercado e já ganhar para o Natal. E acabam comprometendo um dinheiro que não poderiam. É importante você pontuar todas as suas ‘ursadas’, o que você fez de errado, pois quando você entende elas você as usa a seu favor”, ensina Nader.

De tornado a final feliz

A história de Bea Aguillar, analista de investimentos e influencer da Clear, teve direito a tornado, mas final feliz.

Ela estava em casa operando quando sua cidade foi atingida por um tornado. Como resultado, ficou sem luz e internet. Para piorar, ela estava posicionada em alguns ativos e não tinha como se desfazer deles.

Desesperada, Bea embarcou no carro e foi até a empresa do noivo. Enquanto dirigia, suava frio, pensando se chegaria a tempo para zerar a operação. “No fim deu gain, mas no coração deu loss. Foram uns cabelinhos brancos que eu ganhei”, brinca ela.

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Para Pablo Spyer, CEO da Vai Tourinho e sócio da XP Inc., a maior burrada de um investidor é estar posicionado além do que deveria estar.

“Você tem que tomar muito cuidado para não operar acima do seu limite. Acima do que você tem força e caixa para operar”, explica.

Sua “ursada” aconteceu em 2008, em meio à crise imobiliária, quando tinha 14 anos de mercado. “Fiz a termo, me alavanquei, o negócio começou a cair e eu não podia vender porque não tinha liquidado o termo. Esse foi um trauma meu. Me alavanquei num termo, caiu muito, no dia seguinte estava todo arrebentado, tinha D+2 para poder vender. Era um papel ilíquido. Errei na operação e isso tudo culminou num prejuízo muito grande para mim”, lembra.

As operações a termo são uma forma de comprar ações a prazo em que o investidor se torna dono do ativo imediatamente, mas o pagamento é feito só no futuro.

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A lição que ele tirou é não investir naquilo que não conhece, não ter ganância e achar que vai ter ganhos rápidos de maneira simples.

Dicas dos especialistas

No final do painel, os especialistas deram dicas para os investidores evitarem cair nas mesmas ciladas que eles.
Claudinho Alves lembrou que muitos investidores mais novos enxergam papéis baratos e compram pelo preço sem saber direito o que adquiriram. “É preciso saber o que está comprando”, destaca.

O mercado de renda variável é para longo prazo, diz Claudinho.

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“A bolsa sempre sai fortalecida das crises. Se tiver paciência e estômago, você consegue recuperar seus investimentos em ações. Tenha paciência. Quem quer resultados rápidos que coloque em stop loss”, aconselha.

A bolsa de valores é uma oportunidade de ganhar dinheiro e rentabilizar o capital, segundo Charlles Nader. Mas ele lembra que leva tempo para aprender.

“Nossa parcela de ansiedade atrapalha isso. Todo mundo quer ganhar dinheiro muito rápido. Tem que ter planejamento de longo prazo, ter tempo de maturação e aprender a rentabilizar seu dinheiro”, afirma.

Por fim, Roberto Indech projeta que 2022 será um ano de grande volatilidade por questões econômicas e políticas. Assim, ele recomenda que o investidor vá com calma e tenha cautela extra, principalmente os principiantes.

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