Marisa reduz prejuízo no 3º trimestre com expansão de vendas após reposicionamento

Varejista registra redução de prejuízo no terceiro trimestre, impulsionada por forte crescimento nas vendas e reposicionamento estratégico

Reuters

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A Marisa (AMAR3) reportou nesta terça-feira (12) um prejuízo líquido de R$ 71,2 milhões para o terceiro trimestre, menor do que a perda de R$ 196,4 milhões no mesmo período do ano anterior. O resultado foi marcado por um forte crescimento nas vendas, impulsionado pelo reposicionamento do negócio e pela recomposição de estoques.

A receita líquida saltou 54,8%, alcançando R$ 349,8 milhões, e o volume de peças vendidas cresceu 63%, totalizando 10,462 milhões de unidades. A receita bruta em vendas nas mesmas lojas avançou 42,8%, e a margem bruta subiu de 42,2% para 46,5%. O preço médio, seguindo o realinhamento voltado para mulheres da classe C, caiu 16%.

O desempenho do terceiro trimestre representa uma virada na receita líquida, que havia caído 48,4% no primeiro trimestre e 34% no segundo trimestre na comparação ano a ano.

“O resultado reflete a estratégia comercial adequada, juntamente com uma disciplina financeira muito forte”, afirmou à Reuters o presidente-executivo da companhia, Edson Garcia, que assumiu como CEO em março para reposicionar estrategicamente a Marisa após o “equívoco” da empresa de tentar mirar na classe B.

“Nossa expectativa é que no quarto trimestre já tenhamos um resultado positivo”, afirmou Garcia, atrelando o desempenho principalmente ao resultado das vendas em dezembro. “Estamos trabalhando arduamente para isso.”

De acordo com o executivo, a Marisa está preparada para o último trimestre do ano, o mais aquecido do varejo, com eventos como a Black Friday e o Natal ainda por vir. “Conseguimos estar mais afinados para ter um quarto trimestre com um planejamento mais bem feito. Os níveis de estoque já estão adequados”, afirmou Garcia, citando que outubro, marcado pelo Dia das Crianças, já foi um bom mês para a companhia.

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Reposicionamento

A Marisa adotou, nos últimos meses, um novo modelo de previsão de demanda e abastecimento, o que permitiu um desenho mais adequado na estratégia de reposicionamento e construção das coleções, resultando em maior aceitação pelos clientes, com maior velocidade nas vendas e margens.

A empresa, segundo o executivo, também entendeu que, embora seu principal público seja o feminino, os segmentos masculino e infantil eram muito pouco explorados. Com isso, começou a acelerar essa aposta, com os primeiros resultados mostrando números positivos.

“A Marisa é uma marca onde a mulher é a protagonista, mas é uma marca para a família. Então, podemos explorar muito mais isso (…) Há alavancas importantes de crescimento com infantil, masculino e acessórios que estamos explorando mais e que não eram tão exploradas no passado”, afirmou Garcia.

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O nível de estoque saltou para 17,5 milhões de peças, comparado a 7,9 milhões um ano antes e 10,4 milhões no segundo trimestre de 2024, refletindo o trabalho da empresa de recomposição conforme planejado, com sortimento adequado e melhor giro.

A melhora nos estoques teve apoio no aporte de R$ 623 milhões por meio de aumento de capital privado homologado no trimestre, com a emissão de cerca de 444,9 milhões de ações a R$ 1,40 cada, que contou com uma participação relevante dos acionistas controladores da varejista, a família Goldfarb.

Renegociações

O desempenho operacional, medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), totalizou R$ 35,1 milhões, com margem de 10%, revertendo resultado negativo de R$ 55,9 milhões no mesmo período de 2023, quando a margem era de -24,7%.

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O balanço também mostrou uma queda de 15,6% nas despesas com vendas, gerais e administrativas, totalizando R$ 127,7 milhões, ou 36,5% da receita, em comparação a 66,9% um ano antes.

“Trabalharemos fortemente para melhorar ainda mais nossas receitas e renegociar todos os contratos, buscando um SG&A ainda mais eficiente do que já conseguimos”, afirmou a companhia, citando que essa linha do balanço ainda está acima do patamar que a empresa considera adequado.

Outra mudança destacada pelo CEO foi o reposicionamento da comunicação, com a repaginação das lojas, que agora têm uma frente mais agressiva em termos de preço, ofertas na vitrine e uma proposta que se comunica mais com o público-alvo da companhia.

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A empresa também busca aumentar a base de cartões Marisa, onde tem um ticket médio maior, além de uma maior frequência de compras dos clientes da rede. No final do terceiro trimestre, a base ativa somava 823,4 mil, em comparação a 614,7 mil no segundo trimestre.

Concluída a operação de aumento de capital e a quitação de determinadas dívidas em julho, o endividamento bancário bruto da companhia somava R$ 135 milhões, em comparação a R$ 138,5 milhões no final de junho. A dívida líquida somou R$ 83,7 milhões, em comparação a R$ 41,1 milhões no segundo trimestre.

A Marisa, que encerrou setembro com uma rede de 235 lojas, visa crescer nas vendas digitais, mas continua dando maior relevância às unidades físicas. Segundo o CEO, a empresa quer começar a olhar para a expansão a partir de 2026. “Mas é um tema muito novo ainda; vamos passar por 2025 para poder olhar para a frente.”