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Mais empresas brasileiras estão fazendo IPO nos EUA, mas número ainda é baixo, destaca executivo da Nasdaq

Bob McCooey apontou ainda, durante evento na Expert XP 2021, os motivos para as empresas abrirem capital no exterior e setores que se destacam

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Até o começo de agosto de 2021, segundo dados da Bloomberg, o volume de ofertas públicas iniciais de ações (IPO, em inglês) de empresas brasileiras aumentou mais de 400% neste ano até o começo de agosto na comparação com igual de 2020, com as companhias levantando R$ 57 bilhões. A contagem em 2021 supera o recorde anterior, de 2007, de de R$ 53,6 bilhões em 2007, quando 60 empresas abriram o capital.

Porém, os recordes de abertura de capital de empresas brasileiras não foram contabilizados somente na B3: o ano também conta com muitas empresas brasileiras fazendo IPOs nos Estados Unidos. Neste ano, Zenvia, Vtex, Pátria e Vinci abriram capital na Nasdaq, com expectativa de que mais companhias façam sua estreia na Bolsa americana até dezembro.

Para falar sobre os motivos para as empresas escolherem abrir capital nos EUA ou no Brasil e as perspectivas para o mercado, além das semelhanças e diferenças do mercado, a 11ª edição da Expert XP realizou painel nesta quarta-feira (25) com Bob McCooey, chefe global de mercados de capitais da Nasdaq, e Vitor Saraiva, head de equity capital markets da XP, contando também com a mediação de Jennie Li, estrategista de ações da XP.

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McCooey destacou ser um movimento bastante representativo diversas empresas brasileiras estarem abrindo capital no mercado americano. Contudo, ainda é um número incipiente quando comparado às empresas que fazem IPO localmente.

Entre os setores da economia brasileira que estão abrindo capital na Nasdaq nos últimos anos, o executivo da Nasdaq ressalta que fintechs e as chamadas “edtechs”, ou empresas de tecnologia educacional, como Vitru, Afya e Arco, têm se destacado, também levando em conta o “DNA” da Bolsa, mais voltado para a tecnologia.

Em termos gerais, o chefe global de mercados de capitais da Bolsa americana aponta que tem visto um crescimento no número de IPOs na Nasdaq, ressaltando também o recente boom no segmento de empresas de “health tech”, ou tecnologia da saúde.

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McCooey apontou acreditar piamente que a maioria das empresas pertence ao seu mercado local e que “isso é válido para grande parte dos mercados”. Contudo, cita que uma estratégia para as companhias decidirem procurar abrir capital no exterior é expandir os horizontes fora do seu país como, por exemplo, uma empresa nacional que gostaria de ampliar a sua participação em outros países da América Latina. Além disso, algumas companhias também escolhem abrir capital no exterior de forma a ter mais acesso a capital fora do mercado local (especialmente nos EUA) e para terem uma visibilidade maior.

Se algumas “techs” brasileiras buscam abrir capital na Nasdaq, Saraiva, da XP, avalia que o mercado local tem espaço para qualquer setor, que ainda hoje é muito concentrado em commodities e instituições financeiras.

Contudo, ressalta que o que tem se observado é a tendência por empresas do setor de agronegócio para abrirem capital na Bolsa brasileira. Atualmente, ele avalia, o setor é muito relevante para a economia, mas ainda muito incipiente na Bolsa, contando com poucas empresas. Assim, ainda há um caminho longo a percorrer.

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“Há empresas muito boas que podem e vão acessar o mercado”, destaca Saraiva, também citando empresas de tecnologia e saúde com potencial para acessar o mercado de capitais.

Esse movimento de maior desenvolvimento do mercado de capitais convergiu com o contexto recente de menores taxas de juros, que levou investidores locais a buscarem outros ativos além da renda fixa. Ainda que a Selic, taxa básica de juros, tenha subido recentemente, ela está abaixo dos patamares de dois dígitos observados em 2017.

Mas, além do cenário macroeconômico mais favorável e da evolução do mercado de capitais, o executivo da Nasdaq avalia que a demanda por IPOs – tanto no Brasil quanto no exterior – também leva em conta o esforço de empreendedores de capital de risco.

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“Os investidores de venture capital tanto locais quanto globais têm feito um trabalho incrível no Brasil. Eles vêm preparando as empresas tanto para rodadas de captação quanto para uma futura oferta de ações”, disse. Para McCooey, a onda de empreendedorismo está apenas começando a se formar: “Às vezes os americanos acreditam que o empreendedorismo é uma invenção nossa. Mas não é, está por todo o lugar no mundo, vemos empresas incríveis abrindo capital nos EUA vindas de Israel, da China e do Brasil”.

Maior representatividade 

O executivo também falou sobre o aval dado pela Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, para que  a Nasdaq adote como exigência que a maioria das empresas listadas tenha ao menos dois membros diversos em seus conselhos de administração, sendo uma mulher e um membro LGBTQ+ ou de outra minoria sub-representada.

McCooey destacou que as companhias vão ter um prazo para adequação (válida a partir da aprovação pela SEC). A publicação de informações sobre diversidade do conselho deve ser feita já no próximo ano, enquanto as demais regras precisam ser cumpridas em um período de 2 anos para a inclusão de uma mulher no Conselho e mais 2 anos para a inclusão de uma minoria sub-representada. “Haverá tempo para as empresas encontrarem as pessoas certas”, destacou.

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O executivo ressalta as evidências estatísticas de que, quanto maior a diversificação nas empresas, melhor o desempenho e afirmou que está empolgado com a aprovação feita pela SEC. “A gente achou que seria nossa responsabilidade passar a ter mais inclusão e diversidade nesse sentido. (…) A gente sentiu que é uma área importante para nós e que deveria assumir papel de liderança”, aponta.

Cabe ressaltar que, caso não atinjam o mínimo de diversidade, as empresas terão que explicar os motivos em documentos públicos. A bolsa irá verificar se as explicações foram tornadas públicas, mas não serão avaliados os méritos das justificativas.

No Brasil, a avaliação geral é de que o país está bem mais atrasado com relação a isso. Contudo, Saraiva ressalta que mais investidores locais estão mais preocupados com o tema e que é necessário que esse assunto venha à tona.

“Não temos nada específico, nenhuma métrica que obrigue as empresas a fazerem isso, mas o mercado vai se regulando por si só, traz premiações para transparência e também para essas iniciativas”, destaca.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.