M. Dias Branco (MDIA3) surpreende com Ebitda muito acima do esperado e ação dispara mais de 20%

Companhia teve impressionante recuperação de margens após a acomodação dos preços das commodities e, portanto, alívio nas pressões de custo

Lara Rizério

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Já era esperado que a fabricante de massas e biscoitos M. Dias Branco (MDIA3) registrasse recuperação no segundo trimestre de 2022, mas os números foram ainda melhores do que as projeções do mercado. Com isso, às 10h11 (horário de Brasília), os ativos MDIA3 saltavam 11,38%, a R$ 36,40; a alta foi se fortalecendo, com o ativo MDIA3 fechando com salto de 24,42%, a R$ 40,66.

Gustavo Theodozio, CFO da M. Dias Branco, e Fabio Cefaly, DRI da empresa, comentaram o balanço da companhia e falaram sobre perspectivas para a empresa no Por Dentro dos Resultados, nesta segunda-feira, durante a tarde. Confira a agenda completa do PDR (acompanhe assistindo ao vídeo acima).

A companhia registrou lucro líquido de R$ 233,5 milhões no segundo trimestre de 2022 (2T22), cifra 64,1% maior do que a reportada na mesma etapa de 2021, enquanto o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 357,1 milhões no 2T22, um crescimento de 113,6% em relação ao 2T21. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita) atingiu 14,3% entre abril e junho, alta de 5,8 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 2T21.

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A XP aponta que a M. Dias Branco apresentou fortes resultados no 2T22, reportando uma impressionante recuperação de margens após a acomodação dos preços das commodities e, portanto, alívio nas pressões de custo, o que se traduziu em um Ebitda bem acima das estimativas da casa.

“Nossa análise de regressão nos fez entender que a empresa consegue arbitrar preços em períodos de queda de preços de commodities, representando, portanto, uma dinâmica de positiva para as margens”, aponta a XP.

Os volumes caíram 7% na base anual devido à estratégia da empresa de repasse de preços e ficaram 5% abaixo das estimativas da casa. “No entanto, esperávamos aumentos de preços maiores e, portanto, a receita líquida ficou em R$ 2,4 bilhões (+26% na base anual e apenas 1% acima de nossas estimativas)”, apontam os analistas.

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Já o alívio nas pressões de custo foi maior do que as suas estimativas em geral, sendo a maior disparidade em Mão de Obra (-21% abaixo do esperado pelos analistas) e trigo (-10% versus o esperado pelos analistas). Como resultado, a margem bruta ficou em 34,3%, 7,6 pontos percentuais acima da projeção da XP.

As despesas gerais e administrativas ficaram em linha com as suas estimativas, mas devido ao já mencionado desvio na margem bruta, a maior diluição das despesas fez com que o Ebitda ficasse muito acima das suas estimativas, em R$ 357 milhões, superando a projeção em 88%.

Também na avaliação do BBI, a M. Dias anunciou resultados do 2T22 substancialmente acima do consenso, com o Ebitda 70% acima do consenso de mercado, com preços de produtos acima do esperado e despesas gerais e administrativas abaixo das projeções, conforme a gestão busca maiores eficiências.

Os analistas do BBI destacaram esperar uma reação positiva das ações, apesar dos ativos já terem superado o desempenho
do IBOV em cerca de 20 pontos percentuais no ​​acumulado do ano.

“Mesmo com nossa margem Ebitda conservadora de 15% para 2023, abaixo da média histórica de 16 a 17% e a margem Ebitda ajustada de 15,4% registrada no 2T22, vemos MDIA3 sendo negociada a um patamar bastante atraente, de 12,5 vezes o múltiplo P/L [preço sobre o lucro] para 2023, abaixo do nível histórico de 17 vezes”, destaca.

Os analistas do banco destacam que, para não dizer que o consenso parece ainda mais conservador, prevendo margem Ebitda de 10% para 2023 – o que não faz sentido dado o ponto do ciclo (aumento dos preços dos produtos e preços do trigo caindo) e resultados mais fortes no 2T22 – veem um potencial relevante para revisões em alta nas projeções.

“De fato, os dados de inflação de julho mostraram que os preços dos produtos estão acelerando mês após mês, portanto, os
preços dos produtos devem melhorar em relação aos níveis do 2T22, e o benefício dos preços do trigo em Chicago, que caíram quase 5% no acumulado do ano em reais, um custo principal para a M. Dias Branco, pode levar quase 6 meses para refletir totalmente nos resultados, devido à estocagem prévia da matéria prima”, destaca.

O Bradesco BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 44, o que configura um potencial de valorização de 35% frente o fechamento de sexta.

Já a XP tem recomendação neutra para o ativo, destacando que a melhora nos fundamentos já está precificada.

O Itaú BBA também tem recomendação equivalente à neutra para MDIA3 (marketperform, ou desempenho em linha com a média do mercado), com preço-alvo de R$ 27, ou um valor 17% frente o fechamento da véspera.

“Apesar da forte expansão de margem da M. Dias no trimestre, a recente volatilidade nos preços do trigo em dólares e em participação de mercado da empresa está obscurecendo a história de investimento de curto prazo. Apesar da significativa recuperação da rentabilidade da M. Dias no 2T22, câmbio e variações de preço de commodities adicionam mais incerteza à nossa avaliação do desempenho de curto prazo da empresa. Para nos tornarmos mais assertivos na dinâmica de receita da M. Dias, precisaremos ter um entendimento mais claro de como a empresa espera que sua inflação de custos varie, em relação ao mercado, e de sua estratégia para gerenciar o tradeoff entre participação de mercado e margens no futuro próximo”, aponta o BBA.

O Bank of America, por sua vez, manteve recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) com preço-alvo de R$ 24, apesar do forte desempenho do segundo trimestre.

“Permanecemos cautelosos com as margens devido à contínua pressão de custos, que deve acelerar no segundo semestre, enquanto a defasagem de preços da concorrência pode representar um risco para a estratégia de preço versus volume da empresa no curto prazo”, apontam os analistas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.