Localiza (RENT3): dilema que “persegue” ações em 2024 deve seguir após resultados

Por um lado, ainda não há visibilidade sobre quando seminovos pararão de pressionar o balanço; por outro, valuation está atrativo

Ana Paula Ribeiro

Investor Day da Localiza & Co (Rikardy Tooge/InfoMoney)

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O preço em queda dos veículos seminovos de veículos seminovos e as incertezas sobre a depreciação da frota são os principais desafios para a Localiza (RENT3). Na avaliação de analistas, a deterioração do mercado de revenda ainda pode pressionar os resultados da locadora de veículos, ofuscando a possível atratividade com o valuation relativamente barato, sendo um dilema para os acionistas que investem na companhia.

“Os principais fatores de risco, em nossa opinião, incluem um cenário macroeconômico diferente do esperado, concorrência mais fraca ou acirrada, desempenho do mercado de usados no Brasil e os riscos de execução (da estratégia da companhia”, avaliaram os analistas do Goldman Sachs.

A casa tem recomendação neutra para os papéis da Localiza, com preço-alvo de R$ 67,10 em 12 meses, o que representa um potencial de valorização de 25,2% em relação ao fechamento da terça-feira.

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Os papéis da companhia acumulam, no ano, queda de cerca de 12%. Para o Goldman, apesar do valuation de RENT3 estar pouco esticado, num contexto de baixa visibilidade sobre quando será o momento de maior depreciação no mercado de carros usados, as ações poderão seguir negociadas abaixo dos múltiplos históricos.

No quarto trimestre, as receitas do segmento de vendas de seminovos responderam por 47,3% da receita líquida da Localiza. O preço de veículos usados no Brasil registrou queda em 2023 e a tendência é de novas desvalorizações ao decorrer de 2024.

A companhia promoveu alterações contábeis em relação aos custos da preparação dos veículos que sairão do segmento de aluguel (RAC) e gestão de frota (GTF) e serão vendidos pela área de seminovos. Essas despesas agora ficam contabilizadas em RAC e GTF.

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Já os analistas do Bank of America lembram que, por conta dessa alteração, a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) em aluguel de carros e frota sofreu um impacto negativo de, respectivamente, 6,8 pontos percentuais e 2 pontos percentuais. Já a de seminovos subiu 5,2 pontos percentuais.

Os analistas afirmam ainda que o Ebitda em seminovos ficou abaixo do esperado.
Entre os fatores para um desempenho aquém do segmento é o crédito ainda restrito e juros elevados, o que compromete a tomada de decisão por parte do consumidor.

“Como a principal preocupação atual do mercado está ligada a uma queda adicional esperada nos preços dos automóveis no Brasil, acreditamos que os resultados do 4T23 acrescentam incerteza ao caso de investimento na empresa”, disseram.

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Essa preocupação é agravada pelo volume de carros comprados no quarto trimestre (108 mil), em um momento em que os preços de carros devem cair ainda mais. “O que acreditamos ser um cenário provável no curto prazo.”

Embora o Bank of America veja como desafiador o segmento para seminovos, a recomendação é de compra para os papéis da Localiza, com preço-alvo de R$ 76, um potencial de ganho de 45,3%.

Durante a teleconferência dos resultados do quarto trimestre, a Localiza afirmou que o foco é a recuperação dos spreads entre o custo de capital e o ROIC (retorno do capital investido, na sigla em inglês). O ROIC passou de 15,8% em 2022 para 13,7% no ano passado. No período, o custo da dívida quase não caiu e, com isso, a spread caiu de 6,7 pontos percentuais para 4,1 pontos percentuais.

A empresa perdeu rentabilidade após a fusão com a Unidas, em negócio formalizado em 2022. Em 2021, antes da operação, esse spread chegou a 13,3 pontos percentuais.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney