Kroton dispara 11% e Petrobras e Vale “ignoram” Fitch; Oi cai 35% em 5 dias

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O mercado chegou a cair forte nesta quinta-feira (15) após a Fitch rebaixar o rating do Brasil de “BBB” para “BBB-“. Porém, a Bolsa ganhou força durante a tarde e fechou com alta de 0,97%. O país continua a ter grau de investimento pelo critério da agência, mas a perspectiva da nota é negativa, o que significa que novos rebaixamentos podem ocorrer no futuro.

Segundo o economista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, o rebaixamento já estava no preço. “Manter a perspectiva negativa talvez seja um ponto que traga preocupação para o mercado – e mais para o governo, mas a questão do rebaixamento em si estava no preço”, comentou. Com isso, a Bovespa registrou ganhos, enquanto o dólar fechou com queda de 0,32%.

Do lado positivo da Bolsa, chamaram atenção as ações da Kroton, que “ignoraram” o anúncio e seguiram em disparada, após dados de captação de alunos no terceiro trimestre. Os demais papéis do setor de educação seguiram o movimento positivo, com Estácio, Ser Educacional e Anima. No mesmo sentido, as ações da fabricante de aeronaves Embraer subiram após dados operacionais. 

Continua depois da publicidade

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 9,66, +1,05%; PETR4, R$ 8,00, +0,50%)
As ações da Petrobras fecharam no positivo, “ignorando” o corte do rating do Brasil e os preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo Brent, usado como referência pela estatal, caía 0,92%, a US$ 48,70 o barril. Apesar de cortar o Brasil, a agência de rating Fitch manteve a nota da estatal em “BBB-“.

No radar, a empresa divulgou três comunicados importantes nas últimas horas: suspensão da emissão de debêntures, a busca de sócios para a BR Distribuidora e um novo poço na área de Libra. Enquanto os dois primeiros comunicados mostram as dificuldades que a empresa enfrenta nesse momento para levantar recursos (decorrentes das incertezas sobre a economia brasileira e também acerca da própria empresa), o último amplia visão sobre o reservatório na área de Libra. 

Continua depois da publicidade

No primeiro comunicado, a Petrobras informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que suspenderá por 60 dias úteis a distribuição de debêntures que estavam em curso e somavam R$ 3 bilhões, devido a condições adversas do mercado. Com isso, todos os pedidos realizados por clientes de varejo serão cancelados. Normalmente, as empresas fazem isso quando as taxas requeridas pelo mercado ficam muito acima daquelas que a emissora está disposta a pagar.

Em função disso, o procedimento de coleta de intenções para precificação dos papéis não será mais realizado na sexta-feira, conforme previsto no cronograma da oferta, disse a petroleira. “Se retomada a oferta, será aberto novo prazo para apresentação dos pedidos de reserva”, disse a estatal em comunicado.

O segundo comunicado foi a decisão da diretoria executiva da companhia, que autorizou a busca de um parceiro estratégico para sua subsidiária BR Distribuidora, em meio às dificuldades do mercado para emissão de ações. A questão será avaliada pelo conselho de administração em sua próxima reunião. 

Continua depois da publicidade

Finalmente, a Petrobras informou que na perfuração do quarto poço na área de Libra (pré-sal da Bacia de Santos) foram encontrados hidrocarbonetos (expressão usada para identificar óleo e gás). No momento, a Petrobras está perfurando dois outros poços na mesma área, sendo que em um deles já encontrou petróleo. O segundo poço ainda está na fase inicial da perfuração. 

Kroton (KROT3, R$ 9,93, +11,57%)
As ações da Kroton dispararam após dados operacionais do terceiro trimestre e puxaram as demais do setor de educação Estácio (ESTC3, R$ 16,61, +3,81%), Ser Educacional (SEER3, R$ 8,75, +4,17%) e Anima (ANIM3, R$ 13,79, +6,32%) na Bolsa. A Kroton afirmou nesta manhã que obteve crescimento de 4% na captação total de alunos de graduação no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2014. O número de novos alunos do Fies caiu 84% no período, para 5,6 mil alunos. Segundo a companhia, a captação de alunos de ensino à distância (EAD) subiu 10%, para 109.967 alunos, enquanto a captação presencial caiu 6%, para 66.294 alunos. 

Para a XP Investimentos, o Fies apresentou forte queda, mas a base de alunos ex-Fies ajudou bastante no controle de “perdas” em relação ao programa, sendo um ponto positivo para que a empresa mantenha estável a taxa de evasão.

Continua depois da publicidade

Vale (VALE3, R$ 18,97, +1,44%; VALE5, R$ 15,43, +1,65%)
Em sessão volátil, as ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 8,92, +2,53%), holding que detém participação na Vale, encerraram o dia em alta, destoando do movimento negativo dos preços do minério de ferro. A commodity caiu 2,5% no Porto de Qingdao, na China, nesta quinta-feira, indo para US$ 53,74 a tonelada. 

No radar da companhia, o conselho de administração da mineradora analisa hoje proposta da diretoria para reduzir para US$ 500 milhões a segunda parcela de dividendos de 2015, metade do anunciado em janeiro. Para os analistas Flávio Conde e Pedro Galdi, da consultoria WhatsCall, a proposta deve ser aceita, decorrente da forte alta do dólar nesse ano (+43% no acumulado de 2015). 

Bancos
Depois do Credit Suisse cortar na terça-feira (13) a recomendação dos quatro principais bancos brasileiros, o Citi rebaixou hoje a recomendação do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 27,25, -1,66%) para neutra, enquanto moveu o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,57, -1,43%) para “alto risco”. Os analistas revisaram para baixo as estimativas de lucro por ação das instituições em 2016 e 2017. 

Continua depois da publicidade

Fora o relatório, há no radar do BB o anúncio de que o banco vai recomprar até 10 milhões de ações em 12 meses. 

Embraer (EMBR3, R$ 25,91, +3,31%) 
A Embraer informou hoje que entregou 21 jatos comerciais e 30 executivos no terceiro trimestre, informou nesta quinta-feira, com o total de 51 jatos superando em 50% as entregas do mesmo período do ano passado, quando haviam sido entregues 19 aeronaves comerciais e 15 executivas. 

Em 30 de setembro, a carteira de pedidos firmes a entregar totalizava US$ 22,1 bilhões, disse a fabricante de aeronaves em comunicado.

Oi (OIBR4, R$ 2,38, -5,93%)
As ações da companhia de telecomunicação chegaram ao quinto dia seguido de queda, acumulando no período perdas de 35%, após terem subido 30% em quatro dias. A disparada recente ocorreu com o aumento dos rumores sobre uma possível fusão com a TIM, em uma transação que poderia incluir uma fusão de R$ 10 bilhões da Letter One na Oi e a consequente fusão com a TIM.

Por outro lado, as quedas ocorreram após a homologação pelo conselho de administração da empresa da conversão voluntária de ações preferenciais em ordinárias de emissão da companhia.

Ambev (ABEV3, R$ 19,11, +3,86%)
A AB InBev disse que planeja vender US$ 55 bilhões em dívidas para efetuar o acordo de US$ 106 bilhões para união com a SABMiller, conforme uma pessoa familiarizada ao assunto disse à Bloomberg. A notícia pode trazer um fôlego para a Ambev, controlada indiretamente pela AB InBev, que era vista pelo mercado como uma alternativa para o acordo, dado que a empresa não possui dívidas e poderia se envolver na transação.

Souza Cruz (CRUZ3, R$ 27,13, -0,11%)
Ocorreu hoje o leilão de OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações da Souza Cruz na Bolsa. Das 377.954.783 de ações da oferta, foram adquiridas 342.956.819 pela British American Tobacco (BAT) – ou seja, 90,7% do total ofertado -, ao preço de R$ 27,20 cada. No total, a operação movimentou R$ 9,33 bilhões.

O preço de aquisição havia sido confirmado pela companhia no dia 22 de setembro, após ter sido alterado em agosto para R$ 27,62, enquanto o preço inicial anunciado era de R$ 26,75. Esta elevação do preço foi decisiva para que a Aberdeen Asset Managers Limited e a Aberdeen Asset Investments Limited se comprometessem a aceitar a oferta, concordando com o cancelamento do registro e alienação de suas ações.

Pelo acordo, a BAT precisaria obter a aceitação de, no mínimo, dois terços das ações em circulação para cancelamento do registro da companhia, mas deixa em aberto a opção de que se, pelo menos, um terço aceitar, poderá dar sequência à oferta de compra das ações.

Como garimpar boas ações? Deixe seu email e descubra uma forma tão simples que até um menino de 10 anos consegue usar!