Klabin (KLBN11): compra bilionária de ativos é positiva e reduz dependência de terceiros; units sobem 2,26%

Acordo de US$ 1,16 bi acelera o fornecimento próprio de madeira e é visto como gerador de valor para empresa

Felipe Moreira

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A Klabin (KLBN11) anunciou na noite de quarta-feira (20) a compra de ativos florestais da Arauco no Paraná por US$ 1,16 bilhão. O valor bilionário da transação chama a atenção dos analistas, que projetam o que esperar para os ativos após a operação. Nesta quinta pós-transação, as units KLBN11 subiram 2,26%, a R$ 21,75.

De acordo com a XP Investimentos, o acordo acelera o próprio fornecimento de madeira da Klabin, que anteriormente se esperava que ocorresse plenamente apenas até ao final da década.

O investimento compreende a compra de 85 mil hectares de áreas florestais produtivas localizadas majoritariamente no Estado do Paraná e 31,5 milhões de toneladas de madeira em pé (volume esperado), além de máquinas e equipamentos florestais.

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O time de análise da XP acredita que a aquisição gere valor (VPL, ou Valor Presente Líquido, estimado de R$ 1,5 bilhão, ou 6% do valor de mercado atual), com base em três pilares principais: (i) aceleração do fornecimento de madeira própria, reduzindo as necessidades de investimentos nos próximos anos; (ii) monetização do excesso de terra após a colheita da madeira; e (iii) redução dos custos caixa apoiada pela otimização dos custos logísticos.

Em relação à alavancagem financeira, a XP espera que os níveis de dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da Klabin aumentem para cerca de 4,0 vezes após a aquisição (abaixo do limite de 4,5 vezes da Klabin durante as fases de expansão), com a empresa desalavancando progressivamente até 2026 e 2027, quando projeta que a empresa atinja os mesmos níveis de alavancagem de 2,7 vezes de antes do projeto (após incorporar parte das vendas de terrenos e otimização de capex/custos).

O JPMorgan avalia a transação faz sentido comercial e é um seguro para os negócios da Klabin, pois reduz a dependência da empresa em relação a madeira de terceiros.

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Dos 85 mil hectares, a companhia utilizará a maior parte de sua floresta, deixando apenas cerca de 15 mil hectares com a empresa. Os cerca de 60 mil hectares restantes devem estar disponíveis para venda a médio e longo prazo. O projeto também inclui 31,5 milhões de toneladas de madeira em pé e maquinário florestal. A Klabin também compartilhou que, com essa aquisição, a autossuficiência em eucalipto, inicialmente prevista para 2029, deverá ser antecipada para 2024.

Após a colheita do ciclo atual de madeira, a Klabin ultrapassaria a meta de autossuficiência de 75% em seus próprios bosques em cerca de 60 mil hectares produtivos. A administração enfatizou que possui níveis sólidos de caixa para apoiar a aquisição e que a alavancagem deve aumentar entre 0,7 a 0,8 vez até 2024, aproximando-se da meta de 4,5 vezes nos ciclos de investimento.

No geral, o JPMorgan avalia a aquisição como positiva e espera uma reação positiva do mercado.

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A XP Investimentos reitera recomendação neutra na Klabin, respaldado principalmente por níveis de valuation pouco atraentes (múltiplo EV/Ebitda 2024 de 7,4 vezes). O JPMorgan também mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 24.