Juros futuros caem em dia de correção após fala de Haddad estressar mercado

O movimento de correção fez as taxas futuras recuarem no Brasil nesta quinta-feira, principalmente nos contratos com prazos mais longos

Reuters

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SÃO PAULO, 23 Mai (Reuters) – As taxas dos DIs passaram por uma correção de baixa nesta quinta-feira após avanço firme visto na véspera, quando comentários sobre a meta de inflação de 3% feitos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estressaram a curva de juros no Brasil.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,385%, ante 10,399% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,755%, ante 10,78% do ajuste anterior.

A taxa para janeiro de 2027 estava em 11,075%, ante 11,149%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,355%, ante 11,446%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,71%, ante 11,829%.

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Na quarta-feira, Haddad qualificou a meta de inflação de 3% como “ousada para o histórico do Brasil”, o que acendeu sinal de alerta no mercado financeiro. Receios de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) — responsável pela definição da meta — possa alterá-la impulsionaram as taxas dos DIs, em especial entre os contratos com prazos mais longos.

Nesta quinta-feira, no entanto, a curva a termo passou por correções.

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“Estamos realizando um pouco do movimento bem forte que houve ontem (quarta-feira). O mercado reagiu às falas do Haddad, que foram reverberadas até um pouco além do que realmente representaram”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research.

“Não achei que foi um tom negativo no sentido da meta de inflação. Ele colocou num contexto de que precisávamos mudar questões institucionais de indexação. Mas quando isso aparece em um título, assusta, e o mercado reagiu muito mal ontem”, acrescentou.

O movimento de correção fez as taxas futuras recuarem no Brasil nesta quinta-feira, principalmente nos contratos com prazos mais longos, na contramão do exterior, onde os rendimentos dos Treasuries avançavam. O suporte aos yields era dado por dados fortes de auxílio-desemprego e de atividade empresarial nos Estados Unidos, divulgados pela manhã.

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Por trás disso estava a percepção de que, com a economia norte-americana acelerada, o Federal Reserve terá menos espaço para cortar juros.

No Brasil, a precificação da curva a termo seguia apontando que o atual ciclo de cortes da taxa básica Selic foi encerrado este mês.

Perto do fechamento a precificação da curva a termo indicava 79% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em junho, contra 21% de probabilidade de corte de 25 pontos-base. Em 13 de maio, antes da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a relação era de 47% para manutenção contra 53% para corte.

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Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos US10YT=RR — referência global para decisões de investimento — subia 4 pontos-base, a 4,477%.

No Brasil, operadores também especulavam sobre a possibilidade de a reunião ordinária do CMN desta quinta-feira trazer alguma mudança na meta de inflação de 3%. A hipótese foi levantada por profissionais ouvidos pela Reuters, a despeito de, tradicionalmente, os encontros de maio do CMN não tratarem de metas. Os votos do encontro do conselho devem ser divulgados, como de costume, após as 18h.