JPMorgan vê Ibovespa a 142 mil pontos em 2024 e faz lista com ações preferidas e para se afastar no próximo ano

Brasil segue "overweight" dentro de América Latina; as top pick são Allos, Localiza, PRIO, Rede D'Or e Vale, enquanto não gosta de Gol, IRB e Odontoprev

Lara Rizério

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Em relatório de perspectivas sobre a América Latina, a equipe de estratégia do JPMorgan destacou estar positivo com ações do Brasil na região, com posição overweight (exposição acima da média) para o país. Emy Shayo e equipe, que assinam o relatório, tem posição overweight também no Chile, enquanto tem posição em linha (marketweight) para o México e underweight (abaixo) para Peru e Colômbia.

Para o Ibovespa, os estrategistas do banco têm o cenário-base de 142 mil pontos, ou um potencial de alta (upside) de 11,90% frente o fechamento da véspera, de 126.903 pontos. Já para o cenário otimista (bullish), com projeção de 153 mil pontos, ou upside de 20,56%, enquanto o pessimista (bearish) é de que o benchmark da Bolsa vá a 105 mil pontos, ou queda de 17,26%.

Na visão de Emy Shayo e equipe, o índice está com múltiplos atrativos. O Brasil é negociado com um desconto de 30% em relação aos mercados emergentes e é mais barato do que todos os principais mercados emergentes num contexto de recuperação de lucros.

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O JPMorgan prevê que as taxas de juros básicas (Selic) caiam mais 225 pontos-base em 2024, para 9,5%. “Os mercados brasileiros tendem a ter um bom desempenho durante os ciclos de flexibilização das taxas”, avalia o banco.

Já sobre a política, os estrategistas ressaltam que, embora haja ruídos recorrentes sobre o orçamento, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, seguirá adiante sua agenda de ajuste, importante do ponto de vista institucional.

Assim, a visão positiva sobre as ações brasileiras é baseada em três pontos:

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(1) Taxas mais baixas: o Brasil geralmente não apresenta desempenho inferior durante um ciclo de flexibilização monetária (ou seja, durante períodos de queda da Selic). A exceção à regra foi durante a Covid. Considerando a evolução positiva na frente da inflação e a desaceleração da atividade na segunda metade do ano, a opcionalidade é de mais cortes de juros em vez de menos, mas muito dependerá do Fed, avaliam.

(2) Valuation barato: o Brasil negocia a cerca de 8,5 vezes o preço sobre lucro esperado para doze meses, um desvio-padrão abaixo da média histórica. “Este valor é inferior ao de todos os principais mercados emergentes, com exceção da Turquia, Colômbia e Hungria. Também é 30% mais barato que os mercados emergentes como um todo. Todos os setores no Brasil, com exceção de TI, Telecom e utilities estão sendo negociados mais baratos que as médias históricas”, avalia.

(3) Redução de riscos políticos: Existe uma compreensão tácita de que não deve haver muitas mudanças no quadro macropolítico, pelo menos num futuro próximo.

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Entre os principais catalisadores para alta do mercado, os estrategistas apontam que, após uma forte contração nos lucros das empresas em 2023, para o próximo ano o crescimento dos lucros deverá ser uma importante fonte de valorização dada a tendência de queda das taxas e devido a uma base de comparação mais baixa. O consenso de mercado espera uma expansão de 8% dos lucros, liderada pelos setores voltados à economia nacional.

Globalmente, uma melhor perspectiva global (pouso suave da economia nos EUA e um pouco menos de volatilidade na atividade chinesa) deverá ser um bom presságio para os fluxos dos mercados emergentes e, consequentemente, para o Brasil.

Já entre os principais riscos, a situação fiscal oferece questões à medida que o governo possa alterar a meta fiscal primária de 0%. “É provável que este seja um destaque no final do primeiro trimestre de 2024, quando as revisões orçamentárias poderão desencadear a mudança da meta” , avalia, o que pode levar a uma queda do real, pressionando a inflação e levando a uma revisão para cima das expectativas de preços e encurtando o ciclo de flexibilização monetária.

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“O resultado das eleições municipais também é um risco, na nossa opinião, especialmente em São Paulo, onde a esquerda poderia vencer e impactar a corrida presidencial de 2026”, apontam.

Estratégias para ações

Os estrategistas apontam seguir com a recomendação de uma “estratégia Barbell”, na qual a alocação de ativos se divide em mesclar produtos de baixo risco com outros de maior risco.

Para eles, as taxas mais baixas são um bom presságio para os setores nacionais, que apresentam descontos extremamente elevados, enquanto preços mais elevados das matérias-primas são bons para nomes de “valor”. “Os investidores deveriam estar alocados em ambos, a menos que o real tenha se valorizado a um nível que seja forte demais para os exportadores”, avalia a equipe de estratégia.

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O banco destaca também suas top picks e suas ações “menos preferidas”.

As preferidas são Allos (ALOS3), Localiza (RENT3), PRIO (PRIO3), Rede D’Or (RDOR3) e Vale (VALE3).

Sobre a sua maior convicção, a Localiza, o JPMorgan aponta que gosta de ter exposição a uma empresa sensível a taxas, considerando que é a empresa que vê como a de maior potencial de valorização. “Dentro disso, a Localiza parece ser a que está em melhor situação entre as escolhas dos nossos analistas, considerando o aumento da margem Ebitda [Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida] e os frutos de sinergias de fusões e aquisições anteriores”, avalia.

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Já as “menos preferidas” são Gol (GOLL4), IRB (IRBR3) e Odontoprev (ODPV3), todas com recomendação underweight.

Sobre a Gol, os estrategistas apontam que a reestruturação dos títulos da aérea implica em diluição de capital de 70%, que não vê precificada nas ações. Além disso, a Gol ainda está negociando seus contratos de arrendamento, o que traz uma maior incerteza sobre sua situação financeira futura, avalia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.