JPMorgan reitera preferência por RD (RADL3) e Hypera (HYPE3) no setor e rebaixa Blau (BLAU3) e Pague Menos (PGMN3)

Banco ainda rebaixou recomendação para ações de Pague Menos (PGMN3) e Blau (BLAU4) para neutro

Felipe Moreira

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O JPMorgan ressaltou sua preferência pelas ações de RD (RADL3) e Hypera (HYPE3), ambas com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), como os principais veículos para investir na indústria farmacêutica brasileira.

Segundo relatório, o setor possui tendência de crescimento de longo prazo, apoiado por fortes impulsionadores subjacentes que possuem baixa correlação com a atividade econômica. O principal impulsionador de longo prazo continua sendo o envelhecimento acelerado da população, que deve continuar impulsionando o aumento dos volumes de consumo.

“Além disso, um número crescente de apresentações de medicamentos genéricos e futuras expirações de patentes devem continuar tornando os medicamentos, que em sua maioria são pagos diretamente, acessíveis à população, enquanto o consumo per capita permanece baixo, mesmo quando ajustado para o perfil de envelhecimento da população”, comenta o banco, em relatório.

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Nesse contexto, o JPMorgan projeta um crescimento de longo prazo do setor em um ritmo de aproximadamente 10% ao ano, com volatilidade limitada ao longo dos anos, proporcionando boa visibilidade nas empresas do setor.

Em resumo, a posição positiva do banco em relação à RD está relacionada à abordagem do principal consolidador de varejo de medicamentos, que já possui uma liderança de mercado incontestável e execução, ao mesmo tempo em que apresenta uma história de crescimento de longo prazo com uma taxa composta anual de crescimento de 24% nos lucros nos últimos 5 anos.

No geral, o JPMorgan continua vendo a RD como a vencedora incontestável no mercado brasileiro de varejo de medicamentos, apesar de deter apenas 15% de participação de mercado, enquanto vê o potencial de mais que dobrar essa participação em um setor que provavelmente dobrará nos próximos 10 anos. Portanto, além dos ventos favoráveis de curto prazo do cenário competitivo, o banco está confiante nas tendências de longo prazo da empresa.

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Diante disso, analistas fixaram um novo preço-alvo para dezembro de 2024 de R$ 34 por ação, que também reflete um menor custo de capital próprio.

Hypera (HYPE3)

Em relação à Hypera, a premissa é de ser uma empresa em crescimento (com uma taxa composta anual de crescimento de receita de cerca de 13% nos próximos 5 anos e 18% nos lucros), com uma avaliação razoável de 11 vezes o Preço/Lucro estimado para 2024, além de já oferecer sólidos retornos em dinheiro para os acionistas, com uma previsão de rendimento de dividendos de 4% para 2024.

O JPMorgan acredita que a Hypera alcançará sua orientação para 2023 de receitas de R$ 8,4 bilhões e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 3 bilhões, enquanto continua a ganhar participação de mercado.

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No entanto, o banco não espera que a entrega da orientação seja linear ao longo do ano, especialmente porque o 2º trimestre será novamente um período desafiador de comparação, “devido a 1) alta demanda por medicamentos antigripais no 2T22; 2) o vencimento da permissão temporária da Anvisa (FDA local) para comercializar Imunoglobulina; e 3) o fechamento temporário anual da fábrica de produção no início de abril, que normalmente ocorre em dezembro”.

Ao ajustar suas estimativas, o JPMorgan traçou um novo preço-alvo para dezembro de 2024 de R$ 60, com base em uma previsão de menor custo de capital próprio e taxas de juros mais baixas.

Blau (BLAU3)

O JPMorgan cortou recomendação para ações da Blau de overweight para neutro, devido a resultados voláteis e pouca visibilidade devido à maior concorrência, especialmente nos segmentos de especialidades e oncologia.

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“Por um lado, valorizamos a estratégia de inovação e a expansão da capacidade da Blau, juntamente com um sólido balanço patrimonial. No entanto, as iniciativas de crescimento da empresa estão levando mais tempo para apresentar resultados, com contribuições menores do que o esperado dos novos produtos adicionados a um cenário de mercado adverso para o seu principal produto, Ig”, explica JPMorgan.

Analistas traçaram um novo preço-alvo para dezembro de 2024 de R$ 22,50 por ação, com base em um potencial limitado de ganhos em relação aos níveis atuais. A Blau negocia com um Preço/Lucro estimado de 11 vezes para 2024.

Pague Menos (PGMN3)

O banco americano também rebaixou as ações da Pague Menos para neutro, graças a baixa visibilidade de expansão devido à situação de alavancagem e falta de fluxo de caixa.

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“No geral, apesar de manter uma postura construtiva em relação ao setor de farmácias, a visibilidade dos resultados de médio prazo é agora menor para a Pague Menos, dada a reestruturação em curso na Extrafarma, enquanto possui um balanço patrimonial altamente alavancado, com cerca de 5 vezes de dívida líquida ajustada em relação ao Ebitda, e ausência de geração de fluxo de caixa”, diz relatório.

Nesse contexto, o banco vislumbra altos riscos de execução, ao mesmo tempo em que os planos de expansão correm o risco de serem reduzidos novamente devido a uma margem limitada para gastos adicionais de capital. À medida que revisou as estimativas, o JPMorgan reduziu em 72% o lucro por ação estimado para 2024, e retirou o preço-alvo para a Pague Menos.

A Pague Menos negocia a um Preço/Lucro estimado de 27 vezes para 2024, com base em uma estimativa proxy para o padrão IAS-17, em linha com a RD, classificada como “overweight”, que possui uma visibilidade significativamente maior em relação aos resultados, bem como uma consistência de execução.

Viveo (VVEO3)

O JPMorgan continua vendo na Viveo uma boa combinação de liderança de mercado em mercados crescentes e resilientes, em um cenário competitivo mais ameno, execução sólida e uma estratégia única de balcão único que deve sustentar um crescimento resiliente da receita de 10% nos próximos 5 anos. “Isso, somado às sinergias da fusão e maior integração vertical na fabricação, deve resultar em ganhos de 2 pontos percentuais na margem Ebitda (receita sobre Ebitda) no médio e longo prazo”, completam analistas.

No entanto, considerando o ponto de vista da avaliação, atualmente a Viveo está sendo negociada com um prêmio de cerca de 18% em relação a seus pares globais de distribuição, o que, na opinião de analistas, é justificado por seu perfil de crescimento mais elevado, mas também limita novas valorizações significativas.

O banco elevou preço-alvo das ações da Viveo de R$ 24,50 para R$ 26 e manteve recomendação equivalente à compra.