JBS: ação chega a cair 4%, mas ameniza com possível recuperação de “vilã” do balanço

Executivos destacaram em tele esperarem melhoras de margens da Seara no 1º trimestre de 2024 após segmento ser um dos "vilões" do 4º trimestre

Lara Rizério

(Shutterstock)

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Na sessão pós-resultado do quarto trimestre de 2023 (e também marcada pela reação a outros anúncios), as ações da JBS (JBSS3) chegaram a cair até 4,06% (R$ 21,48) na mínima desta quarta-feira (27), amenizaram durante a teleconferência (chegando a ter queda de “apenas” 1,65%, a R$ 22,02), enquanto fecharam em baixa de 2,19%, a R$ 21,90.

O movimento ocorre após a JBS ter reportado lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) no 4T23 de R$ 5,1 bilhões, alta de 12% em base anual, mas 6% abaixo do consenso, conforme ressalta o Bradesco BBI. A divisão US Beef (Estados Unidos) foi o destaque negativo do trimestre, reportando margem Ebitda negativa de -1,6%, abaixo dos 1,7% do 3T23. A divisão de suínos dos EUA também foi impactada pelas más condições climáticas no país e reportou queda de margem de 1 ponto percentual (pp) em relação ao trimestre anterior. No Brasil, a Seara melhorou a margem para 6,4% (+0,9 pp no trimestre), mas ainda ficou abaixo do consenso de 7,7%, o que também contribuiu para o maior pessimismo pós-resultado.

A XP vê que a JBS apresentou resultados em grande parte em linha com as expectativas, mas também nota fraquezas significativas nas margens de US Beef e Seara, sendo que em US Beef o número indica um ambiente de ciclo mais desafiador do que o previsto. Além disso, o desempenho da Seara ficou atrás de seu par mais próximo. Já em uma nota positiva, a JBS Brasil e Austrália tiveram um desempenho superior, impulsionado pela dinâmica favorável do ciclo do gado, e a geração de caixa foi forte e superou as expectativas. No entanto, esses aspectos positivos são ofuscados pelo fraco desempenho da US Beef e da Seara, destacou o BBI.

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Contudo, em teleconferência, a JBS disse esperar que as margens de sua unidade de alimentos processados ​​Seara no Brasil atinjam dois dígitos no início de 2024, citando melhorias operacionais implementadas pela gestão para fortalecer a unidade, conforme apontaram os executivos.

A JBS apontou que a Seara e a divisão de carne bovina dos EUA apresentaram os maiores desafios para a empresa no ano passado, quando registrou prejuízo de cerca de R$ 1 bilhão, em comparação com lucro real de R$ 15,457 bilhões em 2022.

Em relação à Seara, o CEO Gilberto Tomazoni disse que a divisão está preparada para reportar margens de dois dígitos no primeiro trimestre, à medida que a empresa identifica problemas e está executando um plano para tornar os processos industriais mais eficientes. Em teleconferência para discutir resultados trimestrais, a administração da JBS disse ainda que o segmento de carne bovina dos EUA continuará enfrentando dificuldades este ano.

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Em relatório comentando a teleconferência, o BBI destacou que as ações estavam caindo muito por conta do desempenho mais fraco do que o esperado nas divisões US Beef e Seara, mas que a sinalização de que as margens em Seara devem se recuperar em 2024, o que seria positivo para as ações (e ajudou a amenizar as perdas durante a sessão).

“Vemos também o processo de listagem nos EUA, que esperamos ser concluído no final de 2024/1T25, como um fator-chave para a recuperação das ações”, apontam os analistas do BBI. A companhia protocolou na SEC, o xerife do mercado de capitais dos EUA, um novo pedido para realizar a dupla listagem de suas ações nas bolsas de Nova York e na B3. Com a dupla listagem, a JBS espera, entre outras vantagens, “destravar” seu valor de mercado, considerado muito baixo pela direção da empresa diante da envergadura das operações. Ao todo, o BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo para 2024 de R$ 30,00.

O Goldman Sachs também destacou seguir otimista com a ação. “Continuamos construtivos para o futuro e esperamos que o impulso seja apoiado pela PPC, pela Austrália, pela (divisão) de carne suína dos EUA e pela Seara”, escreveram os analistas.

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O BTG Pactual também segue com compra e aponta que a JBS continua sendo sua principal escolha no setor de proteínas e apontou, antes da abertura do mercado, que compraria as ações em caso de queda.

“Há alguns esclarecimentos necessários em relação às margens da carne bovina nos EUA, enquanto estamos menos preocupados com a capacidade da Seara de se recuperar em meio à redução dos custos de insumos, ao aumento dos spreads de aves e ao aumento dos volumes. Juntamente com as expectativas de margens acima do normalizado na Austrália, carne suína dos EUA e PPC, acreditamos que a JBS ainda está no caminho certo para cumprir nossa estimativa de Ebitda acima de R$ 25 bilhões para 2024, o que geraria facilmente um yield de fluxo de caixa de dois dígitos”, aponta.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.