Japão deve importar 3 bilhões de álcool brasileiro a partir de 2010

Estações termoelétricas do país vão começar a utilizar o etanol, seguindo as recomendações do Protocolo de Kyoto

Ana Paula Ribeiro

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SÃO PAULO – Centrais termoelétricas do Japão devem começar a utilizar o álcool produzido no Brasil pela Petrobras a partir de 2010, informaram as agências de notícias internacionais na última segunda-feira (11).

Pelo acordo, a empresa brasileira vai trabalhar com a importadora japonesa Mitsui para fornecer 3 bilhões de litros por ano do combustível. Uma das centrais interessadas em utilizar o etanol do Brasil é a Tokyo Electric Power.

Proteção ao meio ambiente

Com essa iniciativa, o Japão tenta se enquadrar nas determinações do Protocolo de Kyoto, o qual considera o álcool uma fonte energética livre de dióxido de carbono, substância poluente e principal causadora do aquecimento global.

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Atualmente, as estações de energia elétrica japonesas utilizam combustíveis fósseis como carvão ou petróleo que, embora mais baratos, provocam mais danos ao meio ambiente.

Descontentamento

Apesar de possibilitar a abertura de mais um mercado exportador, a notícia de que centrais termoelétricas do Japão vão empregar o etanol brasileiro não foi motivo de comemoração para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa o setor sucroalcooleiro do Brasil.

De acordo com o assessor técnico da entidade, Alfredo Szwarc, as negociações com o Japão foram consideradas frustrantes, uma vez que não se concretizaram muitas das perspectivas para os usineiros.

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Uma delas diz respeito à adição do álcool à gasolina consumida no Japão, possibilidade que pode esbarrar no lobby da indústria petrolífera do país.

O plano nacional de energia, que prevê a comercialização de álcool brasileiro pelos japoneses, foi formulado durante a gestão do primeiro-ministro Junichiro Koizumi, posteriormente sucedido por Shinzo Abe em setembro. Segundo o assessor da Unica, por conta dessa mudança na administração, os planos anteriormente firmados podem ser revisados, como acontece normalmente em qualquer país, até no Brasil.