Itaúsa vê crescimento em 2024, mas taxa de retorno elevada atrapalha novas aquisições

Alfredo Setúbal afirma que retorno de 13% seria interessante para um novo ativo

Ana Paula Ribeiro

Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa (Divulgação)

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A Itaúsa (ITSA4) vê uma melhora nos resultados de todas as empresas na qual tem participação ao longo de 2024, mas a aquisição de novos ativos é desestimulada pelo atual ambiente. A avaliação é que o cenário macroeconômico exige uma taxa de retorno muito alto para que um novo investimento possa fazer sentido para a holding, segundo explicou Alfredo Setubal, CEO da empresa.

Para fazer um investimento, o ativo deve ser suficiente para compensar a taxa de juros real e o risco de um novo empreendimento. O executivo cita que as NTN-Bs (títulos públicos atrelados à inflação) estão pagando juros em torno de 5,8% e que um prêmio de risco aceitável seria em torno de 3%.

“Se somar a inflação de 4%, o juro real e esse prêmio, estamos falando de um investimento que precisar renda 13% ao ano. Nessa conjuntura econômica a gente vê dificuldade em encontrar ativos nesse retorno e com a qualidade que a gente precisaria para que a Itausa fizesse um investimento relevante”, disse durante teleconferência dos resultados do quarto trimestre.

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A Itaúsa tem participações no Itaú (ITUB4), Alpargatas (ALPA4), CCR (CCRO3), Dexco (DXCO3), Aegea, Copa Energia e NTS.

Setubal afirmou que há um “buraco” no portfólio da holding, que é a falta de participação no setor do agronegócio, mas não há aquisições no radar nessa área. “Vamos continuar olhando (oportunidades). Com a redução da alavancagem, podemos pensar em dívida novamente para a companhia se de fato aparecer alguma oportunidade muito especial. Se não aparecer, vamos continuar o processo de desalavancagem”, disse.

E se não há aquisições esperadas, também não há desinvestimentos previstos. De acordo com o executivo, a avaliação é que os atuais investimentos ainda não estão maduros, dentro do portfólio da holding, a ponto de serem vendidos.

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“É um portfólio que a gente vai avaliar ao longo dos próximos anos para ver se tem um investimento já maduro, que podemos realizar se o preço estiver adequado, mas não tem nada no curto prazo.”


Sem novas aquisições ou desinvestimentos, o resultado da Itaúsa deve continuar recebendo uma contribuição de cerca de 90% do Itaú.

2024 melhor

Para 2024, a expectativa da Itaú é de uma melhora no resultado de todas as empresas, em especial das que são beneficiados por um cenário de juros mais baixo e crescimento do PIB em torno de 2,5% no ano.

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“Esperamos para 2024 crescimento de resultado em todas as empresas do nosso portfólio, contando também com a queda de taxa de juros. Isso tem impacto importante na construção civil, como a Dexco (antiga Duratex). Isso impacta também no setor de infraestrutura. Acho que o cenário para o Brasil é um cenário positivo para as nossas empresas que estão bem posicionadas. Elas podem se beneficiar bastante dessa conjuntura mais tranquila no Brasil e exterior”, disse.

Questionado sobre um eventual fim do JCP (juros sobre o capital próprio), projeto que ficou para 2024, no resultado da Itausa, ele afirmou que, para o acionista, o melhor é que não houvesse alterações.

O JCP é uma parcela do lucro distribuída às empresas que, diferente do dividendo, ainda não foi tributado na empresa. Quando o investidor recebe esse provento, ele deve pagar os 15% de IR (Imposto de Renda) na fonte.

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Essa mudança, em estudo pelo governo, traria dois impactos para a Itausa. O fim do JCP causaria um ganho direto de cerca de R$ 500 milhões. Por outro lado, o banco, que dá a maior contribuição nos resultados à holding, passaria a pagar mais imposto, reduzindo o lucro distribuído.

“O banco seria mais tributado, o que faria o resultado da Itaúsa, pela equiparação patrimonial, ser menor. Um efeito pelo outro, na visão do acionista da Itaúsa, de crescimento patrimonial, da empresa, é melhor que o JCP continue. Isso dá mais criação de valor”, avalia.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney