Itaú vai acelerar crescimento do crédito após ajuste e sinaliza dividendo extra

Expectativa é que total de empréstimos cresça ao menos 6,5% no ano

Ana Paula Ribeiro

Crédito: Divulgação

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O Itaú Unibanco (ITUB4) espera a aceleração do crédito nos próximos trimestres e terminar o ano com uma expansão acima do piso do guidance (projeção) estimado para o ano. Tudo isso deve ser feito com inadimplência estável, segundo Milton Maluhy Filho, CEO da instituição.

O guidance do banco para crescimento de crédito é de 6,5% a 9,5%. A carteira cresceu 2,8% no primeiro trimestre ante igual período do ano passado, bem abaixo, o que também levou a questionamentos por parte de analistas de mercado. Excluindo a variação cambial, que impacta principalmente a operação na América Latina, o incremento foi de 5,6%.
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“A gente continua acreditando bastante no guidance. Acredito que a gente consiga crescer acima do piso. Isso, claro, vai depender da conjuntura, da demanda”, explicou durante teleconferência com jornalistas.

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No primeiro trimestre, o Itaú Unibanco registrou um lucro líquido de R$ 9,77 bilhões no primeiro trimestre, alta anual de 15,8%.

O crescimento da carteira de crédito projetada reflete uma mudança do banco na concessão dos empréstimos, que mostrou um menor apetite ao cliente “mar aberto”, que é aquele que o cliente captou por meio da emissão de cartões de crédito a não correntistas.

Maluhy lembra que houve uma oferta muito grande desse produto e uma parcela desses clientes acabou assumindo um crédito acima da capacidade de pagamento. O banco decidiu reduzir a exposição a esse risco na pessoa física, em uma estratégia chamada de “de-risking”.

O executivo explicou, em teleconferência a analistas, que crescer sem avaliar o risco afeta a rentabilidade, uma vez que a inadimplência sobe. Isso, para ele, seria uma falsa sensação de crescimento e alocação inadequada do capital. “Você compromete o resultado e destrói valor no longo prazo. Não digo que outros bancos também não fazem. Mas isso é o que nos define”, disse.

Considerando apenas a carteira de crédito Brasil, a taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) no primeiro trimestre foi de 3,1%, queda de 0,3 ponto percentual em 12 meses. No segmento da pessoa física, a queda foi maior, de 4,9% para 4,2%.




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Alexsandro Broedel, CFO Itaú Unibanco, explicou que as medidas tomadas geraram um efeito de R$ 3,1 bilhões nas provisões de devedores duvidosos (PDD), ou seja, esse montante deixou de ser adicionado a essa reserva para lidar com eventuais calotes.

“Foi uma ação do banco para a redução de exposição em segmentos menos interessantes. O PDD seria maior se a gente não tivesse tomado algumas medidas”, disse.

Para exemplificar, em uma base 100, a carteira da PF saiu de 100, em dezembro de 2022, para 104 em março de 2024. Já para os clientes de risco deteriorado, ela passou de 100 para 17 no mesmo período. Feito esse ajuste, a expectativa é que o crédito acelere para chegar ao guidance até o final do ano.

No final do trimestre, o banco também lançou, para um grupo restrito de usuários, um “super app” para a pessoa física. O objetivo é aumentar o relacionamento com esses clientes através de uma oferta completa de produtos, o “full bank”.

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Dividendos extraordinários


O crescimento do lucro do Itaú Unibanco fez o banco acumular ainda mais capital, o que pode levar a uma nova distribuição de dividendo extraordinários no final do ano.


“Mais próximo do final do ano, com mais informações disponíveis, a gente vai calibrar o excesso de capital para eventualmente fazer um pagamento de dividendo extraordinário”, disse Maluhy.

O executivo explicou que o ideal, de acordo com o apetite de risco do banco, seria um capital de nível 1 em 11,5%, mas estava em 13% ao final do primeiro trimestre.

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“Estamos sim operando com algum excesso. E quando carregamos esse excesso? Quando temos algum grau de incerteza no futuro. (…) Essa incerteza são as mudanças regulatórias que vem pela frente.”

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Rio Grande do Sul


Maluhy afirmou que as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul (RS) devem ter um impacto no PIB do país, mas ainda não é possível estimar a magnitude.

“O fato é que é muito cedo para fazer uma avaliação mais clara. O Rio Grande do Sul responde por 6,5% do PIB brasileiro e está passando por uma situação como essa. É uma situação delicada que pode e terá impactos no PIB nacional, mas a dimensão disso é difícil precisar agora”, afirmou.

De acordo com o executivo, nos controles internos do banco, todos os setores mostram quedas intensas, de mais de 15% e 20%, no Rio Grande do Sul, mas ressaltou que a
prioridade tem sido apoiar os colaboradores e clientes.


A instituição está com 52 agências na região que foram atingidas, sendo 36 em estado inoperante e 16 funcionando em contingência. O banco anunciou ainda uma doação de R$ 5 milhões e a suspensão das cobranças para os clientes atingidos.