Com margem elevada no 1º tri, Itaú (ITUB4) vê cenário volátil e convergência para o guidance em 2022

Banco espera alta na inadimplência nos próximos três trimestres para patamares similares ou levemente abaixo daqueles da pandemia

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Em teleconferência de apresentação de resultados nesta segunda-feira (9) para analistas, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú (ITUB4), destacou que o momento é volátil internacionalmente, com guerra da Rússia contra a Ucrânia, alta de juros nos Estados Unidos, lockdowns na China e inflação. Assim, o executivo disse que os próximos trimestres devem compensar o resultado no primeiro trimestre de 2022, de modo que o desempenho no ano fique dentro do “guidance” (projeções)  divulgado em fevereiro.

O Itaú Unibanco divulgou seu balanço na manhã desta segunda-feira, com um lucro líquido recorrente no primeiro trimestre de 2022 (1T22) de R$ 7,36 bilhões, um aumento de 15,1% ano a ano. Os números ficaram em linha com a expectativa de lucro líquido de R$ 7,35 bilhões de analistas consultados pela Refinitiv.

Antes, em coletiva de imprensa nesta manhã, o CEO destacou que, apesar do cenário desafiador no início do ano, os números do Itaú foram fortes, com destaque para a boa rentabilidade e o recorde do índice de eficiência da empresa. “Os números foram em linha com o planejado e demonstram a consistência do nosso desempenho, que é fundamental para seguirmos performando de forma sustentável”, destacou Milton Maluhy Filho.

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O CEO reforçou que o banco mantém o guidance divulgado em fevereiro para todo o ano de 2022. Segundo ele, após os resultados do 1T22, a expectativa positiva para o ano continua e o banco tem “todas as condições para atravessar 2022 com um balanço bastante robusto”.

“Continuamos acreditando que continua valendo para os próximos 9 meses. Todas as linhas capturam a geografia onde imaginamos que nossos resultados podem estar ao longo do ano”, destacou o CEO.

No balanço, o banco afirmou que o aumento do lucro se deve ao crescimento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo maior volume de crédito e pela mudança de mix de produtos, com maior crescimento relativo de produtos com melhores spreads e crescimento das receitas com cartões, devido a maior faturamento.

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A carteira de crédito total cresceu 13,9% ante o primeiro trimestre de 2021, atingindo R$ 1,0322 trilhão em março de 2022. Na carteira de pessoas físicas, o aumento está relacionado aos volumes de linhas associadas a crédito garantido, como imobiliário (44,5%), e também de outras linhas, como cartão de crédito (41,4%), na comparação com o mesmo período de 2021.

Na teleconferência com analistas, Maluhy Filho afirmou que houve contenção dos gastos com crédito durante a pandemia, que vêm sendo retomados junto a gastos e inflação. Neste cenário, há alta do crescimento com faturamento em crédito pelo Itaú, em linha com o mercado.

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Ele ressaltou que, no negócio de cartões, o banco tem 30% de participação de mercado. E afirmou que a empresa reduziu desde 2021 em 40% a produção e conquista de novos clientes por entender que o momento é mais adverso e a carteira está mais exposta à volatilidade.

Ele disse ver redução na poupança das famílias, especialmente as de menor renda. A carteira rotativa vem crescendo forte, mas a financiada caiu muito nos últimos dois anos, afirmou. Segundo o executivo, a retomada desta última vem ocorrendo, para patamares próximos àqueles anteriores da pandemia.

Custo do crédito e provisões

Segundo o balanço, o custo do crédito totalizou R$ 6,968 bilhões no primeiro trimestre de 2022, um avanço de 69,5% em relação ao mesmo trimestre de 2021.

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Esse aumento ocorreu pelo crescimento de 57,8% da despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD), em razão da expansão da carteira de crédito de varejo ao longo do período.

De acordo com Maluhy Filho, vem havendo deterioração do custo de crédito desde o segundo semestre de 2021. Por conta disso e com base em seus modelos, o banco vem reduzindo a originação de crédito em algumas frentes desde então, e espera que os resultados sejam sentidos agora.

Apesar da alta recente, o executivo afirmou que o custo do crédito e taxa de inadimplência estão em níveis historicamente baixos, e que a instituição financeira espera crescimento nos próximos três trimestres para patamares similares ou levemente abaixo daqueles da pandemia.

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Margens e hedge

Pelo balanço, a margem financeira gerencial somou R$ 21,047 bilhões entre janeiro e março deste ano, alta de 12,9% na comparação com igual etapa de 2021.

Na teleconferência, Maluhy Filho afirmou que o primeiro trimestre foi sólido em se tratando de margens, acima da guidance. Mas, no ano, ele disse que a expectativa é de que o resultado fique dentro da guidance. Ele afirmou que alguns fatores mudaram desde que as previsões foram divulgadas inicialmente, como a inflação. Mas ressaltou disse esperar que o resultado convirja para a expectativa para 2022 como um todo.

Com relação à carteira de crédito, o Itaú afirmou que a apreciação do real teve impacto na carteira de crédito no valor de R$ 30 bilhões a menos, especialmente no segmento América Latina. Mas a carteira fechou o trimestre em alta de 13,9%, com R$ 1,03 trilhão.

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Segundo o executivo, o custo do hedge (proteção contra variações) do índice, de R$ 400 milhões no primeiro trimestre, deve chegar no ano aos R$ 2 bilhões previstos na guidance. Ele lembrou que, neste ano, deve haver o fim do overhedge (proteção excepcional em moeda estrangeira), que foi de R$ 800 milhões em 2021.

Inadimplência

O índice de inadimplência foi de 2,6% no primeiro trimestre de 2022, elevação de 0,3 p.p. na comparação com igual etapa de 2021.

Questionado sobre a assimetria na inadimplência de 15 dias entre Itaú e o resto do mercado, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, afirmou que há sempre um “desvio sazonal” na série curta, e que o desvio está em linha com o observado anteriormente. Ele disse não ver perspectiva de desvio excepcional, mas que espera alta da inadimplência, em especial daquela de 90 dias.

O executivo ressaltou que a empresa não vem realizando venda de carteiras ativas, algo que impactaria positivamente o indicador. Também disse que o banco vem buscando renegociar carteiras em padrões que “sempre negociou”. Assim, há queda nominal da carteira renegociada. A carteira flexibilizada também não vem sendo renegociada, de forma que o banco apresenta uma “foto pura” de seus indicadores de inadimplência, em meio fatores como desaceleração do PIB e alta da inflação. Assim, diz esperar alta “relativa” da inadimplência até o final de 2022.

Venda de fatia na XP

Mais cedo, em coletiva com jornalistas, Maluhy afirmou que o Itaú pode realizar ainda em 2022 venda de parte da fatia da XP que foi comprada pelo banco em 29 de abril. “Nossa melhor expectativa é que, ao longo do ano, vamos escolher o melhor momento, inclusive para recuperação do capital, e efetivar a venda. É uma decisão que podemos tomar a qualquer momento. Vamos ver a melhor janela para desinvestir e recuperar capital”, disse.

Como parte do acordo feito ainda em 2017, em 29 de abril deste ano o Itaú efetivou a compra de 11,38% da XP Inc por R$ 7,9 bilhões.

Na teleconferência, Maluhy Filho afirmou que o desinvestimento tem o objetivo de recuperar o capital aportado, e “não parece que vai ser” por meio de um spin off. Isso porque o momento em que foi realizado o spin off anterior foi particular. Agora, “não há nenhuma pressa” para realizar o desinvestimento para maximizar a recuperação do índice de capital da empresa, afirmou.

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