IRB (IRBR3): Santander eleva preço-alvo de R$ 24 para R$ 43, mas faz alerta sobre efeito “El Niño”; ação sobe quase 6%

Recomendação para IRBR3, que avança cerca de 50% em 2023, segue neutra; analistas veem possível evento climático afetando sinistralidade da resseguradora

Lara Rizério

IRB (Foto: Divulgação)

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O Santander manteve a recomendação neutra para o IRB (IRBR3), enquanto elevou o preço-alvo para as ações de R$ 24 para R$ 43, uma elevação de 79% e correspondendo a um potencial de valorização de 12% em relação ao fechamento dos papéis na última terça-feira (20). Nesta quarta (21), os papéis fecharam com forte alta de 5,78%, a R$ 40,61; no acumulado do ano até a sessão de ontem, os ativos já haviam subido 49%.

“Estamos revisando nossas estimativas para o IRB, uma vez que a empresa obteve lucro no 1T23, e para incorporar uma sinistralidade melhor e premissas de crescimento de prêmios mais conservadoras em nosso modelo”, apontam os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, que assinam o relatório.

Os analistas agora esperam um lucro líquido de R$ 142 milhões em 2023, com um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 3,5% — ainda abaixo de sua projeção de 13% como o nível sustentável de ROE da empresa. Contudo, a elevação do preço-alvo ocorreu principalmente pela elevação na estimativa do ROE que deve ser o “novo normal” para a resseguradora, que antes era de 9% e agora passou para 13%.

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“Nossos números estão em linha com o consenso, mas abaixo do número que chegaríamos pelo cálculo da estimativa de lucro líquido da empresa a partir do consumo de créditos tributários”, avaliam.

Apesar da visão de melhores dias para a empresa, o Santander faz uma alerta. “É importante ressaltar que, embora acreditemos que a empresa esteja passando por uma história de turnaround [reviravolta], vemos a probabilidade de um novo evento El Niño como uma ameaça potencial à recuperação da empresa, pois pode levar a um aumento da sinistralidade novamente”, avaliam.

Conforme indicado pela análise de probabilidade da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), há uma probabilidade de 93% de um evento El Niño acontecer em 2023/2024, afetando safras agrícolas.

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O IRB já sofreu com sinistros anormalmente altos durante eventos climáticos anteriores (por exemplo, em 2021/2022), apesar de aumentar sua taxa de retrocessão, pela qual repassa parte das responsabilidades que assumiu para outro ressegurador, com o objetivo de proteger seu patrimônio, durante esses períodos.

“Embora reconheçamos que o IRB reavaliou a maioria de seus prêmios recentemente, provavelmente incorporando riscos de novos eventos climáticos, bem como sua exposição, ainda vemos riscos para os resultados da empresa”, apontam os analistas.

O banco ainda aponta que o IRB relatou uma sólida melhora de 16 pontos percentuais em relação ao ano anterior na sinistralidade no 1T23, levantando a questão se a sinistralidade finalmente atingiu um ponto de inflexão. “Acreditamos por enquanto que sim — embora vejamos riscos vindos de um potencial El Niño — e, portanto, estimamos que a sinistralidade atinja 77% e 76% até 2023 e 2024, respectivamente”, avaliam.

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Os analistas também não esperam um novo aumento de capital – não no momento. Apesar de ter levantado R$ 1,2 bilhão em seu último aumento de capital em agosto de 2022, o atual índice de suficiência de capital do IRB está em 105%, com excesso de R$ 72 milhões, resultado do fraco lucro recente.

Embora o retorno da sinistralidade aos níveis normais deva impulsionar o lucro líquido e, consequentemente, levar a índices de capital mais fortes, os analistas informam que, caso o IRB volte a ficar aquém das exigências de capital impostas pela reguladora Susep, um novo aumento de capital poderá ser necessário, diluindo ainda mais o acionista.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.