IPCA “político”, pesquisas eleitorais e China agitarão a Bolsa semana que vem

A semana que vem contará com dados prévios da inflação intervindo em debates políticos, além de PMI e PIB da China e horário de verão

Marina Neves

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SÃO PAULO – Nesta sexta-feira (17), se finda mais uma semana agitada na Bovespa. Se as pesquisas eleitorais haviam agitado a primeira semana pós-primeiro turno, esta semana não foi tão cheia de novidades no cenário eleitoral. Com a maioria das pesquisas eleitorais da semana demonstrando empate técnico, o mercado ficou de olho no exterior, com dados vindos dos EUA.

Mas, para a semana que vem, entre os dias 20 e 24, o investidor deve aguardar “calmaria” no exterior, voltando toda sua atenção, novamente, para as pesquisas eleitorais. A última semana antes do segundo turno, que decidirá o próximo presidente para 4 anos, deverá ter, pelo menos 4 pesquisas eleitorais, que poderão sair já a partir de segunda-feira (20). A pesquisa Sensus, que saiu no final do pregão desta sexta, deverá interferir no movimento do mercado já na segunda-feira.

Para fora do cenário eleitoral, no entanto, o mercado aguarda a divulgação do PIB e produção industrial da China, que sempre tem forte impacto nas ações da mineradora Vale (VALE3; VALE5), já que o país é maior consumidor de seu principal produto. Além deles, o IPCA-15, que funciona como uma prévia da inflação, também deverá influenciar na Bolsa na próxima semana. Vale mencionar ainda que, na segunda-feira ocorre o vencimento de opções sobre ações na Bovespa, o que normalmente gera maior volatilidade da Bolsa.

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Para semana que vem, vale mencionar o início do horário de verão, com os relógios sendo adiantados em uma hora à meia-noite de sábado (18) para domingo (19). Porém, é importante destacar que isso não irá gerar nenhuma alteração nas negociações dentro da BM&FBovespa. De acordo com a Bolsa, os horários para negociação do mercado à vista serão mantidos.

Veja os eventos que irão agitar a Bolsa na próxima semana:

1) Pesquisas eleitorais
As pesquisas eleitorais já começaram a “aquecer” o humor do investidor a partir do final do pregão desta sexta-feira, com a divulgação da pesquisa Sensus, que deverá ser “absorvida” pelo investidor no final de semana e vista nos movimentos do mercado na segunda.

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A pesquisa Sensus, divulgada nesta sexta, mostrou que a diferença entre os candidatos, que era de 17,6 pontos, caiu para 12,8 pontos, com Aécio Neves (PSDB) liderando as intenções de voto com 56,4% dos votos válidos, contra 43,6% de Dilma Rousseff (PT).

O economista da Compliance, Clodoir Vieira, explicou: “o mercado vai estar mais voltado para as pesquisas dependendo do distanciamento de um candidato do outro. Se os candidatos ficarem nos níveis que estão hoje, empatados, não se altera muito o mercado, mas se eles se distanciarem, vai dar muita volatilidade à Bolsa, ou pra cima ou pra baixo”.

O economista ainda acrescenta que o debate de ontem, veiculado pela emissora SBT, “será muito importante para os resultados das pesquisas”, sendo que, de acordo com ele, até as eleições, as pesquisas irão comandar a volatilidade da Bolsa. 

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Ainda sairão, a partir da segunda-feira da semana que vem, as pesquisas eleitorais Datafolha, MDA, Vox Populi e Veritá, que realizou pesquisa mostrando Aécio com quase 10 pontos de vantagem sobre Dilma. Importante destacar ainda os dois debates que irão ocorrer na semana, uma na Rede Record, neste domingo, e a outra na Globo, dia 24 – dois dias antes da eleição. 

2) PIB e produção industrial da China
Os índices, que deverão sair na terça e quarta-feira, são acompanhados pelo mercado já que possuem direta influência sobre os papéis da Vale, que exporta seu principal produto – minério de ferro – para o país. Se os dados vindos de lá estiverem melhor que o mercado, a reação dos papéis na Bolsa brasileira é positiva e vice-versa, já que bons indicativos mostram que o país terá maiores condições de comprar o insumo.

Clodoir explica que “dados como estes, vindos da China, são bem importantes para a Vale. Uma recuperação da indústria chinesa seria interessante para a companhia, ou seja, se viesse um número acima do esperado, a reação é positiva”.

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Sobre os dados chineses, os analistas da Rosenberg Associados dizem que , “após desacelerar em agosto, espera-se que a indústria do país se recupere em setembro. Tal desaceleração deve ter efeito direto no PIB, que cresceu a taxa anualizada de 7,5% no segundo trimestre (em cima da meta estipulada pelo Governo) e que deve perder fôlego no terceiro trimestre segundo as expectativas do mercado”.

3) IPCA-15 de outubro
Mesmo sendo coletado a cada dia 15 do mês, e sendo uma prévia da inflação, o IPCA terá influência indireta na Bovespa. Clodoir explica que o dado virá em tom político, já que irá interferir nos debates políticos. “Se a inflação reduzir, diminui a intensidade dos debates, já que Dilma Rousseff (PT) vai querer mostrar que a inflação está sobre controle. Se subir, o Aécio Neves (PSDB) passa a ter vantagem no debate para questionar as alegações da presidente”. 

Como as pesquisas eleitorais também demonstram os debates, na medida que o eleitor pondera quem está se saindo melhor, as pesquisas podendo mudar também influenciarão nos mercados, já que uma melhora de Aécio ou de Dilma leva os mercados a subir, ou cair.

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Os analistas da Rosenberg dizem que esperam “variação de 0,51%, apresentando aceleração em comparação ao mês anterior, quando variou 0,39%. A taxa em 12 meses deve retomar o ritmo de elevação, chegando a 6,65% nesta leitura”.