Intelbras (INTB3) reporta resultados decepcionantes, é rebaixada pelo BBA e ação cai quase 10%: “até maiores empresas têm seus desafios”

Apesar do lucro maior, chamou a atenção a queda da receita líquida; analistas veem falta de visibilidade

Felipe Moreira

Divulgação

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Os números do segundo trimestre da Intelbras (INTB3) não agradaram os investidores. O Itaú BBA rebaixou a recomendação para ações da companhia de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) após a divulgação dos resultados na noite da última quinta-feira (27).

Com isso, as ações fecharam em queda de 9,92%, a 22,70, na sessão desta sexta-feira (28).

Apesar do crescimento da lucratividade, o que chamou a atenção dos analistas foi a queda da receita líquida da empresa tanto na base trimestral quanto na anual.

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Segundo relatório do banco, chamado “mesmo as maiores empresas enfrentam desafios”, os números do trimestre passado evidenciaram que o mercado solar está passando por uma desaceleração mais acentuada do que o esperado e pelo segundo trimestre consecutivo, a receita da divisão da Intelbras caiu – 47% na base anual somente no 2T23 – ficando quase 40% abaixo das estimativas do BBA.

“Até a própria Intelbras admite em seu relatório de resultados que o desempenho do segmento ficou abaixo até das expectativas mais pessimistas. Uma atitude tão transparente e sincera não pode ser encontrada em muitas empresas e definitivamente aplaudimos a Intelbras por isso”, acrescentam analistas.

Diante desse cenário e do fato de que a energia solar é fundamental para o caso de investimento da Intelbras, o BBA traçou um cenário bastante conservador para 2023 e 2024. Considerando receitas solares iguais às receitas não solares no segmento de energia ao longo de 2023, agora o banco projeta uma contração de 44% para o segmento no ano (cerca de 14% nas receitas consolidadas).

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Assim, se ainda considerando o crescimento consolidado da receita de aproximadamente 20% para 2024, operando com margem Ebitda (receita sobre Ebitda) de 13%, a ação estaria negociando a 15 vezes Preço/Lucro para 2024, o que não parece exigente, mesmo em um cenário tão pessimista.

Embora o analistas comentem estar impressionados com o excelente trabalho da Intelbras em segurança e comunicações neste trimestre (tanto em termos de crescimento quanto de margem), eles acreditam que será difícil para a Intelbras se recuperar antes de obtermos mais visibilidade nas receitas de energia solar.

O Itaú BBA ainda ressalta que acredita “piamente no que a Intelbras pode construir e entregar a longo prazo e estamos confiantes de que a empresa superará os desafios em algum momento. Aguardamos ansiosamente esse momento para voltarmos a ter uma visão mais otimista da ação”.

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O Bradesco BBI também avalia os resultados da Intelbras no 2T23 como marginalmente negativos para as ações, com Ebitda aquém do esperado, impactado pelo desempenho sequencial mais fraco do segmento solar.

No entanto, diferentemente do BBA, o BBI mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 35 para ações do Intelbras.

Embora as ações da companhia já apresentem um desempenho significativamente inferior (-17% no acumulado do ano versus alta de 9% do Ibovespa), analistas do BBI acreditam que o cenário ainda desafiador – como reiterado pelos comentários da administração – ainda pode indicar riscos para as expectativas de consenso para o restante do ano.

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A XP também destacou as receitas mais fracas do que o esperado, mas ainda com margens sólidas. A casa ainda ressalta que as ações da INTB3 caíram 14% no valor acumulado em 2023. Os analistas ainda atribuem essa performance negativa principalmente ao cenário desafiador para o segmento solar, com (i) as mudanças nas regras de geração distribuída que entraram em vigor em janeiro de 2023; e (ii) queda na participação de financiamento para sistemas fotovoltaicos.

“Dito isso, embora acreditemos que a desaceleração do segmento solar já esteja precificada nos níveis atuais, podemos ver um desempenho negativo das ações da INTB3 após esses resultados do 2T [que se efetivou], já que a empresa entregou uma queda acentuada na receita do segmento de energia, o que vai ofuscar a melhoria da margem bruta. Ainda temos pouca visibilidade sobre a evolução deste segmento para os próximos trimestres”, aponta.