ADRs de empresas brasileiras reduzem perdas, mas fecham em baixa nos EUA em dia sem pregão na B3

CSN, Vale e Gerdau lideraram quedas de até 5% durante o pregão, puxadas pelo minério de ferro nos mercados internacionais; bolsas americanas têm leve alta

Mariana Segala Lucas Sampaio

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O índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR (BR20) fechou em baixa de 1,52% nesta sexta-feira (21) nos Estados Unidos, aos 16.434 pontos, e o ETF EWZ caiu 1,04%, cotado a US$ 27,70, na contramão das bolsas americanas.

O dia é de folga na B3, devido ao feriado de Tiradentes, mas nos EUA os recibos de ações de empresas brasileiras são negociados normalmente. Tanto o BR20 quanto o EWZ reduziram as perdas ao longo da tarde, pois chegaram a cair 2,48% e 1,86%, respectivamente (por volta das 13h30).

Já as bolsas americanas operaram perto da estabilidade durante quase todo o dia e fecharam levemente no campo positivo: o S&P 500 subiu 0,09% (aos 4.133 pontos); o Dow Jones, 0,07% (33.808 pontos); e o Nasdaq, 0,11% (12.072 pontos).

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O BR20 reúne os ADRs (American Depositary Receipts) das principais companhias do Brasil, e o EWZ é principal ETF (Exchange Trade Fund) brasileiro negociado no mercado americano. Ele replica o índice MSCI Brazil.

Maiores baixas

As mineradoras e siderúrgicas lideraram as quedas do dia, puxadas pelos preços do minério. Os contratos mais negociados de minério de ferro na Dalian Commodity Exchange recuaram 2,82%, cotados a 723,5 iuanes a tonelada (US$ 104,95).

Os ADRs da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) registraram a maior queda (-3,79%), cotados a US$ 2,79, seguidos pelos recibos da Vale (-3,06%, a US$ 14,27) e da Gerdau (-2,76%, a US$ 4,94). Os ADRs da Vale chegaram a cair mais de 5% durante o pregão e os da Gerdau, mais de 4%.

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Só 5 recibos de ações brasileiras fecharam em alta, e nenhuma superou 1%: Itaú Unibanco (+0,20%), Grupo Ultra (+0,35%), Azul (+0,79%), BRF (+0,84%) e GPA (+0,99%). A maior valorização do dia foi do Grupo Pão de Açúcar (GPA).

Ticker Empresa Cotação Variação
SID Companhia Siderúrgica Nacional 2,79 -3,79%
VALE Vale S.A. 14,27 -3,06%
GGB Gerdau 4,94 -2,76%
CIG Companhia Energética de Minas Gerais 2,39 -2,45%
GOL Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. 2,52 -1,95%
ABEV Ambev 2,83 -1,74%
PBR Petrobras 11,60 -1,36%
PBR.A Petrobras 10,42 -1,23%
ERJ Embraer 15,79 -1,13%
BSBR Banco Santander (Brasil) SA 5,29 -0,94%
EBR Eletrobras 7,50 -0,92%
VIV Telefônica Brasil 7,99 -0,87%
EBR.B Eletrobras 6,63 -0,75%
TIMB TIM Brasil 13,40 -0,74%
BBD Bradesco 2,69 -0,37%
SBS Sabesp 9,62 -0,10%
ITUB Itaú Unibanco 5,03 +0,20%
UGP Grupo Ultra 2,84 +0,35%
AZUL Azul SA 6,36 +0,79%
BRFS BRF 1,20 +0,84%
CBD GPA 3,05 +0,99%

PMIs americanos

Os investidores digeriram os balanços do primeiro trimestre já divulgados por algumas empresas, enquanto analisam os dados para inferir sobre a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e sobre a atividade econômica.

O indicador mais aguardado nesta sexta era o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos EUA, que subiu de 52,3 em março para 53,5 na preliminar de abril. É o maior patamar em 11 meses, segundo a S&P Global.

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O PMI da indústria americana avançou de 49,2 em março para 50,4 na prévia de abril, contrariando os analistas ouvidos pelo Wall Street Journal (que projetavam queda para 49,0), e atingiu a máxima em 6 meses. Já o PMI de serviços avançou de 52,6 em março para 53,7 em abril — maior nível em 12 meses.

A S&P Global destacou em comunicado que os números mostram “também renovado impulso para a inflação”. A agência aponta que os dados de abril indicam um ganho de fôlego nas taxas de custos de insumos e na inflação ligada à produção. Houve altas em despesas operacionais em ritmo “historicamente elevado”, com avanços em preços de fornecedores.

Os dados do PMI (índice de gerentes de compra) industrial do Reino Unido, da Alemanha e da Zona do Euro ficaram abaixo das estimativas de consenso no mercado, embora os números de serviços tenham vindo mais fortes.

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Juros nos EUA

Ontem, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, reiterou que os juros americanos devem superar os 5% ao ano, mas não disse se vai defender uma elevação de 25 pontos-base no encontro de maio do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

O FOMC é o equivalente americano ao Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central brasileiro, que define a taxa Selic. Mester não vota nas reuniões do FOMC deste ano, mas disse que as próximas decisões vão incorporar avaliações sobre o setor bancário.

“Precisamos garantir que coloquemos inflação em uma trajetória descendente de maneira sustentável”, disse a dirigente do BC americano. Sua par no Fed de Dallas, Lorie Logan, por sua vez, afirmou que a inflação ainda está “alta demais”.

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“Estamos no campo da recessão nos EUA no segundo semestre e esperamos que os dados enfraqueçam daqui para frente”, disse Mohit Kumar, estrategista da Jefferies International, à CNBC. “Uma vez que o último aumento de juros do Fed seja feito em maio, o mercado começará a focar nos dados econômicos fracos, e eles se tornarão más notícias. A sazonalidade começa a mudar em maio, com maio e junho sendo meses ruins para o desempenho de ativos de risco”.

Petróleo

Os preços do petróleo fecharam em leve alta nesta sexta, só um pouco acima dos níveis de quando os principais produtores da OPEP+ anunciaram cortes de produção. O preço do barril tipo Brent é negociado na casa dos US$ 81 o barril e o WTI, abaixo de US$ 78.

Na Coreia do Sul, uma grande refinaria de petróleo pode cortar operações neste verão, alimentando preocupações sobre a demanda por petróleo.

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Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney