Iguatemi (IGTI11) tem mais um balanço positivo; destaques ficam para dividendos e guidance

Apesar de receita crescendo menos do que o esperado, inflexão do e-commerce e ganhos de margem tornaram resultado positivo para analistas; BBA e BBI veem lucro, dividendos e guidance como destaques

Vitor Azevedo

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A operadora de shoppings Iguatemi (IGTI11) teve um resultado do quarto trimestre de 2023, divulgado na noite dessa terça-feira (20), considerado positivo pelos analistas, principalmente no que tange o Ebitda (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, na sigla em inglês), espécie de lucro operacional, que superou o consenso. 

O time do Goldman Sachs, encabeçado por Jorel Guilloty, menciona que apesar de o Iguatemi ter trazido uma receita – de R$ 315,1 milhões – abaixo do consenso, o Ebitda foi destaque, com o e-commerce do grupo puxando o resultado para cima. “Essa divisão alcançou o ponto de equilíbrio no trimestre pela primeira vez, com R$4,7 milhões em Ebitda (margem de 13%) contra um Ebitda negativo de R$ 3,2 milhões no terceiro trimestre”, diz.  A divisão de shoppings, segundo eles, também trouxe uma melhoria na margem bruta de 650 pontos base na comparação anual, chegando a 87,6%.

Do lado da receita, eles explicam que o principal peso no resultado foram os descontos acima do que esperavam em aluguéis, ficando 4% abaixo do consenso, em R$ 251 milhões. A receita líquida total do Iguatemi foi de R$ 311 milhões, 7% abaixo do número projetado pelo banco americano. 

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Do lado operacional, o Itaú BBA vai na mesma linha. “As receitas líquidas ficaram ligeiramente abaixo da nossa estimativa, mas com um aumento de 9% ao ano. As despesas de SG&A [com vendas, gerais e administrativas, na sigla em inglês] na divisão de shoppings estavam quase em linha com nossa previsão, mas um resultado melhor na divisão de varejo, combinado com resultados imobiliários melhores do que o esperado (refletindo vendas de lotes de terreno pelo Iguatemi Campinas), impulsionaram o Ebitda”, explica a equipe do banco, liderada por Daniel Gasparete. 

Os destaques para o BBA, bem como para o Bradesco BBI, no entanto, ficaram para o lucro do Iguatemi, os dividendos de R$ 200 milhões e o guidance. A combinação entre Ebitda melhor do que o esperado e o recuo dos gastos com dívidas puxaram o número para cima.

“A empresa combinou indicadores positivos no geral, impulsionados por: um aumento na taxa de ocupação, um rendimento de dividendos proposto de 3%, forte crescimento da receita principal, e-commerce atingindo o ponto de equilíbrio, e guidance divulgado para 2024”, expõe o time do Bradesco BBI, encabeçado por Bruno Mendonça. 

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Para o guidance de 2024, a Iguatemi divulgou que pretende aumentar sua receita de shoppings de 4% a 8% e colocar sua margem Ebitda nesse segmento de 82% a 85% de 83,6% em 2023. Já a margem Ebitda total deve ficar entre 75% e 79%, de 75% no ano passado, e os investimentos, entre R$ 190 e R$ 230 milhões, contra R$ 199,3 milhões em 2023.

“Temos uma recomendação de compra para as ações da Iguatemi, impulsionada por expectativas de expansão da margem de Ebitda”, fala o Goldman. “Os números apoiam nossa estimativa de FFO (fundos de operações, termo que os investidores usam para descrever o fluxo de caixa de uma empresa imobiliária ou um fundo de investimento imobiliário) de R$ 660 milhões para 2024 (que está alinhada com o consenso), com uma redução projetada nos custos e despesas na divisão de varejo compensando o crescimento mais suave da receita principal para o segmento de shoppings”, diz o BBA.

Na teleconferência de resultados, realizada hoje, os executivos do Iguatemi deram mais detalhes de como a companhia pretende entregar um aumento de receita e de lucratividade. 

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Do lado da receita, a companhia pretende expandir alguns ativos, com a demanda elevada, e menciona que a assinatura de contratos está em níveis recordes, bem como os preços cobrados. 

“O nível de desconto que temos hoje é menor do que tínhamos antes de entrar na recessão de 2015. Maturação dos ativos e demanda por espaços faz com que a gente tenha capacidade de chegar ainda mais longe”, falou Cristina Betts, CEO do Iguatemi. “Vamos escalar nos aluguéis e na ocupação, mas também em outras linhas. Vamos continuar buscando o ganho real em cima da correção”, completou Guido Oliveira, CFO.

Na frente de desinvestimentos, a Iguatemi mencionou que segue “lapidando seu portfólio” – considerando o bom momento do mercado. Na frente de investimentos, mesmo com a alavancagem recuando ao longo de 2023, a companhia defende que manterá sua racionalidade sem deixar de acompanhar possíveis bons negócios.