Ibovespa zera novamente entre incertezas e alívio com Levy e Tombini; dólar cai

Mercado ganha volatilidade na medida em que o cenário político e a deterioração da macroeconomia voltam a pesar

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa zera novamente nesta sexta-feira (25), com as incertezas no radar político impedindo uma recuperação do mercado brasileiro apesar do alívio trazido pela atuação do BC e do Tesouro para para conter a depreciação cambial. Do lado internacional, a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, trouxe otimismo ao dizer que a turbulência nos países emergentes não comprometerá o crescimento dos Estados Unidos, o que faz com que o Fed caminhe para subir os juros ainda este ano. 

Às 12h00 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira tinha leve alta de 0,13%, a 45.349 pontos. Já o dólar comercial voltava a registrar perdas depois de virar para alta e caía 0,20% a R$ 3,9834 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro subia 0,33% a R$ 3,959. 

O BC ofertou 20.000 contratos de swap cambial entre as 9h30 e as 9h40, além do leilão regular de até 9.450 contratos de swap cambial para rolagem em outubro das 11h30 às 11h40. A autoridade monetária ainda faz leilão de linha de até US$ 1 bilhão. Em conjunto com a autoridade monetária, o Tesouro Nacional tem recomprado diariamente NTN-Fs para influenciar os juros para baixo. 

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 virava para alta de 7 pontos-base a 15,79%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 subia 1 pb a 16,00%. 

Às 9h30 foi divulgada a terceira prévia do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no segundo trimestre de 2015. Houve um avanço de 3,9% na atividade econômica do país. Acima dos 3,7% apurados pela segunda prévia e também acima da mediana das expectativas do mercado segundo a pesquisa Bloomberg, que era de 3,7% de expansão. 

Voltando ao cenário doméstico, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mostrou discurso alinhado com Tombini e disse que o uso das reservas internacionais para conter volatilidade é uma possibilidade. Anteriormente, o presidente do BC tinha dito: “a gente não contém alta (do dólar). A gente evita que os mercados deixem de funcionar bem. Para a gente é importante garantir a liquidez”.

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Já o diretor de Assuntos Econômicos do BC, Luiz Awazu, disse que o componente fiscal pode desancorar expectativa de inflação e que é preciso fortalecer a política econômica e os fundamentos.

Fed
Depois de Janet Yellen, o presidente da distrital do Federal Reserve em Saint Louis, James Bullard, voltou a pressionar hoje pela elevação das taxas de juros, ao dizer que o estado atual da economia norte-americana não exige mais juros de curto prazo em níveis próximos de zero. “Uma política monetária prudente, baseada nos princípios tradicionais de um banco central, começaria a normalizar as características da política gradualmente, uma vez que as metas…foram basicamente cumpridas”, disse Bullard em discurso.

Bullard, que não vota nas reuniões de política monetária do Fed este ano, voltou a dizer que o BC norte-americano está mais perto de atingir o que busca nos campos de emprego e inflação. Sendo assim, defendeu ele, está na hora de tirar os juros das mínimas em que estão desde o fim de 2008.

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Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Jr., a melhora em ativos de risco apesar do Fed indicar alta dos juros se deu porque historicamente, a alta das taxas não tende a elevar o dólar no primeiro momento, mas o dólar tende a subir 6 meses após o início do ciclo de alta dos juros. Além disso, a alta dos juros combate a ideia de economia global fraca.

Cenário político
No front político, o anúncio da reforma ministerial ficou para a próxima semana. No primeiro momento, Dilma pretendia entregar aos peemedebistas apenas cinco ministérios, menos do que eles têm hoje, mas com a vantagem de levarem o cobiçado Ministério da Saúde e seus mais de R$ 100 bilhões de Orçamento. A composição, contudo não privilegiava o vice-presidente Michel Temer e, alertada por Lula, ela aumentou a cota para seis pastas, desistindo de fundir a Aviação Civil com os Portos e segurando o deputado Eliseu Padilha na equipe. 

Ao mesmo tempo em que a reforma administrativa fica indefinida, o debate sobre o impeachment da presidente Dilma volta ao plenário da Câmara dos Deputados. 

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Destaques de ações
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,18, -1,45%; PETR4, R$ 6,92, -0,57%) perdem força depois de ter registrado alta de mais de 2% nesta manhã, apesar da alta do petróleo do brent no mercado internacional, que subia 1,0%, a US$ 48,65. No radar da companhia, o Bank of America Merrill Lynch cortou sua projeção de crescimento da produção da Petrobras em 12,5% do período entre 2015 e 2019, para US$ 126 bilhões. Além disso, segundo informações da Bloomberg, a Fundação de Bill Gates está processando a Petrobras e PWC por esquema de corrupção.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 RENT3 LOCALIZA ON 24,24 -3,23
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 36,30 -2,29
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN 50,81 -2,27
 SANB11 SANTANDER BR UNT 13,03 -1,96
 TIMP3 TIM PART S/A ON 8,00 -1,84

As ações da Vale (VALE3, R$ 18,32, -0,70%; VALE5, R$ 14,57, -1,29%) perderam força e operam no negativo nesta manhã, apesar dos contratos futuros de minério de ferro na China terem registrado recuperação nesta sexta-feira, mas ainda apresentando a segunda queda semanal consecutiva, com a demanda mantendo-se fraca e comerciantes de aço tentando reduzir os seus estoques antes de uma semana de feriado nacional a partir de 1º de outubro.

O minério de ferro para entrega em janeiro na bolsa de Dalian subiu 1,2%, fechando a 382 iuanes (US$ 59,93) por tonelada nesta sexta-feira. O contrato registrou baixa de 2,4% na semana.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 14,87 +3,34
 BRKM5 BRASKEM PNA 16,62 +2,34
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 41,96 +1,97
 ELET3 ELETROBRAS ON 5,09 +1,80
 HGTX3 CIA HERING ON 14,27 +1,78


Cenário externo
As bolsas chinesas caíram nesta sexta-feira, lideradas pela venda generalizada de ações de empresas com menor valor de mercado, enquanto os principais índices terminaram a semana praticamente estáveis em meio à diminuição do volume de negócios.

Em destaque, está a fala da chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, que animou o mercado. A presidente do Fed disse esperar que o banco central dos Estados Unidos comece a elevar os juros ainda neste ano, contanto que a inflação permaneça estável e a economia norte-americana esteja forte o suficiente para impulsionar o emprego. As ações europeias sobem, com índices avançando de 2% a 3%, e o S&P futuro sobe mais de 1% após a presidente do Fed assegurar que turbulência nos emergentes não comprometerá crescimento nos EUA.

Yellen, falando uma semana após o Fed postergar um aguardado aumento de juros, disse que ela e outros integrantes do Fed não esperam que os recentes desdobramentos econômicos e financeiros globais afetem significativamente a política monetária.

Na Ásia, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 1,61 por cento, para 3.231 pontos. O índice de Xangai caiu 1,62 por cento, para 3.091 pontos. Durante a semana, o resultado preliminar do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria chinesa mostrou que a atividade do setor no país caiu ao nível mais fraco desde 2009, alimentando temores sobre a economia global, mas uma alta no preço dos imóveis pelo quarto mês seguido trouxe alguma tranquilidade.

Os volumes semanais caíram quase 80% desde o pico de julho, com as médias permanecendo em trajetória de queda com os investidores esperando sinais mais claros sobre o horizonte à frente.

Já o Nikkei subiu 1,76%, impulsionado pela demanda dos investidores por ações com desconto.