Ibovespa vira para alta puxado por disparada de bancos e seguindo bolsas americanas

SÃO PAULO – O Ibovespa vira para alta nesta quarta-feira (18), seguindo o movimento registrado pelas bolsas norte-americanas. Mais cedo, o índice caía em meio ao aumento da probabilidade de que o Federal Reserve eleve os juros nos Estados Unidos antes do previsto. Entre os eventos mais importantes do dia está a divulgação da ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), que pode ser importante para sinalizar o timing do aumento das taxas nos EUA.

Por aqui, o mercado aguarda medidas concretas da equipe econômica do governo Temer anunciada ontem e têm cautela com relação à governabilidade desta gestão. Na primeira reunião com líderes do Congresso, o presidente interino Michel Temer, já recebeu pedido para retirar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) de recriação da CPMF. Ainda sobre o novo governo, segundo a Folha de S. Paulo, Temer tem demitido mais de 100 funcionários por dia útil. 

Às 11h47 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha alta de 0,44%, a 50.062 pontos. Já o dólar comercial tem alta de 1,10% a R$ 3,5300 na venda, enquanto o dólar futuro para junho sobe 0,96% a R$ 3,541 de olho na ata do Fomc, mas também no leilão de swaps do Banco Central. O BC colocou todos os 50.000 contratos de swap cambial reverso ofertados. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tem alta de 4 pontos-base a 13,68%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 avança 16 pontos-base a 12,55%. 

Segundo Daniel Ximenes Almeida, trader da Daycoval Investimentos, a alta de hoje não só reflete uma melhora do exterior como também uma percepção dos investidores de que a Bolsa já corrigiu muito nos últimos dias, voltando a ter alguns papéis, principalmente bancos, em ponto de compra. “Com os bancos públicos existe essa expectativa em relação a troca de direção, de modo que qualquer nome não político em BB e Caixa vai fazer esses papéis subirem. Mas  o mercado em geral vai continuar volátil até saírem as medidas mais concretas desse novo governo”, explica Almeida.

Ações em destaque
Os principais responsáveis pela virada do Ibovespa foram os bancos. Dentro do setor mais pesado do índice, Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 30,91, +2,15%), Bradesco (BBDC3, R$ 27,18, +1,30%; BBDC4, R$ 25,44, +1,52%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,57, +2,37%) viram para alta. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Entre as altas estavam as exportadoras de papel e celulose. Fibria (FIBR3, R$ 30,06, +1,28%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,22, +0,14%) operam com ganhos por conta do desempenho positivo do dólar. Por possuírem suas receitas na moeda norte-americana, essas empresas têm as suas rentabilidades aumentadas quando há valorização da divisa dos EUA ante o real.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Por outro lado, as ações da Petrobras operam entre perdas e ganhos. O brent tem leve alta de 0,24%, a US$ 49,40 o barril.

No noticiário da estatal, destaque para a notícia de que a Petrobras (PETR3, R$ 12,44, +0,32%; PETR4, R$ 9,48, -0,21%) captou nesta terça-feira US$ 6,75 bilhões com o lançamento de bônus no mercado internacional de 5 e 10 anos, na primeira oferta global de uma empresa brasileira desde junho e a primeira desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Conforme destaca o BTG Pactual, enquanto o yield da emissão estabelece um custo bastante elevado da dívida para Petrobras, este é ofuscado pela reafirmação da capacidade de explorar os mercados de dívida. A LCA Consultores ressalta que a mudança de governo, a perspectiva de que haverá um encaminhamento aos problemas financeiros da Petrobras e a recuperação dos preços do petróleo contribuíram para a redução dos seus prêmios de risco e para o sucesso de emissão.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Já a Vale (VALE3, R$ 15,20, +0,46%; VALE5, R$ 12,38, -0,16%) também opera sem direção após cair pela manhã. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve alta de 1,79% a US$ 56,78 a tonelada seca.

Votação da meta fiscal
O novo presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que vai se reunir até hoje com o ministro do Planejamento, Romero Jucá, para tratar da votação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN 1/2016), que altera a meta fiscal, e da escolha do relator da proposta na comissão. Segundo Lira, como o prazo para a votação do PLN está se esgotando, ele quer definir o relator junto com o ministro. “Vou conversar com o Jucá para definir um relator que seja alinhado com o projeto, até porque não pode ter mais emendas na comissão e o prazo está se esgotando”, disse. 

Segundo o governo do presidente interino Michel Temer, caso a aprovação não ocorra, a equipe econômica terá que fazer um corte adicional de despesas, podendo levar à paralisação da máquina pública. Diante da pressa do governo em colocar o tema em votação, Arthur Lira prometeu se reunir com os coordenadores e líderes na comissão para tentar votar o projeto hoje. O PLN 1/2016 altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para propor um novo mecanismo de ajuste na meta de superávit primário. O texto foi encaminhado pela presidente afastada Dilma Rousseff no fim de março, com a projeção de um déficit de quase R$ 100 bilhões.

Ata do Fomc (EUA)
A lista de indicadores importantes desta quarta traz a ata do Fomc, que será divulgada às 15h00. A probabilidade de alta dos juros do Fed em dezembro aumentou de 56% na segunda-feira para 65% ontem após CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) acima do previsto nos EUA. Já a chance de alta em novembro passou de 41% para 51%.

Estoques de petróleo
Os estoques do petróleo em Cushing, Oklahoma, serão divulgados hoje às 11h30. Na semana passada, os estoques ficaram em uma queda de 3,41 milhões de barris.