Ibovespa vai cair até fundo da crise de 2008, diz um dos maiores grafistas do Brasil

Forte queda do índice vai chegar em breve e deve pegar muitos investidores desprevenidos, alerta Fausto Botelho

Paula Barra

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SÃO PAULO – Para um dos mais experientes analistas técnicos do Brasil, Fausto Botelho, que atua há 37 anos no mercado, a arrancada do Ibovespa de março para cá foi somente um suspiro na tendência baixista de longo prazo e em breve o índice alcançará o fundo da crise de 2008. 

Em entrevista ao InfoMoney, Botelho disse que esse movimento é característico da tendência de baixa. “O mercado cai, sobe e acumula e depois volta a cair ainda mais do que na primeira vez e segue descendo em escadinha, e a história do índice mostra que ele deve cair até encontrar a linha traçada desde 1963”, disse o grafista.

A projeção de Botelho pode parecer alarmista num primeiro momento, mas está embasada em um gráfico elaborado por ele que leva em consideração os cinco anos antes da criação do Ibovespa (1968), quando existia apenas o IBV (Índice da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro). Segundo ele, esse período que antecedeu o Ibovespa é importantíssimo, pois somente assim é possível traçar uma reta de suporte de longo prazo do índice que inclua o fundo de 1965 (para conferir o gráfico, clique aqui).

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“Essa reta já foi tocada cinco vezes no passado e deve ser tocada novamente em breve. Nada mais do que o ângulo de inclinação de alta que os preços estão respeitando nos últimos 50 anos”, disse. Ou seja, para aqueles que ficaram mais entusiasmados com a última arrancada do índice, Botelho deixa um sinal vermelho: “o Ibovespa tende voltar ao patamar da crise de 2008” – o que seria por volta dos 12.000 pontos no índice dolarizado, que é como o analista elaborou o gráfico. Atualmente, ele está próximo aos 23.000 pontos, na escala em dólares. 

Até um leigo vê isso?
Segundo ele, o canal formado pelo índice, com base no gráfico da Enfoque, é bastante sugestivo até para os leigos, no sentido que atualmente os preços caminham para tocar novamente a reta de suporte, o que significaria mais quedas pela frente.

De fato, ao olhar para o gráfico, nota-se com facilidade que foi exatamente isso que os preços fizeram nos últimos três grandes topos anteriores ao último de 2008, quando o Ibovespa atingiu sua máxima histórica antes do ápice da crise do subprime: os topos de 1997 (crise da Ásia), 1986 (Plano Cruzado) e 1971 (crash de 71), ou seja, voltará a tocar a reta de suporte, disse Botelho.

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Em um gráfico, um ponto de suporte pode ser considerado a área que está “abaixo do mercado”, onde o interesse em comprar um ativo é suficientemente forte para superar uma pressão vendedora, de forma que quando o preço atingir esse determinado ponto, pode haver uma pressão de alta e ele volte a subir.

“As reações em uma tendência de baixa são muito violentas e podem pegar o investidor desprevenido”, alerta.

Cuidado com os “zé comprinhas”
Botelho finalizando alertando ainda sobre o otimismo dos “zé comprinhas”, que são os investidores pessoas físicas que sempre acabam entrando no mercado nos topos – justamente quando é hora de sair. 
“Se pegarmos o topo de 2012 para o fundo do ano passado, quando o mercado começa a subir, as pessoas se atiraram para comprar ações. É muita gente comprando até que fique claro que a tendência vai virar, isso acaba pegando muitos investidores desprevenidos”, explica.

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Nesse quesito, há um ponto contraditório, já que a participação da pessoa física no volume negociado na Bovespa vem caindo a cada mês, ocupando atualmente a faixa dos 13% do giro financeiro na Bolsa – apenas como comparação os estrangeiros já são quase 50% do volume transacionado no mercado brasileiro de ações, segundo dados da BM&FBovepsa.

De março de 2012 até julho de 2013, quando o Ibovespa bateu sua mínima desde 2009, o índice caiu 35%. De lá para cá, registra alta 30%.

Confira o gráfico do Ibovespa dolarizado de 1963 a julho de 2014:

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