Ibovespa testa os 59 mil pontos, batendo máxima do ano puxado por Petrobras e Vale

Mercado "ignora" PIB fraco do Japão e segue registrando ganhos com liquidez global e redução de incertezas trazendo otimismo

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte alta nesta segunda-feira (15)  puxado principalmente por blue chips ligadas a commodities como Petrobras e Vale. Lá fora, as bolsas internacionais sobem apesar da decepção com o PIB (Produto Interno Bruto) do Japão no segundo trimestre. Por aqui, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu o câmbio flutuante, ao passo que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o Brasil deveria aproveitar o cenário externo “benigno” para fazer o ajuste fiscal. Vale lembrar que hoje é dia de vencimento de opções sobre ações.

Às 15h56 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 1,27%, a 59.039 pontos. Já o dólar comercial recua 0,15% a R$ 3,1802 na venda, enquanto o dólar futuro para setembro tem queda de 0,53% a R$ 3,196. O câmbio opera em baixa desde a abertura do pregão apesar do BC ter colocado todos os 15.000 contratos de swap reverso ofertados entre 9h30 e 9h40, totalizando US$ 750 milhões. Foi o terceiro leilão seguido com esse volume de contratos. Até a quinta-feira passada (11), o BC ofertava “apenas” 10.000 contratos. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 tem queda de 1 ponto-base a 12,65%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra perdas de 6 pontos-base a 11,85%. 

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Segundo o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, não houve nenhuma notícia nova durante o pregão que impulsionasse essa alta da Bolsa. Contudo, o fluxo comprador continua forte na esperança de que o governo tenha mais facilidade de aprovar as medidas do ajuste fiscal depois de consolidado o impeachment. “Parece mais um movimento de busca pelos 60 mil pontos após o rompimento dos 58 mil”, afirma Brugger. 

Entre as commodities, o petróleo tem alta de 2,92% a US$ 48,34 o contrato futuro do barril do Brent. Já o minério de ferro spot com 62% de pureza registrou queda de 0,25% a US$ 60,22 a tonelada seca. 

Fala de Ilan
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou a independência operacional do BC, após os ruídos causados pelas declarações do presidente interino, Michel Temer, que admitiu a orientação do governo na busca por um dólar mais “equilibrado”. Goldfajn ainda falou que o Copom mantém o foco no centro da meta de inflação de 4,5% ao ano em 2017. Analistas viram isso como uma mensagem de que a Selic não deve cair tão cedo. Por fim, o presidente do BC ainda falou que o Congresso também é responsável por solucionar a crise econômica brasileira, afirmando que os interesses coletivos devem prevalecer sobre os individuais para que a confiança seja retomada.

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Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 subiu de uma contração de 3,23% para uma menor, de 3,20%, sendo mantida em crescimento de 1,10% para 2017. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,31% este ano, contra 7,20% projetados anteriormente.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,48, +4,10%; PETR4, R$ 12,29, +2,42%), disparam, na mesma direção dos preços do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) sobe 2,79% a US$ 45,73, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tinha ganhos de 2,92% a US$ 48,34. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,59 +12,19
 BRKM5 BRASKEM PNA 21,97 +7,54
 USIM5 USIMINAS PNA 3,96 +6,45
 GGBR4 GERDAU PN 9,60 +5,96
 BRAP4 BRADESPAR PN 11,03 +5,05

 

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes sobem. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,23, +1,77%), Bradesco (BBDC3, R$ 30,17, +1,27%; BBDC4, R$ 29,58, +1,30%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 23,11, +1,94%) avançam. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Já a Vale (VALE3, R$ 18,38, +2,34%; VALE5, R$ 15,88, +2,85%) também sobe, apesar da queda do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve baixa de 0,25% a US$ 60,22 a tonelada seca.

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 MRVE3 MRV ON 12,28 -2,77
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 18,83 -2,69
 BRML3 BR MALLS PARON 12,81 -2,14
 CYRE3 CYRELA REALTON 10,09 -2,13
 MRFG3 MARFRIG ON 5,26 -1,50


A maior queda entre as 59 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa era dos papéis da MRV (MRVE3, R$ 9,41, -1,98%). 

Votações no Congresso
Na quarta-feira (17), o plenário do Senado pode votar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 31/2016 da DRU (Desvinculação das Receitas da União), uma das mais importantes medidas do ajuste fiscal, que prorroga até 2023 a permissão para que o executivo federal utilize livremente parte da sua arrecadação, ampliando seu percentual de 20% para 30% de todos os impostos e contribuições sociais federais. Apesar disso, segundo Solange Srour, economista-chefe da ARX, a DRU terá pouco impacto no mercado porque ninguém acredita que ela não vai passar. “O que pode acontecer é não votar por falta de quórum, mas não tem problema porque essa época do ano é realmente mais esvaziada no Congresso”, afirma.

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Para ela, mais importante será observar a votação na Câmara dos Deputados dos destaques que não foram votados nesta semana no projeto de lei 257/2016 da renegociação das dívidas dos estados. A votação deve ocorrer ao longo da semana. 

Agenda econômica
Serão divulgados na terça-feira (16) o Índice de Preços ao Consumidor nos EUA às 9h30 (horário de Brasília), para o qual espera-se uma queda de 0,1%, e a produção industrial às 10h15, cujas expectativas são de crescimento de 0,5%. Os dois são os principais indicadores da próxima semana na maior economia do mundo depois da ata do Fomc, que sai na quarta-feira (17) às 15h. 

Também na quarta sai um importante dado brasileiro às 9h, a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), com o dado de desemprego no Brasil no segundo trimestre. 

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Já na quinta-feira (18) será divulgada às 8h30 a ata da última reunião do BCE, podendo mostrar quão disposta está a autoridade monetária da zona do euro a aumentar os estímulos no âmbito do programa de compras de ativos conhecido como “Quantitative Easing”.

Entrevista com Felipe Salto
O InfoMoney traz uma entrevista com o economista Felipe Salto, que lança o livro “Finanças Públicas – da contabilidade criativa ao resgate da credibilidade”, junto com Mansueto Almeida. 
Salto destaca o cenário desafiador para as contas públicas, mas destaca que houve uma mudança positiva no governo interino de Michel Temer, como através da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto de gastos, e acredita que ele pode ter ainda mais forças após a conclusão do impeachment. Contudo, uma coisa é praticamente certa: um aumento da carga tributária parece inevitável. E ressalta que, após os últimos governos Lula e Dilma Rousseff realizarem uma forte expansão fiscal, a conta chegou, e amarga: “de uma forma ou de outra, todos se beneficiaram no curto prazo desta empreitada expansionista e irresponsável do governo, que vendeu esse modelo de expansão fiscal desmedida como se fosse algo sustentável. Esse foi o problema. Agora é a hora de pagar a conta”. Confira clicando aqui. 

Destaques corporativos
A reta final de resultados corporativos segue em destaque. A Cemig divulgou lucro líquido consolidado de R$ 202,124 milhões no segundo trimestre deste ano, o que corresponde a uma queda de 62,17% na comparação com o resultado reportado no mesmo período de 2015. Já a Sabesp registrou lucro líquido de R$ 797,5 milhões no segundo trimestre, resultado mais de duas vezes maior que os R$ 337,3 milhões de um ano antes. Já EstácioKroton têm AGEs para aprovar associação. Confira mais destaques clicando aqui. 

Cenário externo
O dia foi de leve alta para as bolsas europeias, diminuindo os maiores ganhos registrados mais cedo em meio às preocupações com o crescimento global. Uma das fontes de preocupação foi o dado do PIB (Produto Interno Bruto) do Japão. A economia do país cresceu a uma taxa anualizada de 0,2% no trimestre de abril a junho. O resultado foi inferior às projeções de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam um avanço de 0,7%. Com isso, o japonês Nikkei fechou em queda. Por outro lado, os mercados chineses registraram forte alta, à espera de um estímulo adicional de Pequim depois que os dados econômicos apresentados na semana passada pelo gigante asiáticos também decepcionaram. Nesta semana, a China divulgará os dados de preços das propriedades.