Ibovespa tenta alta e DI despenca 30 pontos-base em dia de forte volatilidade

Mercado luta para se recuperar após bater mínima desde abril de 2009 no último pregão por conta de dados negativos da China; dólar perde os R$ 4,00

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa tenta subir, mas não consegue manter uma alta expressiva nesta terça-feira (5). O dia no mercado é de correção após o índice cair 2,8% ontem em meio ao “sell-off” global no mercado com novos dados frustrantes da economia chinesa e da desvalorização do yuan. As notícias de intervenções do governo chinês para frear o movimento da moeda, que não convenceram nas bolsas internacionais no começo da sessão, passaram a dar resultado no começo da tarde. As bolsas dos Estados Unidos sobem e as europeias viraram e passaram a também registrar ganhos. No cenário doméstico, as notícias são de que o governo pretende aumentar em R$ 1 bilhão o orçamento do Bolsa Família. 

Às 16h36 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira tinha alta de 0,23%, a 42.238 pontos. O dólar comercial, por sua vez, cai 1,09% a R$ 3,990 na venda, enquanto o dólar futuro para o mesmo mês recua 1,23% a R$ 4,024.

Segundo o analista da Bozano Investimentos, Eduardo Laudares, os fundamentos macroeconômicos continuam muito ruins, de modo que a única coisa que segura o índice é realmente um movimento técnico de correção. 

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Já no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 15 pontos-base a 15,61%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 cai 35 pontos-base a 16,23%. De acordo com o gestor de uma grande asset, que não quis se identificar, a queda forte dos DIs hoje se dá por conta de uma reprecificação do mercado por conta da piora das expectativas para a economia. “Durante essa semana, eu vi alguns economistas já mudando de ideia e pensando que os juros talvez não devessem ser elevados apesar da necessidade de quebrar as expectativas de aumento de preços. Agora, as expectativas estão saindo de 70% para 50% de aumento de juros em janeiro”, disse.

Ou seja, há um pensamento se alastrando pelo mercado de que a demanda agregada da economia já está excessivamente pressionada, o que se reflete na queda forte do PIB (Produto Interno Bruto), que segundo o último relatório Focus, deve cair 3,7% em 2015 e mais 2,9% em 2016, o que, se confirmado, fará a pior recessão do Brasil desde 1901. 

Noticiário político
O Ministério do Desenvolvimento Social informou no fim desta segunda que o governo pretende aumentar em R$ 1 bilhão o orçamento previsto para o Bolsa Família. O Orçamento de 2016, vale lembrar, ainda não foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff e abre margem para a ampliação dos repasses do programa social, que é carro-chefe da propaganda oficial do Planalto.

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Ainda por aqui, de acordo com o jornal Valor Econômico, a alta de juros em janeiro, que muitos analistas do mercado financeiro já dão como certa, ainda é uma decisão em aberto. Segundo o jornal, o martelo só será batido na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que ocorrerá nos dias 19 e 20. Destaque ainda para a notícia do jornal O Estado de S. Paulo de que a cúpula do PT quer que a presidente Dilma Rousseff faça uma espécie de “Carta ao Povo Brasileiro” às avessas para indicar um novo rumo neste ano de eleições municipais. Os petistas prometem redobrar a pressão para queda de juros e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, virou o novo alvo. 

Os petistas ainda pregam o uso de parte das reservas internacionais para reaquecer a economia. Pelos cálculos internos, se Dilma recorresse a US$ 130 bilhões, poderia combater a crise com um vigoroso pacote de infraestrutura e investimentos, melhoraria a situação fiscal e ainda continuaria com um caixa gordo de reservas. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é contrário, mas o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva apoia a medida.

Além disso, na estratégia de reverter o pessimismo dos indicadores macroeconômicos, o governo deve apresentar ainda este mês medidas para reanimar a economia. O plano é tratado no Planalto como um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de acordo com o Estado de S. Paulo. A prioridade é estimular o setor de construção civil. 

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Ações em destaque
Destaque hoje, as ações da Ambev (ABEV3, R$ 17,44, +1,34%) se recuperam depois de caírem forte desde o fim de dezembro. O papel, considerado defensivo, é porto seguro dos investidores em tempos de muita indefinição no mercado acionário. 

Respondendo por cerca de 20% do peso da carteira teórica do Ibovespa, as ações de bancos operam entre perdas e ganhos depois de subirem forte pela manhã. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 25,17, +0,16%), Bradesco (BBDC3, R$ 20,17, -0,08%; BBDC4, R$ 18,88, -0,55%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 14,36, +0,84%) registram ganhos. 

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As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 ENBR3 ENERGIAS BR ON EJ 11,87 +5,32
 LREN3 LOJAS RENNER ON 16,97 +5,08
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 23,98 +5,04
 RADL3 RAIADROGASIL ON 36,76 +4,55
 EQTL3 EQUATORIAL ON EJ 34,40 +4,24

As ações das Lojas Renner (LREN3, R$ 16,97, +5,08%) têm o melhor desempenho do pregão. Os papéis estão em alta de 14% nos últimos 365 dias. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 ESTC3 ESTACIO PART ON 12,61 -9,28
 SMLE3 SMILES ON 32,05 -9,05
 USIM5 USIMINAS PNA 1,35 -7,53
 GOAU4 GERDAU MET PN 1,48 -7,50
 RUMO3 RUMO LOG ON ES 5,68 -5,18

Em queda estão os papéis de empresas de papel e celulose como Fibria (FIBR3, R$ 50,66 -0,31%) e Suzano (SUZB5, R$ 18,24, -0,65%). As companhias são afetadas pela queda do dólar, já que possuem suas receitas na moeda norte-americana. 

Mas entre as piores quedas da sessão estão os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 8,35, -3,69%; PETR4, R$ 6,63, -3,49%). As ações recuam seguindo o desempenho do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) cai 2,07% a US$ 36, ao passo que o barril do Brent tem queda de 1,84% a US$ 36,91.

Cenário externo
Os mercados viraram para alta depois de apresentarem instabilidade no começo do pregão.

Hoje, a China se esforçou para aliviar os temores nos mercados, um dia após suas bolsas despencarem e o yuan recuar, mas os analistas alertaram os investidores para mais intensas oscilações de preços nos próximos meses. Os preços das ações caíram mais de 2% no início dos negócios, provocando temores de que as operações caminhavam para o segundo dia de pânico depois do mergulho de 7% na véspera detonar o mecanismo de “circuit breaker”, suspendendo as negociações pela primeira vez.

Mas tanto o banco central quanto o regulador do mercado de ações reagiram rapidamente, e os principais índices recuperaram a maioria de suas perdas iniciais. O Banco Popular da China injetou quase 20 bilhões de dólares nos mercados, maior atuação desde setembro, e os operadores suspeitaram que os bancos estatais foram usados para sustentar o yuan ao mesmo tempo. Ainda sobre China: sai hoje o PMI Caixin de Serviços às 23h45. 

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve de São Francisco, John Williams, alertou que o país precisa de uma política monetária acomodatícia – leia-se, juros mais baixos -, pois “ainda existem obstáculos significantes oriundos de outras partes do mundo a serem encarados pela economia dos EUA, como o dólar forte e questões relativas a moradia”. Segundo ele, em média, os dirigentes do Fed esperam “quatro elevações das taxas de juros, o que levaria a meta do banco central para cerca de 1,35%”.