Ibovespa sobe mais de 1% e dólar cai 1% de olho em Bolsonaro e Guedes em Davos

Tom mais incisivo de Bolsonaro sobre previdência, falas de Guedes sobre taxação de JCP e dividendos e exterior em alta após forte queda da véspera movimentam bolsa brasileira nesta quarta

Lara Rizério

(Valter Campanato/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – A sessão é de forte alta para o Ibovespa após uma queda expressiva na véspera em meio às notícias negativas sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China e com o discurso inicial de Jair Bolsonaro em Davos não ajudando a empolgar os investidores por aqui. Contudo, o cenário mais tranquilo no exterior e as novas falas do governo em Davos ajudaram a impulsionar os mercados, apesar do presidente Jair Bolsonaro cancelar entrevista coletiva que concederia durante o evento. 

Às 17h22 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,28%, aos 96.317 pontos. Na máxima do dia, o índice chegou aos 96.559 pontos, renovando a máxima histórica intradiária registrada na última sexta-feira, de 96.396 pontos.

O dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha queda de 1,44%, a R$ 3,764, enquanto o dólar comercial fechou com perdas de 1,11%, a R$ 3,7633, na mínima do dia. 

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Ontem, as bolsas americanas tiveram forte queda com a notícia do Financial Times de que os EUA rejeitaram uma oferta da China nas negociações comerciais e a realização de um novo encontro.

Contudo, hoje, os índices em Wall Street registram ganhos após o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, negar as informações e dizer que não havia nenhuma outra reunião planejada além da visita do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, na próxima semana. As bolsas também sobem na esteira dos resultados corporativos positivos como da P&G e da IBM. 

Já as bolsas asiáticas fecharam perto da estabilidade, após a China prometer hoje ampliar gastos fiscais este ano, focando no corte de impostos para pequenas empresas, de forma a impulsionar sua economia, que no ano passado cresceu no ritmo mais fraco desde 1990. Em 2018, os gastos fiscais do governo chinês avançaram 8,7%, a 22,09 trilhões de yuans (US$ 3,26 trilhões), enquanto a receita cresceu 6,2%, a 18,34 trilhões de yuans, de acordo com dados do Ministério de Finanças chinês.

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Em meio a essas notícias de estímulo, blue chips como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) registram uma sessão de recuperação. A estatal repercute ainda a alta do petróleo de cerca de 0,8%. A commodity se recupera após maior queda em mais de uma semana, com sinais de que crescimento da oferta de xisto dos EUA está desacelerando e expectativas de que cortes na produção da Opep estejam a caminho de equilibrar o mercado.

Já no noticiário doméstico, o mercado repercute o tom mais incisivo do presidente Jair Bolsonaro sobre a reforma da previdência em entrevista à Bloomberg, além da fala de Paulo Guedes sobre taxação de JCP e dividendos. A notícia poderia ter impacto negativo para os bancos; contudo, em meio ao ânimo generalizado do mercado, a sessão é de estabilidade para as ações do setor. 

Em entrevista à Bloomberg, Bolsonaro prometeu reformar a Previdência, adotando a idade mínima, e afirmando que a mudança será substancial. Ele disse ainda que a situação dos estados aponta para a aprovação da reforma, que interessa aos governadores. Por outro lado, perguntado sobre a participação dos militares, o presidente afirmou o sistema de aposentadoria das Forças Armadas entraria apenas “numa segunda parte da reforma”.

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Vale destacar ainda que Bolsonaro, que seguiria com a sua agenda em Davos, cancelou entrevista coletiva que faria com o ministro da Economia Paulo Guedes e o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro às 13h (horário de Brasília). 

Ainda sobre Davos, em almoço fechado promovido pelo Itaú, Paulo Guedes afirmou que o governo quer simplificar a tributação e diminuir a taxação para pessoa jurídica de 34% para 15%, enquanto pretende taxar os dividendos e juros sobre capital próprio. 

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Desde a campanha de Bolsonaro existe a temática da tributação de dividendos. A novidade diz respeito aos JCP – outro formato de distribuição de lucro a acionistas, no qual o Imposto de Renda, hoje, é retido diretamente na fonte.

Em entrevista para a Bloomberg, Guedes ainda afirmou que irá zerar o déficit fiscal de 2019 e que o governo pretende levantar US$ 20 bilhões só com privatizações neste ano, cerca de R$ 75 bilhões. A partir daí, a continuidade do equilíbrio do orçamento dependerá da aprovação de outras reformas, segundo o ministro.

A prioridade é a reforma da Previdência, inclusive com transição para um sistema de capitalização. “Temos um grande buraco fiscal, temos um sistema obsoleto, sistema antigo já está quebrado, temos de consertar o antigo e criar um novo.”

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Guedes também pretende reduzir subsídios futuramente, mas sabe que essa iniciativa demandará mais tempo, já que precisa de aprovação do Congresso Nacional. Hoje os subsídios concedidos pelo governo estão em US$ 100 bilhões. “Se cortarmos 10%, já são US$ 10 bi”.

Sobre o movimento de queda dos contratos de juros futuros, com baixa de 8 pontos para o contrato de janeiro de 2021, a 7,22% e baixa de 9 pontos-base para o vencimento em janeiro de 2023, a 8,34%. Os investidores repercutem o IPCA-15, que ficou em 0,30% em janeiro na comparação mensal, ante estimativa de alta de 0,35%. 

Ontem à tarde, os contratos foram impactados pela entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, à Reuters, que destacou que o BC sempre olhará se os juros estão estimulativos. Isso fez os juros futuros reverterem alta por volta das 16h,  com o mercado interpretando a fala como dovish, uma vez que para a política monetária ficar mais estimulativa a Selic poderia ter de cair.

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Mais tarde, o BC afirmou em nota de esclarecimento que “a mensagem de política monetária não se alterou desde a última reunião do Copom”. “A autoridade monetária continua priorizando a cautela, a perseverança e a serenidade”, destacou. 

Altas e baixas da bolsa

Além de Petrobras e Vale em alta, a sessão é animada para praticamente todas as ações do Ibovespa, que registram uma sessão de ganhos. 

Um dos destaques de alta é a Sabesp. O secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, afirmou que o estado utilizará a estatal para cumprir orçamento este ano. Bandeira do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o programa de desestatização poderá contribuir de forma importante para o Estado cumprir o Orçamento em 2019.

A capitalização da Sabesp, estimada em R$ 5 bilhões, junto com o contingenciamento de R$ 6 bilhões em recursos do Orçamento, ajudaria o Estado a cobrir R$ 10 bilhões em receitas consideradas incertas.

Enquanto isso, a BRF se recupera após a queda de 5% e sobe cerca de 2%. A companhia informou que o impacto efetivo das restrições de plantas brasileiras pela Arábia Saudita será apenas para as exportações da planta de Lajeado, que vinha operando com um volume de aproximadamente 6,5 mil toneladas/mês de exportação para o país árabe. 

A empresa já iniciou os ajustes necessários em sua cadeia produtiva e estima que, em no máximo 3 meses, retomará o mesmo patamar de embarques para a Arábia Saudita. “Assim, a perda de receita líquida não é material, visto que a estimativa de empresa é que poderá atingir no máximo 0,1% da receita líquida auferida nos últimos 12 meses encerrados em setembro de 2018, ou R$45 milhões nesse período de três meses”, destacou a empresa. Veja mais sobre o caso clicando aqui.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 10,78 +6,73 +21,53 254,28M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 40,96 +5,19 +24,05 78,08M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,29 +5,11 +16,40 108,96M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 5,15 +4,46 +17,31 107,41M
 MRVE3 MRV ON 14,48 +3,95 +17,15 75,73M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,16 -2,17 +11,57 343,97M
 CIEL3 CIELO ON 10,28 -1,15 +15,64 118,30M
 LOGG3 LOG COM PROPON 19,02 -0,73 +5,55 9,42M
 CYRE3 CYRELA REALTON 16,98 -0,35 +9,76 28,85M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,74 -0,20 +6,47 253,21M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.