Ibovespa sobe com exterior apesar de temor de saída de Levy; dólar bate R$ 3,80

As bolsas internacionais operam em forte alta em meio a mais estímulos na Europa; Copom faz o esperado e mantém taxa de juros

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em alta nesta quinta-feira (3) seguindo as bolsas internacionais em meio a estímulos do BCE (Banco Central Europeu) anunciados pelo presidente da instituição, Mário Draghi. As bolsas europeias e os índices Dow Jones e S&P 500 registram ganhos. No entanto, por aqui, ficam no radar as preocupações sobre a permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no cargo. 

Às 11h48 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira subia 2,23%, a 47.499 pontos. Já o dólar comercial tem alta de 0,87% a R$ 3,7924, enquanto o dólar futuro para outubro sobe 1,05% a R$ 3,834. No mercado de juros futuros, apesar do Copom manter estáveis as taxas de juros, o DI para janeiro de 2017 registrava ganhos de 17 pontos-base a 14,87%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 subia 21 pbs a 14,87%. 

Draghi aumentou o limite de compras de porções da dívida de cada membro da zona do euro de 25% para 33%. Analistas de mercado destacaram que o discurso do presidente do BCE mostrou “vontade” de agir diante da possibilidade de piora da economia da região por conta da China. 

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Já na parte negativa do noticiário, fica a informação da Folha de S. Paulo desta quinta que mostra que Levy reclamou à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao vice-presidente, Michel Temer (PMDB), de seu isolamento e deixou em dúvida a sua permanência no cargo. Após conversa, Dilma teria decidido negar que Levy esteja isolado no governo. “Nós somos um governo que debate, discute”, disse a presidente. O grande motivo por que Dilma não demite o ministro é que ela teme o corte do rating soberano do País, segundo analistas. 

Temer, por sua vez, recusou-se a retomar a articulação política do governo. Os dois, ele e Dilma, almoçaram, no Palácio da Alvorada, e a presidente pediu ao vice que volte a fazer a “ponte” com o Congresso. “Eu não me furto a colaborar, mas esse assunto está encerrado”, disse o peemedebista.

Também pesa por aqui o relatório do Barclays, que espera o dólar a R$ 3,80 no fim de 2015 e a R$ 4,10 no fim de 2016. Além disso, o banco inglês também revelou esperar 3,2% de contração no PIB (Produto Interno Bruto) este ano, além de 1,5% de queda do PIB no ano que vem. Eles também preveem corte da Selic já no primeiro semestre de 2016.

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Já a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) tinha efeito limitado aqui, já que foi dentro do amplamente esperado, que era a manutenção da taxa básica de juros em 14,25% ao ano. Economistas avaliaram decisão como demonstração de calma e sangue frio do Banco Central em momento de volatilidade e incertezas políticas.

Indicadores
O principal destaque no Brasil foi o PMI (Índice Gerente de Compras) do setor de Serviços, que subiu de 39,1 pontos em julho para 44,8 pontos em agosto, atingindo o maior nível em cinco meses, segundo pesquisa da Markit. Apesar da melhora, os índices continuam abaixo de 50 pontos, o que indica contração da atividade.

Nos EUA foram divulgados os pedidos de auxílio-desemprego, que cresceram mais do que o esperado na semana passada, mas a tendência permaneceu consistente com o fortalecimento do mercado de trabalho. O número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego cresceu em 12 mil, para 282 mil, segundo números sazonalmente ajustados, na semana encerrada em 29 de agosto, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Economistas previam alta para 275 mil no período.

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Já o crescimento do setor de serviços dos Estados Unidos avançou em agosto ante julho ao maior nível desde maio, sinalizando que o país está na trajetória de registrar um crescimento sólido no terceiro trimestre, mostrou o PMI divulgado nesta quinta-feira. A leitura final do PMI do Markit para o setor de serviços subiu para 56,1 em agosto, uma leve melhora ante a leitura preliminar de 55,2 e sobre a leitura de 55,7 em julho.

Destaques de ações
As ações da Vale (VALE3, R$ 19,27, +6,41%; VALE5, R$ 15,33, +5,14%) sobem em meio a estímulos na Europa anunciados pelo BCE (Banco Central Europeu). O outlook positivo da Rio Tinto em relação a produção de aço na China e também pelo baixo nível de estoques nos portos também puxa empresas do setor de mineração. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 VALE3 VALE ON 19,27 +6,41
 PETR3 PETROBRAS ON 10,78 +5,69
 POMO4 MARCOPOLO PN N2 2,16 +5,37
 VALE5 VALE PNA 15,33 +5,14
 GOLL4 GOL PN N2 4,24 +4,95

Na mesma direção operam os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 10,79, +5,78%; PETR4, R$ 8,88, +3,85%) apesar do desempenho fraco das cotações do petróleo. O barril do Brent tem alta de 2,80% a US$ 53,55. 

Depois de cair pela manhã, os papéis de bancos passam a subir. Registram ganhos Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,74, +0,79%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,20, +1,33%; BBDC4, R$ 22,90, +0,53%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,50, +0,57%). 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 BRML3 BR MALLS PAR ON 11,10 -1,16
 OIBR4 OI PN 2,70 -1,10
 CCRO3 CCR SA ON 14,07 -1,05
 KROT3 KROTON ON 8,58 -0,58
 RUMO3 RUMO LOG ON 7,37 -0,41

Apesar da visão mais positiva para o setor, os papéis das educacionais operam entre perdas e ganhos hoje: Kroton (KROT3, R$ 8,58, -0,58%) e Estácio (ESTC3, R$ 12,45, -0,32%). Conforme noticiou o Broadcast no início da semana, o Ministério da Educação tem dito, em conversas com o setor, que acredita numa continuidade na criação de vagas novas no Fies no patamar de 2015, com até 330 mil vagas novas em 2016. Essa hipótese é vista como possível, porque o desembolso por aluno tem caído com novas regras que reduzem o gasto necessário, como o financiamento de apenas uma parcela das mensalidades. 

Bolsas mundiais estendem ganhos
As bolsas mundiais têm um dia de alta nesta quinta, estendendo os ganhos da véspera, quando subiram em meio a indicações do Livro Bege do Federal Reserve de que os juros não vão subir tão cedo nos Estados Unidos. O mundo também repercute a fala de Mário Draghi ao fim da reunião do BCE (Banco Central Europeu). Na China, as bolsas estão fechadas para feriado pelo restante da semana.

Na Europa, o PMI da Zona do Euro subiu a 54,3 pontos contra 54,1 pontos esperado, liderado pela Alemanha, que teve o maior nível em 5 meses. Com isso, sobem os índices DAX (+2,44%), FTSE 100 (+1,66%), CAC 40 (+2,04%), FTSE MIB (+1,94%), IBEX 35 (+0,99%) e Stoxx 600 (+2,30%). 

Já as ações asiáticas tiveram dificuldades para se recuperar nesta quinta-feira com a volatilidade permanecendo alta, com moedas ligadas a commodities e economias emergentes enfraquecendo conforme investidores preocupam-se com as repercussões globais do crescimento mais lento na China.

O índice japonês Nikkei encerrou a sessão em alta pela primeira vez em quatro dias, com um ganho de 0,5%. Muitas bolsas regionais também avançaram, mas a fraqueza na Austrália e quedas nas moedas asiáticas levaram o índice o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão a cair 0,15%.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul cresceu 2,2% no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2014, de acordo com dados oficiais revisados divulgados nesta quinta-feira. O PIB avançou 0,3%, na comparação com o primeiro trimestre. Os dois resultados coincidiram com os números divulgados anteriormente.

A Coreia do Sul confirma, desse modo, uma tendência de crescimento fraco, o que pode levar o Banco da Coreia a decidir cortar sua taxa de juros. No primeiro trimestre, o crescimento havia sido de 0,8% ante o trimestre anterior, portanto houve uma desaceleração. Na comparação anual, o crescimento do segundo trimestre foi o mais fraco no país em mais de dois anos.