Ibovespa sobe 1,5% seguindo acordo do petróleo e com investidores atentos ao coronavírus; dólar avança a R$ 5,18

Mercado reverteu queda do início do dia graças a boas notícias no campo das commodities e desaceleração da pandemia

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (13) após uma sessão bastante volátil marcada por novidades a respeito do acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) para reduzir a produção da commodity no mundo.

O ministro de Energia da Arábia Saudita disse que os cortes efetivos na oferta de petróleo após o pacto fechado pela Opep+ devem somar cerca de 19,5 milhões de barris por dia, o que leva em consideração o acordo do grupo, o comprometimento de outros países do G20 e compras de petróleo para reservas estratégicas.

Ficou acertado que os maiores produtores do combustível cortarão a produção diária em 9,7 milhões de barris diários, inclusive com os Estados Unidos, Canadá, México e Brasil aceitando realizar cortes menores.

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Mais cedo, o presidente americano, Donald Trump, afirmou pelo Twitter que o número que os países buscam, na verdade, é de 20 milhões de barris por dia de corte na produção. O barril do Brent teve alta de 2,06% a US$ 32,13.

Também ficou no radar dos investidores o noticiário sobre o coronavírus, que atingiu 550 mil infecções nos Estados Unidos, com 22 mil mortes. Contudo, também nos EUA, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, que tem assumido protagonismo durante a crise sanitária, afirmou que “reabertura” de partes do país pode começar de forma gradual em maio.

Em Nova York, o governador Andrew Cuomo disse que o estado está “controlando a disseminação” e que parece que “o pior já passou […] se continuarmos sendo espertos no futuro”.

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Na Europa, a desaceleração da pandemia continua, sendo que a Itália registrou no domingo 431 novas mortes, o número mais baixo desde 19 de março.

O Ibovespa subiu 1,49%, aos 78.835 pontos com volume financeiro negociado de R$ 17,67 bilhões.

Já o dólar futuro para maio tem ganhos de 1,37% a R$ 5,188. O dólar comercial, por sua vez, apresentou alta de 1,86%, a R$ 5,1825 na compra e R$ 5,1855 na venda.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 11 pontos-base a 3,75%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de 13 pontos-base a 4,89% e o DI para janeiro de 2025 recuou também 13 pontos-base a 6,54%.

Entre os indicadores locais, o Relatório Focus do Banco Central mostrou que os economistas do mercado agora esperam uma queda de 1,96% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, ante -1,18% na semana passada. Para 2021, a expectativa é de um crescimento de 2,7% na economia, acima dos 2,5% esperados na semana anterior.

Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção foi reduzida de 2,72% para 2,52% em 2020 e mantida em 3,5% para 2021.

A expectativa para a taxa básica de juros Selic ficou inalterada em 3,25% para 2020, porém foi cortada de 4,75% para 4,5% para 2021.

PEC do Orçamento

O Senado deve votar nesta segunda-feira a chamada PEC do Orçamento de Guerra, que permite ao governo gastos além das regras fiscais previstas na Constituição para combater a pandemia.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, conversou com senadores na quinta-feira para vencer resistências à PEC, que também amplia o escopo das atuações do BC. A emenda poderia permitir ao BC negociar títulos privados e comprar títulos mais longos, que têm sido mais pressionados durante a crise.

Além disso, após críticas da equipe econômica, a Câmara dos Deputados avança para fechar um acordo e enxugar o projeto de socorro emergencial para Estados e municípios, destaca o Valor Econômico.

Segundo o jornal, o novo parecer do relator Pedro Paulo (DEM-RJ) deve se limitar a estabelecer a compensação aos entes federativos e prefeituras pela queda da arrecadação de impostos em função da crise do coronavírus. A ideia de Rodrigo Maia é colocar a proposta em votação entre hoje e amanhã. O parecer deve sugerir que a União faça a recomposição do ICMS e do ISS nos próximos seis meses.

Impacto do coronavírus no PIB

Em uma videoconferência de quase quatro horas na noite de quinta-feira (9) com senadores considerados “independentes” pelo governo, Paulo Guedes afirmou que, caso a paralisação de boa parte de economia continue após julho, o PIB do Brasil poderá ter uma queda de 4% no ano.

Segundo apurou o jornal O Globo, o ministro também estimou que, se a propagação do coronavírus for contida em até três meses, a retração do PIB seria de 1,5%. Nas estimativas oficiais do governo, a previsão ainda é de crescimento nulo de 0,02%. Veja mais clicando aqui. 

Já o Banco Mundial projeta queda de 5% no PIB do Brasil devido a novo coronavírus. Se confirmada a projeção, será a maior recessão que o Brasil enfrentará em 120 anos. Segundo estatísticas históricas do IBGE, não há registro de uma queda tão grande da atividade desde 1901.

Vale destacar que, com a multiplicação de casos, o coronavírus está matando mais brasileiros fora dos grupos de risco, compostos por idosos e aqueles com comorbidades. Levantamento feito pelo jornal O Globo, com dados do Ministério da Saúde, mostra que, entre os dias 27 de março e 11 de abril, os óbitos de quem tem menos de 60 anos saltaram de 11% para 25% do total, enquanto sem doenças pré-existentes, como diabetes e cardiopatias, passaram de 15% para 26%.

Para o Ministério, são fatores para a mudança de quadro do avanço da epidemia na periferia das cidades, onde há condições precárias de moradia e mais incentivo para a saída de casa para o trabalho, e a elevada incidência de outras doenças virais, como a influenza A e B, o que abre o organismo para a Covid-19. No domingo, em apenas 24 horas, o país registrou 1.442 novos casos e 99 mortes, para um total de 22.169 casos confirmados e 1.223 mortes.

Noticiário corporativo

A Petrobras esclareceu que enviou no dia 24 de março uma notificação de Declaração de Força Maior à petrolífera Enauta, sua parceira no campo de gás natural de Manati. Recentemente, a Enauta afirmou que não renegociará com a estatal o contrato de venda do gás natural extraído em Manati. Segundo a Petrobras, houve “redução estrutural na demanda por gás natural em todo o mercado brasileiro” por causa da epidemia do coronavírus e as consequentes quarentenas que mantém o comércio fechado. A Petrobras ainda propôs parcelar pagamento a distribuidoras de gás.

No radar corporativo, a Embraer fecha acordo suspensão temporária trabalho com sindicatos. Já a  Sabesp é autorizada reajustar tarifa, mas a calamidade adia aplicação. A Randon aprovou a recompra de até 13 milhões de ações preferenciais.

Atenção ainda para a prévia operacional de construtoras do primeiro trimestre. A Even teve vendas líquidas de R$ 256 milhões, enquanto a Direcional teve vendas contratadas de R$ 298 milhões.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.