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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera alta nesta sexta-feira (29), depois do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos crescer 0,7% no quarto trimestre de 2015, abaixo dos 0,9% esperados. Desde cedo a Bolsa já subia acompanhando os índices europeus e os futuros dos EUA, que respondem à decisão do Banco do Japão de reduzir a taxa de juros para -0,1%, em uma medida ousada para fazer frente à espiral deflacionária do país. Ao mesmo tempo, o petróleo firma alta em um dia de forte volatilidade por conta de sinalizações mistas da Rússia e da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) sobre uma redução na produção da commodity.
Às 12h29 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira subia 2,14%, a 39.457 pontos. Já o dólar comercial vira para queda de 0,93% a R$ 4,0421 na venda, ao passo que o dólar futuro tem perdas de 0,80% a R$ 4,044. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 4 pontos-base a 14,41%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 tem queda de 14 pontos-base a 15,91%.
No cenário doméstico, os investidores ficam atentos ao Resultado Primário Consolidado das Contas Públicas e ao pacote de estímulos anunciado ontem no “Conselhão”, que teve um volume maior que o previsto, anunciando um estímulo de R$ 83 bilhões em crédito.
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Segundo o trader da Daycoval Investimentos, Daniel Ximenes Almeida, há um pouco de impacto do PIB dos EUA, já que reduz a chance do Federal Reserve elevar a taxa de juros do país, embora também gere cautela quanto ao crescimento da maior economia do mundo. Para Daniel, há outros três fatores que explicam a alta da Bolsa hoje: os juros negativos do Japão, a alta do petróleo e o fim do mês, que sempre gera uma corrida dos fundos para fechar o mês com rentabilidade positiva.
Resultado consolidado das contas públicas
Por aqui saiu o resultado primário consolidado das contas públicas de dezembro. O déficit primário foi de R$ 71,7 bilhões, contra estimativas de R$ 65,2 bilhões, após o governo registrar um déficit de R$ 19,6 bilhões em novembro. O resultado foi influenciado pelo pagamento das chamadas “pedaladas fiscais”.
Com isso, o setor público brasileiro teve déficit primário de R$ 111,249 bilhões em 2015, o pior para a série do Banco Central iniciada em 2001, acumulando em 12 meses um rombo primário de 1,88% do PIB (Produto Interno Bruto), divulgou o BC nesta sexta-feira. Com o desempenho, o governo encerrou o ano com dívida bruta equivalente a 66,2% do PIB.
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Ações em destaque
As ações das siderúrgicas registram fortes ganhos hoje. É o caso de CSN (CSNA3, R$ 3,54, +2,61%) e Gerdau (GGBR4, R$ 3,53, +3,52%). Sobre Gerdau, conheça o analista técnico que vendeu um apartamento para comprar ações da empresa.
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 6,80, +4,29%; PETR4, R$ 4,71, +2,39%) voltam a subir depois de uma forte volatilidade no início da sessão. Segundo o jornal Valor Econômico, a cúpula da estatal rejeita a ideia de capitalização pelo governo por estar confiante de que entregará a meta de desinvestir R$ 14,4 bilhões em 2016 e poderá explorar outras alternativas que estão à disposição.
A companhia também poderá vender ativos, reduzir investimentos, cortar despesas e demitir terceirizados antes de recorrer ao Tesouro para a capitalização. As atividades onde a Petrobras possui 100% do capital serão parcialmente vendidas, enquanto alguns negócios poderão ser integralmente vendidos, como malha de gasodutos, unidades de fertilizantes e a fatia na Braskem.
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Mesmo com a alta de hoje, a Petrobras ainda é venda para o analista Tiago Missaka, da Rocktrade.
As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
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Por outro lado, caem forte os papéis da Vale (VALE3, R$ 9,23, -1,07%; VALE5, R$ 6,94, -2,12%). A diretoria da mineradora propôs não pagar dividendos para os acionistas da empresa este ano. A justificativa, segundo a companhia informou em comunicado, é que a Vale precisa fazer frente à volatilidade dos preços das commodities. A proposta será enviada ao Conselho de Administração da companhia. “Se aprovada, a proposta será objeto de deliberação dos acionistas em Assembleia Geral da Companhia a ser realizada em abril de 2016”, diz o comunicado.
Segundo o Itaú BBA, o anúncio é neutro pois já era esperado pelo mercado. “De um lado proposta de dividendo zero indica que as perspectivas de fluxo de caixa livre da Vale permanecem desafiadores dada a pressão atual sobre os preços das commodities. Por outro lado, anúncio ressalta o compromisso da administração para disciplina na alocação de capital”, afirmam os analistas do banco. Já segundo os analistas do BTG Pactual, a medida foi bem vinda e é prudente em meio aos tempos difíceis do mercado. A recomendação para os ativos segue neutra.
As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
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Cenário externo
Quem roubou a cena nos mercados mundiais hoje foi o Banco do Japão, que decidiu ampliar sua agressiva estratégia de estímulos ao adotar uma inesperada e inédita política de taxa de juros negativa, após reunião de política monetária de dois dias encerrada nesta sexta-feira. O BoJ alertou também que, se necessário, poderá reduzir ainda mais a taxa. Em votação, cinco dirigentes do BoJ foram a favor da novidade e quatro se opuseram. A medida vem num momento em que a inflação baixa e a turbulência recente nos mercados financeiros globais ameaçam o plano de recuperação econômica do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Com isso, o dia é de alta para os mercados mundiais, com o Nikkei fechando em alta de 2,8%, Hang Seng em alta de 2,54% e Xangai subindo 3,09%. A decisão do BC japonês também impulsiona as bolsas europeias, com o DAX registrando ganhos de 0,73%, CAC 40 em alta de 0,97% e o FTSE com ganhos de 1,18%.
Reações ao pacote de estímulos
No Brasil, o mercado deve seguir repercutindo o pacote de R$ 83 bilhões anunciados pelo governo durante o Conselhão na última quinta para impulsionar a produção e recuperar o crescimento. Algumas ações de estímulo foram anunciadas por Dilma Rousseff, no encerramento da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão. O pacote foi visto com ressalva por analistas, que veem com temor uma possível retomada das medidas adotadas no primeiro mandato da presidente.