Ibovespa Futuro desaba 5% em dia de apocalipse nos mercados com a aprovação do “Brexit”

Pré-market reflete bolsas mundiais após Reino Unido votar pela saída da União Europeia

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre despencando nesta sexta-feira (24) após o Reino Unido surpreender e aprovar a saída da União Europeia. Após o referendo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, renunciou ao cargo. A resposta dos mercados foi inequívoca: a libra tem a maior perda em 30 anos, chegando a desabar 11% no pior momento do dia. O presidente do banco central da Inglaterra, Mark Carney, disse que os BCs globais asseguram que podem agir para garantir a liquidez diante deste cenário. O ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, visto como um populista de direita, é o mais cotado para assumir o cargo de Cameron. 

Às 9h15 (horário de Brasília), o contrato futuro do índice para agosto caía 4,99%, a 50.030 pontos. Já o dólar dispara 2,91% a R$ 3,443. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 2 pontos-base a 13,76%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 tem alta de 24 pontos-base a 12,64%. 

Referendo do Brexit
O “Brexit” venceu por 51,9% a 48,1%. Foram 17.410.742 votos a favor da saída e 16.141.242 votos pela permanência. Ontem, o Ibovespa havia subido 2,8%, seu melhor desempenho diário desde 10 de maio após uma série de pesquisas mostrarem o “Bremain” na frente, mas hoje o dia promete um dia de forte queda. A vitória do Brexit forçou a renúncia do primeiro-ministro David Cameron e gerando o maior golpe ao projeto europeu de maior unidade desde a Segunda Guerra Mundial.

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Nesta manhã, após a votação, David Cameron, primeiro-ministro britânico, disse que deixará o cargo até outubro. “O povo britânico tomou a muito clara decisão de assumir um caminho diferente e, diante disso, eu penso que o país precisa de nova liderança para levá-lo nessa direção”, disse ele em pronunciamento. “Eu não acredito que seria certo para mim ser o capitão que vai levar o país para este próximo destino”. “Os investidores temem os efeitos econômicos dessa decisão na economia inglesa e da zona do euro por conta do intenso fluxo de comércio e investimentos. No Reino Unido, corre-se o risco de contração dos investimentos e do emprego, o que obrigará o BOE a expandir novamente a política monetária.

Na zona do euro, além da alta do risco político por conta da possibilidade de outros países saírem da União Europeia, teme-se que o atual movimento de crescimento da economia europeia não se sustente tendo em vista esse aumento das incertezas. Outro risco para os europeus é a vitória de líderes populistas e eurocéticos”, destaca a LCA Consultores.

Transações correntes
Hoje às 10h30 (horário de Brasília), saiu o dado das transações correntes no Brasil relativo a maio. Juntando Balança Comercial, investimentos e remessas de dólares para dentro e para fora do País, o dado é importante para saber como está a situação do balanço de pagamentos do Brasil em relação ao exterior. A expectativa mediana dos economistas é de um superávit de US$ 1,7 bilhão. Em abril, o superávit da conta corrente do Brasil foi de US$ 412 bilhões. 

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Confiança de Michigan
Sai às 11h o índice de confiança do consumidor de Michigan, nos Estados Unidos. A expectativa mediana dos economistas é de que o índice tenha caído de 94,3 pontos para 94 pontos em junho. 

IPC – Fipe
O índice de Preços ao Consumidor da Fipe saiu às 5h e mostrou que a inflação brasileira subiu 0,42% na 3ª quadrissemana de junho, contra uma expectativa mediana de 0,40%. Na segunda quadrissemana deste mês o IPC havia registrado um aumento de 0,4%. 

Cenário externo
O dia promete ser de turbulência para a bolsa brasileira. O ETF (Exchange Traded Fund) EWZ, que representa os papéis com maior peso no Ibovespa, despenca no pré-market da bolsa de Nova York após o Reino Unido votar pelo “Brexit”, ou seja, pela saída da União Europeia. Às 07h52 (horário de Brasília), o EWZ registrava queda de 7,34%. Até as vésperas da votação, as pesquisas de opinião eram inconclusivas.

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Na Inglaterra, o FTSE caía 4,82%, aos 6.033,9 pontos, enquanto a libra esterlina tinha perdas de 7,96% contra o dólar, chegando a US$ 1,36, após cair 11% mais cedo. Com isso, a moeda britânica atingiu seu menor patamar desde 1985. Já o euro registrava queda de 2,78% ante a moeda norte-americana, para US$ 1,1072. No Stoxx 600, bancos caem mais de 10% e são destaques de baixa, enquanto o Lloyds desaba mais de 21%. Na França, o CAC 40 registra queda de 8,60%, a 4.082 pontos: no país, a presidente do partido Frente Nacional, Marine Le Pen, pediu o “Frexit”.

Na Ásia o cenário foi de maior cautela durante a apuração, mas com a vitória do “Brexit” o pânico também foi instalado, acionando, inclusive, o circuit breaker do índice Nikkei 225, que chegou a afundar 8,21%, aos 14.905 pontos. O japonês Nikkei fechou em queda de 7,92%, enquanto o iene teve forte alta com os investidores em busca de proteção. O dólar registra queda de 3,42% ante o dólar. Já o chinês Xangai teve baixa menos expressiva, de 1,33%, enquanto o Hang Seng teve queda de 2,92%.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.