Ibovespa Futuro cai forte com provável déficit em 2016; dólar e DI disparam

Índice cai e dólar sobe com a piora do cenário para o já deteriorado quadro fiscal; rumor de que Tombini deixará o BC ganha força

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em baixa nesta segunda-feira (31) com a piora nas perspectivas para o quadro fiscal depois do governo desistir de recriar a CPMF e com notícias de que o Orçamento de 2016 irá ao Congresso mostrando déficit. Diante disso, a possibilidade da perda do grau de investimento e da saída do ministro Joaquim Levy do Ministério da Fazenda ficam mais próximas. Do lado internacional as bolsas caem antes de dados dos PMIs (Índices Gerentes de Compras) de serviços e da indústria da China que sairão à noite, além do PMI de Chicago nos Estados Unidos. 

Às 9h23 (horário de Brasília), o contrato futuro do índice para outubro caía 2,14%, a 46.760 pontos. Já o dólar futuro para setembro tem alta de 1,61% a R$ 3,640. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 31 pontos-base para 14,26% enquanto o DI para janeiro de 2021 dispara 46 pbs para 14,18%. 

Uma fonte da área econômica ouvida pela Bloomberg disse que os ministérios da Fazenda e do Planejamento travam embate para fechar o Orçamento. Levy estaria preocupado com o sinal negativo mostrado ao mercado. Para o ministro, haveria  pouco espaço para elevação da carga tributária e sua proposta seria um corte “duro” agora, reduzindo despesas com programas ineficientes e nas despesas obrigatórias, segundo informações do Estado de S. Paulo. Já Nelson Barbosa, do Planejamento, defenderia o gradualismo no corte de gastos devido à necessidade de negociação com o Congresso e representantes dos trabalhadores.

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Além das notícias negativas no fiscal, uma nova instabilidade surge dos rumores de que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estaria com planos de deixar o cargo. 

Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 foi reduzida de uma retração de 2,06% para uma de 2,26%, sendo também derrubada em 2016 de uma queda de 0,24% para 0,40%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 9,28% este ano.

Mais pessimistas estão o Credit Suisse e o BTG Pactual. O primeiro cortou a sua previsão do PIB de 2015 de 2,4% de retração para 2,6%. Já o segundo cortou de 1,4% para 2,7% de recuo da economia este ano. 

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Cenário externo
Os mercados financeiros globais deram sinais nesta segunda-feira de que caminham para outra semana difícil, com as ações e commodities caindo antes de dados que podem dar pistas sobre quando os Estados Unidos vão elevar a taxa de juros e pesquisas que devem apontar mais fraqueza na China.

A confusão sobre a direção da política nas duas maiores economias do mundo causaram turbulências nos mercados no começo da semana passada, com as variações mais fortes de preços levando investidores a buscarem portas de saída.

Chama atenção ainda a notícia de que o governo da China decidiu abandonar a estratégia de sustentar as bolsas locais por meio de compras de ações em larga escala e, em vez disso, vai intensificar os esforços para localizar e punir os suspeitos de “desestabilizarem o mercado”, informou hoje o jornal britânico Financial Times em sua página na internet, citando autoridades seniores de Pequim.

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Com relação aos EUA, o mercado ainda repercute a fala do vice-presidente do Federal Reserve Stanley Fischer indicando que o Federal Reserve ainda poderá elevar os juros em setembro.

As vendas se intensificaram conforme os mercados chineses ampliaram suas perdas. A bolsa em Xangai, o epicentro do terremoto deste mês, chegou a cair mais de 3% durante a sessão, mas diminuiu as perdas, fechando com baixa de 0,78%. O índice acumula perdas de mais de 40% desde meados de junho. O índice japonês Nikkei e a bolsa australiana chegaram a cair 2% antes de reduzir um pouco as perdas. O primkeiro recuou 1,28% e o segundo, 1,07%.

O dia também é de leves quedas para os índices futuros das bolsas americanas e para os principais índices europeus, de olho na China. A bolsa de Londres, por sua vez, está fechada por conta de um feriado local.

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Entre os dados econômicos europeus, destaque para os dados de inflação. O CPI da zona do euro sobe 0,2% na comparação anual de agosto, assim como o da Itália.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.