Ibovespa fecha quase estável, com Petrobras (PETR4) compensando Bradesco (BBDC4); dólar cai na sessão, mas sobe na semana

Ações ordinárias e preferenciais da Petrobras ajudaram a compensar forte queda do Bradesco, em meio à alta do petróleo

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em leve alta de 0,07%, aos 108.078 pontos, nesta sexta-feira (10), mas recuou 0,41% na semana. O principal índice da Bolsa brasileira seguiu hoje, em parte, o que foi visto no exterior, mas repercutiu também assuntos internos – com destaque, desta vez, para o noticiário corporativo.

O Bradesco (BBDC4;BBDC3) foi a principal queda por peso do índice, após reportar números considerados negativos no quarto trimestre de 2022. As ações preferenciais do banco caíram 8,19% e as ordinárias, 6,08%.

“O mercado considerou frustrante os números do Bradesco, que também trouxe corte do guidance para 2023”, comenta Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos Investimentos.

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Do outro lado do Ibovespa, segurando o índice, ficaram as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), com ganhos de 2,73% e 3,04%, respectivamente. Os papéis acompanharam o preço do petróleo Brent, que avançou 2,34%, a US$ 86,48, após a Rússia anunciar um corte da sua produção, em resposta ao teto imposto pelos países ocidentais.

“Aqui no Brasil, a dinâmica repercute um pouco as incertezas políticas, mas o dia teve mais destaques no âmbito corporativo. Resultado do Bradesco foi ruim e contamina o setor bancário, mas a Petrobras contrabalanceia”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Em Nova York, os índices fecharam sem direção exata. Dow Jones e S&P 500 avançaram, na sequência, 0,50% e 0,22%, enquanto o Nasdaq recuou 0,61%.

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“O humor por lá não é dos melhores e a temática foi macroeconômica. Tivemos relatório Michigan do consumidor que aumentou as incertezas quanto à continuidade do aumento monetário. Parece claro que os EUA está flertando com uma recessão e a perspectiva de continuidade de aperto monetário deixa os investidores receosos”, acrescenta Spiess.

O índice de confiança do consumidor americano em fevereiro, segundo a de Michigan, teve leitura de 62,3, ante consenso de 62,9.

Do outro lado, a alta do preço do petróleo pressionou os treasuries yields – o para dez anos fechou a uma taxa de 3,745%, com mais 6,2 pontos, e o para dois anos, a 4,528%, com mais 1,9 ponto.

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A alta da commodity, por fim, ajudou também o real a se valorizar.

“Dólar está caindo um pouco, em parte pela falta de notícias políticas, mas também pela alta do petróleo, por conta do corte de produção anunciado pela Rússia, que é relevante. Isso beneficia o real em termos de troca”, defende Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

A moeda americana fechou a sessão em queda de 1,08%, a R$ 5,221 na compra e a R$ 5,222 na venda, mas acumulou alta de 1,44% na semana.

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“A gente vê que, hoje, o noticiário político está parado. Ontem até tivemos notícias positivas, com o Arthur Lira mencionando que não há base para apoio no Congresso para o governo rever a autonomia do Banco Central. Hoje ninguém comentou mais sobre o assunto, o que trouxe certo alívio na curva de juros, o que ajuda um pouco”, defende o especialista da Guide. Contudo, vale ressaltar que a sessão da véspera foi de forte aversão ao risco no mercado apesar das falas de Lira, com os investidores atentos aos possíveis sinais de mudança de meta de inflação.

Nesta sexta, as taxas dos DIs para 2025 tiveram leve alta, de 2,5 pontos-base, indo a 12,92%. Os contratos para 2027 perderam dois pontos, a 13,12%, e as dos para 2029, cinco pontos, a 13,40%. Os DIs para 2031 fecharam a uma taxa de 13,51%, também perdendo cinco pontos-base.