Ibovespa fecha em queda de 1,85% e desaba quase 19% na semana; dólar volta a R$ 5,02 com atuação do BC

Mercado mostra desânimo antes do fim de semana, em meio à forte pessimismo sobre economia global com o coronavírus

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda de 1,85% nesta sexta-feira (20) e consolidou uma queda de 18,88% na semana. Os últimos dias foram marcados por um aumento explosivo no número de casos da doença em países ocidentais e por medidas restritivas cada vez mais severas para conter a continuidade da pandemia. Ficou mais claro também o tamanho do impacto da Covid-19 na economia global.

Hoje, o presidente americano Donald Trump anunciou que a fronteira entre Estados Unidos e México será fechada parcialmente, funcionando apenas para deslocamentos essenciais.

Perto do fim da tarde, a União Europeia informou que a recessão deste ano pode ser tão ruim quanto a de 2009. Contribuiu ainda para a piora nos mercados o alerta do Goldman Sachs de que a economia americana pode encolher 24% no segundo trimestre na comparação anual.

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Além disso, o petróleo desabou sem haver um acordo entre Arábia Saudita e Rússia para acabar com a guerra de preços que levou a commodity a uma perda de mais da metade de seu valor de mercado desde que a crise começou. Apesar de Trump ter afirmado que poderia intervir, nada foi feito ainda. O barril do WTI despencou 21%.

O Ibovespa caiu 1,85% a 67.069 pontos com volume financeiro negociado de R$ 32,8 bilhões. Parte das perdas do dia podem ser atribuídos ao movimento de vendas antes do fim de semana que ocorre em momentos de grande indefinição como o atual, já que o investidor não pode zerar posições antes da segunda-feira.

Enquanto isso, o dólar futuro para abril caía 1,41%, a R$ 5,028. O dólar comercial registrou queda de 1,503%, a R$ 5,025 na compra e R$ 5,0274 na venda. Na semana, o câmbio subiu 4,46%, tendo chegado a bater R$ 5,22. A leve apreciação do real nos últimos dois dias se deu por conta da atuação conjunta do Banco Central e do Federal Reserve para reduzir a volatilidade do dólar. Hoje, o BC reforçou sua atuação com leilão de dólar à vista em que foram aceitas ofertas para US$ 175 milhões depois de ter estreado o repo em dólar.

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Foram aceitos US$ 2,954 bilhões em operações compromissadas em moeda estrangeira. Dessas, US$ 1,172 bilhão foram para recompra em 8 de abril e US$ 1,781 bilhão para 23 de abril.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 12 pontos-base a 5,65%, o DI para janeiro de 2023 subiu três pontos-base a 7,03% e o DI para janeiro de 2025 teve alta de 22 pontos-base a 8,25%.

Mais cedo, o mercado se animava com as medidas promovidas por governos no mundo todo para mitigar os efeitos do coronavírus na economia e com o controle da doença na Ásia. Na China, o banco central manteve ontem as taxas de juros em 4,05%, mais uma prova de que o país conseguiu controlar a pandemia em seu território. Lá, não foram registrados novos casos de transmissão local da Covid-19 pelo segundo dia consecutivo.

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Já nos Estados Unidos, as medidas para conter o vírus se aprofundaram. O estado da Califórnia colocou 40 milhões de pessoas em quarentena obrigatória. A Itália atingiu 3.405 mortos e deve fazer um lockdown ainda maior para conter o avanço no número de casos.

A boa notícia é que paralelamente ao desenvolvimento de uma vacina, tratamentos para o coronavírus têm dado resultados preliminares muito positivos. Em uma pesquisa francesa realizada com 20 voluntários que sofriam com a Covid-19, a administração de hidroxicloroquina (medicamento utilizado no tratamento de malária) com azitromicina resultou na evolução clínica de 100% dos pacientes.

Estado de calamidade

O Senado aprovou por unanimidade o projeto de decreto legislativo que reconhece Estado de Calamidade no Brasil por conta da pandemia de coronavírus. O reconhecimento permite que o governo não cumpra a meta fiscal deste ano, que é de déficit de R$ 124,1 bilhões. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) não participou da sessão porque foi diagnosticado com coronavírus e está em isolamento em casa. A análise do projeto foi remota.

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Noticiário corporativo

Os impactos do coronavírus nas operações das empresas seguem sendo sentidos fortemente.

A Lojas Renner anunciou que fechará, por tempo indeterminado, todas as lojas físicas da Renner (Brasil, Uruguai e Argentina), Camicado, Youcom e Ashua, sejam em shoppings ou lojas de rua, a partir desta sexta-feira. A decisão, segundo a empresa ocorre após os desdobramentos recentes relacionados à covid-19. A Gol reduziu a jornada e salário de funcionários em pelo menos 35%, a Randon paralisou atividades em 7 unidades de negócios e a Petrobras afirmou que pode manter a produção com efetivo reduzido.

Ainda em destaque, a AES Tietê disse que continua a avaliar proposta da Eneva; na Enauta, o presidente está de licença e o CFO acumula o cargo interinamente. Já na Cemig, Leonardo Magalhães é nomeado para diretor de finanças e RI.

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A Eztec aprovou a recompra de até 9,6 milhões de ações ordinárias. Cyrela, Tenda, C&A, Cemig, Copasa, EzTec e Marisa divulgaram seus números referentes ao quarto trimestre de 2019.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.