Ibovespa fecha em queda de 0,40% após inflação mais forte nos EUA; dólar cai 0,6%, mas acima de R$ 5,40

Após preços subirem mais do que o esperado, investidores passaram a esperar altas mais agressivas de juros

Vitor Azevedo

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa fechou em queda de 0,40% nesta quarta-feira (13), aos 97.881 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira oscilou durante boa parte do dia, mas acabou, na última hora do pregão, se firmando no terreno negativo.

Em parte, a queda do benchmark brasileiro se deu junto com aquilo visto em Nova York: Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,67%, 0,45% e 0,15%.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) veio acima do esperado em junho, com alta de 1,3% na base mensal, ante 1,1% do consenso.

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“O fato de a Nasdaq estar um pouco melhor do que os demais índices dos Estados Unidos se deve, em parte, ao arrefecimento da curva de juros por lá no longo prazo”, comenta Jennie Li, estrategista de ações da XP. “O CPI trouxe alta generalizada de preços e aumentou as apostas de que o Federal Reserve terá de aumentar os juros de forma mais agressiva”.

A percepção do mercado, após o dado, é que na próxima reunião o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) trará uma alta de 75 pontos-base, no mínimo. O treasury yield para dois anos avançou 8,7 pontos-base, para 3,13%.

Uma alta mais agressiva, no curto prazo, porém, tende a significar que a fed funds não ficará em patamares elevados por um longo período de tempo – o treasury para dez anos viu sua taxa cair 4,5 pontos, para 2,913%. Isso beneficia companhias de tecnologia, que têm boa parte de seus valuations ancorada no futuro.

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Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destaca que apesar de o CPI ter vindo acima do consenso, o Livro Bege trouxe diretores do Federal Reserve sinalizando uma queda da atividade econômica e da demanda.

“Há um cabo de guerra. Parte do mercado acha que o Fed terá de subir mais a taxa de juros, e quando essa parte se torna dominante, a bolsa cai e o dólar se fortalece. Quando a outra que entende que não serão necessárias altas tão elevadas tem mais argumentos, a bolsa avança e o dólar enfraquece”, pontua Cruz.

O dia foi de pouca oscilação também quando o assunto é aversão ao risco. O DXY, que mede a performance do dólar frente a outras moedas, caiu apenas 0,07%, aos 107,99 pontos. A moeda americana tende a ser buscada como porto seguro em momentos de maior tensão.

Frente ao real, o dólar comercial caiu 0,61%, a R$ 5,405 na compra e a R$ 5,406 na venda.

A curva de juros brasileira, por sua vez, acompanhou a americana. “A nossa curve reage ao movimento lá de fora. Dados que sugerem uma taxa de alta mais juros por lá também fazer a curva daqui sinalizar que ficará alta por mais tempo”, diz Cruz.

Os DIs para 2023 e 2025 tiveram seus yields subindo, respectivamente, três e dois pontos-base, para 13,88% e 13,07%. Os DIs para 2027 viram seus rendimentos recuarem sete pontos, para 12,87%. Os contratos para 2029 e 2023, por fim, viram suas taxas caírem, ambos, oito pontos, para 13% e 13,07%.

Entre as maiores altas do Ibovespa, destaque para as ações ordinárias da Light ([ativo=LIGHT3]), que avançaram 11,72%.

” A notícia de que a empresa está recrutando Otavio Lopes, que já fez parte da Equatorial e que já participou do conselho da própria Light, como novo CEO animou investidores”, explicou Vitorio Galindo, analista de investimentos da Quantzed. “É um nome bem respeitado no mercado”.

Além da Light, as ações da Ambev (ABEV3) também dispararam, com alta de 5,66%, após o JPMorgan elevar recomendação da companhia.

Do outro lado, entre as baixas, ficaram as ações ON da 3R Petroleum (RRRP3), com menos 5,55%, seguindo o recuo do petróleo recente.

As ON da Qualicorp (QUAL3) e da Rede D’Or (RDOR3) fecham as maiores quedas, com menos 4,40% e 4,31%, seguidas pelas unitárias da SulAmérica (SULA11), com menos 3,56%. Segundo comentários do Credit Suisse, o piso de enfermagem, aprovado ontem pela Câmara dos Deputados, pode impactar negativamente essas empresas.

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