Ibovespa fecha em alta de 2% e encosta nos 100 mil pontos após dados fortes de varejo; dólar cai a R$ 5,34

Mercado termina sessão com ganhos expressivos, mas não consegue romper o teto psicológico mais importante do momento

Ricardo Bomfim

Gráfico de cotações de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (8) e encostou nos 100 mil pontos, deixando as expectativas bem altas para a retomada desse patamar no próximo pregão. Na máxima do dia, o benchmark chegou a bater 99.970 pontos.

Nesta sessão, o principal driver de otimismo foi o dado de vendas do varejo no Brasil, que subiu 13,9% em maio, na comparação com abril, enquanto os economistas esperavam um avanço menor, de 5,9%.

Lá fora, os índices dos Estados Unidos registraram altas puxados por ações de empresas de alta tecnologia. O Nasdaq subiu 1,44%, enquanto Dow Jones e S&P 500 registraram valorizações de 0,68% e 0,78% respectivamente.

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Isso tudo apesar do avanço do coronavírus na maior economia do mundo. Com 3 milhões de infectados no país, estados como a Florida já enfrentam escassez de leitos de UTI e outros apresentam aumento dos casos.

O Ibovespa terminou o dia em alta de 2,05% a 99.769 pontos com volume financeiro negociado de R$ 26,336 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial teve queda de 0,71% a R$ 5,345 na compra e a R$ 5,3473 na venda. O dólar futuro para agosto cai 0,59% a R$ 5,349 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 registrou ganhos de 14 pontos-base a 3,09%, o DI para janeiro de 2023 aumentou 12 pontos-base a 4,18% e o DI para janeiro de 2025 avançou cinco pontos-base a 5,68%.

A equipe de análise da Levante Ideias de Investimento destaca que a importância dos indicadores econômicos crescem à medida que os investidores procuram parâmetros concretos para a tomada de decisões.

“Ainda há muita incerteza em relação aos desdobramentos da pandemia. Eventuais recrudescimentos no número de contaminações provocados pelo relaxamento das medidas de contenção provocam muita volatilidade nos preços dos ativos. Por isso, a necessidade de observar os indicadores mais concretos e menos “contaminados” pelas expectativas”, escrevem os analistas.

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Para a Levante, até agora os dados da economia brasileira têm sido melhores que o esperado, o que traz boas perspectivas de uma recuperação mais robusta no pós-pandemia.

No exterior, Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, disse ontem que o ressurgimento do vírus pode estar ameaçando o ritmo da recuperação dos EUA.

Robert Shiller, economista e ganhador do Nobel, mostrou preocupação com possíveis efeitos duradouros da pandemia na economia. “Podemos ter novos fechamentos. Isso pode causar uma resposta psicológica pior nessa segunda vez”, disse em entrevista à CNBC, se referindo a uma segunda onda de contágio.

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Já a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, alertou na terça-feira que muitos países estão tomando novos empréstimos e talvez precisem reestruturar suas dívidas.

Além da pandemia da Covid-19, volta a causar preocupação as tensões entre Estados Unidos e China. A repressão do governo chinês à oposição em Hong Kong e as restrições à emissão de vistos para autoridades de ambos os lados estão entre as tensões da vez.

Fôlego menor 

A contaminação do presidente Jair Bolsonaro pelo novo coronavírus deve antecipar o esvaziamento da pauta legislativa, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

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A projeção é que serão votadas apenas as medidas provisórias prestes a vencer. A partir do dia 15, líderes dos partidos devem se concentrar na formação de candidaturas em suas bases.

Paulo Guedes, ministro da Economia, fez teste com resultado negativo e fará novo exame para coronavírus em 4 dias. Guedes não tem sintomas da doença e cumprirá agenda por meio de videoconferência, disse o ministério. Nos últimos dias, Guedes teve reuniões com o presidente Jair Bolsonaro.

Ao menos 13 ministros estiveram com Bolsonaro nos últimos dias, diz o Estado; segundo a Folha, presidente se aglomerou e interagiu com centenas de pessoas nos últimos 14 dias e empresários que estiveram com Bolsonaro entram em quarentena.

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Arrecadação fraca

Dados preliminares mostram que a arrecadação de impostos e tributos registrou nova queda em junho, a quinta seguida, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Esse cenário de retração nas receitas agrava ainda mais a situação das contas públicas do país.

Números prévios colhidos no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), do governo federal, apontam até agora para uma queda aproximada de 25%. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre a Importação (II) e tributos aplicados sobre operações das empresas, como o Cofins, estão entre os que apresentam retração.

Panorama corporativo

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o texto-base da medida provisória (MP) sobre reembolso e a remarcação de passagens de voos cancelados durante a pandemia de Covid-19. O texto ainda prevê que trabalhadores do setor saquem recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Os destaques da MP devem ser votados nesta quarta-feira.

Já o governo negocia duas alterações no projeto de lei, já enviado ao Congresso Nacional, que trata da privatização da Eletrobras. A primeira prevê o uso da “golden share” (ação especial que dá alguns direitos de veto ao governo) e a criação de um fundo destinado especificamente para investimentos na região Norte, segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 6.17647 25.27
B3SA3 6.06962 60.64
CIEL3 5.26316 5
NTCO3 5.26184 42.01
MRVE3 4.50078 20.2

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
CVCB3 -6.1144 19.04
IRBR3 -1.9979 9.32
MRFG3 -1.90896 13.36
JBSS3 -1.43791 22.62
GOLL4 -1.38958 19.87

A incorporadora MRV registrou recorde de vendas no segundo trimestre do ano, se beneficiando da regularização de repasses para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). A companhia informou que as vendas entre abril e junho somaram R$ 1,81 bilhão, alta de 37,4% na comparação com igual período de 2019. O número de unidades negociadas foi de 11.479, alta de 33,7%.

E a Camil registrou lucro líquido de R$ 109,5 milhões no primeiro trimestre de 2020, mais que o dobro dos R$ 49,8 milhões de igual período de 2019.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.