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Ibovespa cai 2,33%, em dia de aversão ao risco global; dólar avança 2,50% frente ao real

Altas dos juros nas economias desenvolvidas pressionam ativos de risco em todo o mundo e derrubam moeda brasileira

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 2,33% nesta segunda-feira (26), afos 109.114 pontos, com o principal índice da Bolsa brasileira acompanhando, em grande parte, aquilo visto no exterior: um dia de aversão generalizada ao risco.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,11%, 1,03% e 0,60%.

“A aversão ao risco maior nesta segunda se deu, principalmente, por notícias advindas da Europa”, diz Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

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“O Reino Unido tenta estimular a economia com incentivos fiscais, mas isso está impactando o câmbio do país. Possivelmente, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) terá de aumentar os juros de maneira mais rápida do que estava esperando”.

Hoje, o BoE anunciou que fará “o que for necessário para levar a inflação aos níveis da meta”, que é de 2,5% – ante 9,5% registrados em agosto. A fala se dá após o governo britânico ter, na última sexta, anunciado um novo pacote de estímulos para a economia local, aumentando os temores fiscais.

Além disso, a Alemanha noticiou que prepara um teto para o preço da eletricidade, o que também fortaleceu os temores fiscais para a maior economia da zona do euro.

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“As notícias reforçam o temor de que a inflação e de que os juros continuarão aumentando nas economias desenvolvidas”, completa Noerbeng. “E, no Brasil, nosso Ibovespa é contaminado pela aversão ao risco. Há uma fuga de investidores para mercados mais seguros”.

Os títulos do tesouro americano com vencimento em dez anos subiram 22,3 pontos-base, para 3,92%. O dólar, com isso, ganhou força frente as demais moedas de países desenvolvidos, com o DXY indo a 114,07 pontos. Frente ao real, a moeda americana ganhou 2,53%, a R$ 5,381 na compra e na venda.

“A curva de juros brasileira subiu bem, acompanhando, justamente, as curvas de juros globais. Isso ajuda a impactar negativamente o mercado acionário, que é sensível às variações das taxas”, explica o especialista da Manchester.

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Os juros DI para 2023 tiveram suas taxas ganhando três pontos-base, a 13,70%, e os para 2025 viram as suas ganharem 20 pontos, a 11,82%. Os DIs para 2027 e 2029 ganharam, respectivamente, 27 e 28 pontos, a 11,68% e 11,81%. Os rendimentos dos DIs para 2031 subiram 26 pontos, a 11,88%.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA, completa que as taxas brasileiras começam a ser, também, pressionadas pela proximidade das eleições, que aumenta as incertezas no cenário doméstico.

“Praticamente todas as ações do índice operaram em baixa, com destaque negativo para o setor financeiro, que reagiu após o Banco Central limitar a taxa de remuneração de emissor de cartões, com o intuito de reduzir os custos operacionais de cartões pré-pago e débito ao consumidor final”, contextualiza o especialista.

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Ações do Ibovespa

As ações ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 4,62%. As preferenciais do Itaú (ITUB4) recuaram 1,80% e as do Bradesco (BBDC4), perderam 1,59%. As unitárias do Santander (SANB11) cederam 2,51%

As companhias ligadas ao setor de commodity também pressionaram ao índice, em meio ao recuo por conta de ganho de força da perspectiva de recessão global.

A 3R Petroleum (RRRP3) foi a maior queda percentual do Ibovespa, com suas ações ordinárias caindo 6,83%. As preferenciais série B da Usiminas (USIM5) e as ordinárias da SLC Agrícola (SLCE3) também foram destaque, com menos 4,6% e 4,54%, respectivamente.

Companhias ligadas ao mercado interno também caíram, por conta da alta dos juros – as ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3) recuaram 6,26% e as da Petz (PETZ3), 6,83%.