Ibovespa cai 2% e volta a patamares de 3 de setembro com adiamento na reforma e rumor de saída de Guedes

Mercado estendeu as perdas da semana passada repercutindo notícias e rumores negativos em todas as frentes

Ricardo Bomfim

O ministro da Economia, Paulo Guedes (Crédito: Agência Brasil)
O ministro da Economia, Paulo Guedes (Crédito: Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (7) perto da mínima do dia e o dólar fechou em R$ 4,10 em meio à confirmação do atraso na votação da reforma da Previdência no Senado, que se conjugou a um boato de saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, no ano que vem, e baixas perspectivas de que Estados Unidos e a China cheguem logo a um acordo comercial.

O principal índice da B3 caiu 1,93% a 100.572 pontos, chegando perto de perder os 100 mil pontos pela primeira vez desde 3 de setembro. O volume financeiro negociado foi de R$ 13,349 bilhões.

A queda que foi a tônica da sessão se acentuou à tarde quando começou a circular nas mesas de traders do Brasil inteiro uma nota do jornal “O Dia”, em que se noticiava a intenção de Paulo Guedes de sair do governo Bolsonaro.

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“O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve deixar o governo em fevereiro. Só espera a aprovação da reforma da Previdência e a consolidação da reforma Tributária. Ele já prepara um sucessor nas hostes”, diz a nota, que faz parte da coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini. Mais tarde, O  Antagonista informou que Guedes negou a notícia para o portal.

De acordo com Lucas Monteiro, trader de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, qualquer comentário a respeito de saída de Paulo Guedes deixa os players defensivos em um primeiro momento. “Não sabemos se é verdade, mas podemos sentir o mercado mais nervoso”, avalia.

Monteiro entende, contudo, que se Guedes sair de maneira negociada em fevereiro como se noticia, nomeando um sucessor e sem uma briga com o governo, não seria tão ruim como um pedido de demissão motivado por discordâncias do presidente Jair Bolsonaro com as reformas econômicas.

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Enquanto isso, o dólar comercial subiu 1,17% a R$ 4,1027 na compra e a R$ 4,1045 na venda. O dólar futuro para novembro registra valorização de 1,18% a R$ 4,112.

Guerra comercial e reforma da Previdência

Também pesou nos mercados a notícia da Bloomberg de que as autoridades chinesas estão hesitantes em aceitar um acordo comercial com os Estados Unidos.

A declaração do líder do governo no Senado, Major Olímpio (PSL-SP), confirmando que a votação da reforma da Previdência ficará só para o dia 22, também gerou ruído.

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Na semana passada, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), um dos vice-líderes do governo no Senado, já havia destacado que a “chance de 2º turno da reforma antes do dia 22 é zero”.

A previsão inicial era de que votação seria já no dia 10. A viagem de senadores para o Vaticano e falta de entendimento sobre divisão de recursos de leilão do pré-sal adiaram análise no plenário da Casa, de acordo com Olímpio.

Sobre o último tema, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encontrou-se no domingo com Bolsonaro para tratar do tema.

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A sugestão do governo, de fazer a partilha do pré-sal com 10% dos R$ 106,5 bilhões em emendas parlamentares, mais 10% para estados, outros 10% para municípios e 3% adicionais a estados produtores de petróleo não agradou.

Maia, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), propôs 15% aos estados e 15% aos municípios.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avança três pontos-base a 4,88% e o DI para janeiro de 2023 registra alta de seis pontos-base a 6,02%.

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No exterior, além da guerra comercial, que ficou no foco em razão da visita do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, aos EUA, os investidores não conseguiram retirar do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, qualquer comentário sobre política monetária em discurso antes de lançamento de um filme sobre o ex-presidente do Fed, Marriner Eccles.

O máximo que Powell fez foi louvar o empenho de seus predecessores em fortalecer a independência da autoridade monetária.

“Eccles é mais responsável que qualquer outra pessoa pelos EUA terem hoje um banco central independente e capaz de tomar as melhores decisões de longo prazo para a economia sem levar em conta as pressões políticas de circunstância”, afirmou Powell, no que é interpretado como uma resposta às críticas que sofre do presidente americano, Donald Trump.

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Relatório Focus

O mercado financeiro manteve as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2019 em 0,87%, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. Para 2020, as previsões também foram mantidas em 2%.

Com relação à inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), houve uma leve revisão para baixo de 3,43% para 3,42% em 2019. Foi cortada também em 2020 de 3,79% para 3,78%.

A projeção do câmbio no final do ano ficou estável em R$ 4,00, mas subiu de R$ 3,91 para R$ 3,95 para 2020.

Por fim, com relação à taxa básica de juros brasileira, a Selic, houve manutenção das expectativas em 4,75% para 2019 e 5% para 2020.

O Focus compila as estimativas de diversos bancos, casas de análise, consultorias e corretoras de valores para os principais indicadores macroeconômicos do País. A tabela com os principais dados é obtida a partir do cálculo da mediana dessas expectativas.

Noticiário Corporativo

A Folha traz que o governo enterrou de vez os plano de injetar R$ 3,5 bilhões na Eletrobras (ELET3) para tornar a estatal mais atraente para os investidores privados. Além disso, irá adotar uma estratégia de corpo a corpo com parlamentares para angaria apoio ao projeto de lei que abrirá caminho à privatização da empresa. A notícia levou a uma forte queda das ações da empresa.

A Caixa vislumbra para o início do próximo ano, possivelmente em fevereiro, para tentar executar o plano abertura de capital da Caixa Seguridade. A operação seria nos moldes da realizada pelo BB Seguridade, diz a Coluna do Broadcast. Já o Globo informa que o governo quer quebrar o monopólio da Caixa como operadora do FGTS e dar esse direito a outros bancos. Assim instituição privadas poderiam financiar com esse recursos habitação, saneamento e infraestrutura.

A Petrobras (PETR3; PETR4), informou que a Comisión Nacional de Valores (CNV), órgão regulador do mercado de capitais argentino, autorizou a retirada de suas ações do regime de oferta pública, dispensando a companhia de promover uma oferta pública de aquisição de ações. A saída da petroleira da bolsa argentina ocorrerá em 04 de novembro.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.