Ibovespa cai 1,11% no 1º pregão do ano, seguindo exterior; o que afetou o mercado?

Primeiro pregão do ano foi marcado por quedas, acompanhando movimentação de mercados mundiais

Camille Bocanegra

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2024 começou com aversão ao risco, alta de juros e do dólar. O Ibovespa fechou com queda de 1,11% em seu primeiro pregão do ano, aos 132.696,63 pontos. O movimento de reversão observado também aconteceu em índices lá fora, com Dow Jones apresentando discreta alta e S&P 500 e Nasdaq em queda em meio a ponderações relacionadas aos juros dos Estados Unidos.

Tal ajuste encontrou respaldo em uma mudança na precificação do corte de juros pelo Federal Reserve estimado para este ano, com a redução passando a 1,50 ponto percentual ante mais de 1,60 ponto na semana passada.

“O mercado realizou parte dos ganhos obtidos no ano passado, notadamente nos meses de novembro e dezembro. Como pano de fundo a alta dos juros e do dólar, aliado ao movimento de aversão aos ativos de risco. As bolsas americanas também caíram, norteando os negócios na B3”, considera Victor Martins, analista da Planner.

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O noticiário sobre a economia internacional também esteve no radar com o dados modestos publicados hoje relativos à indústria da zona do euro, do Reino Unido e dos Estados Unidos.

No campo doméstico houve ainda a repercussão da criação de medida que cobra tributos dos 17 setores da economia que mais empregam no país, até então atendidos pela desoneração da folha de pagamentos, conforme explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

No Brasil, há também a preocupação com o aspecto fiscal, que se apresenta em relação à dúvida sobre o cumprimento da meta zero para este ano. Ainda que analistas considerem o movimento de correção da Bolsa como esperado, após fortes altas observadas nas últimas semanas, o cumprimento da meta também preocupa o mercado.

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“O mercado tem uma dificuldade, desde o ano passado em acreditar que o governo vai cumprir a meta zero. Apesar da última declaração do Haddad ter reforçado a busca pelo deficit zero e também estar buscando medidas para tentar fechar o orçamento, tem a pauta de exoneração para rolar, teve aprovação das offshores no ano passado”, considera Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital.

A moeda norte-americana subiu, em reação ao sentimento global de aversão ao risco. O dólar comercial fechou em alta de 1,28%, a R$ 4,9160 na venda, marcando o maior aumento diário desde 4 de dezembro (+1,38%) e também ficou em alta na comparação com as principais moedas do mundo, com o DXY com 0,80%.

No mercado de commodities, o petróleo iniciou o dia com forte alta, após movimentação de navio do Irã no Mar Vermelho e potencial escalada de tensões na região. Durante o dia, a commodity reverteu para queda e assim encerrou a sessão. O WTI para fevereiro fechou em queda de 1,77% (US$ 1,27), para US$ 70,38 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para março caiu 1,49% (US$ 1,15), a US$ 75,89 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

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Já no mercado de Treasuries, o título de dez anos subiu 7,9 pontos-base (pb), a 3,939%, enquanto o título com vencimento de 2 anos avançou de 7,2 pb em seus rendimentos, a 4,322% e com vencimento de 5 anos subiu 9 pb em seus retornos, 3,919%.

No mercado de juros, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,05%, ante 10,02% do ajuste anterior e a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,65%, ante 9,63% do ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,78%, ante 9,74%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10%, ante 9,96%.

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Por aqui, a queda poderia ter sido ainda maior, não fossem os papéis da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), que sustentaram o índice.

“Os desempenhos de Petrobras e Vale ajudaram a conter uma queda mais forte do Ibovespa. A estatal se manteve em campo positivo até o final da sessão, em sentido contrário dos seus pares que acompanharam a queda do petróleo no mercado internacional, enquanto a mineradora caiu ligeiramente e sucumbiu às perdas no meio da tarde, deixando os ganhos iniciais influenciados pelo avanço do minério de ferro”, afirma Nishimura.

Entre as maiores altas do dia, estão os papéis de Pão de Açúcar (PCAR3), que subiram 3,20%, aos R$ 4,19, e da CSN Mineração (CMIN3), que avançaram 1,64%, cotados a R$ 7,89.

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(com Reuters)