Ibovespa cai 10,3% e volta a níveis de 2017 com coronavírus; dólar bate R$ 5,20 pela primeira vez na história

Mercado teve mais uma sessão de pânico associado à pandemia

Ricardo Bomfim

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte queda nesta quarta-feira (18), em mais um dia histórico para a Bolsa, que teve seu sexto circuit breaker em oito pregões em meio ao pânico que toma conta dos investidores por conta da proliferação do coronavírus.

O principal índice da B3 caiu 10,35% a 66.894 pontos. Essa é a menor cotação desde o dia 10 de agosto de 2017, quando a Bolsa fechou cotada a 66.992 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 58,9 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial avançou 3,9%, a R$ 5,197 na compra e R$ 5,1976 na venda, atingindo nova máxima nominal histórica de fechamento. Na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 5,23. O dólar futuro para abril sobe 2,84%, a R$ 5,154.

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No radar, voltou a pesar a aversão ao risco por conta do coronavírus, que se sobrepõe a análises mais otimistas a respeito dos recentes pacotes de estímulos lançados por governos e bancos centrais no mundo inteiro para combater a pandemia.

Devido às medidas que são tomadas para conter o avanço da Covid-19, diversos bancos e casas de análise cortaram projeções para a economia brasileira. O Santander revisou de 2% para 1% sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, enquanto o Credit Suisse foi mais radical e reduziu de 1,4% para 0% sua previsão. O UBS cortou sua projeção do PIB de 1,3% para 0,5%.

Em entrevista ao InfoMoney, Alberto Ramos, economista-chefe da área de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs, destacou que o banco está revisando as projeções no momento para o PIB do Brasil, anteriormente de 1,5%.

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“Contudo, é bem provável que o crescimento do PIB brasileiro seja zero ou negativo em 2020”, destacando o baixo poder que o País tem para lidar com a crise do coronavírus.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 40 pontos-base a 4,97%, o DI para janeiro de 2023 avança 51 pontos-base a 6,01% e o DI para janeiro de 2025 tem alta de 60 pontos-base a 7,33%.

Vale lembrar que hoje é dia de decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom). De acordo com expectativa mediana da Bloomberg, o Copom deve realizar corte de 0,5 ponto percentual na Selic e reduzir a taxa para 3,75%. A decisão sai após o fechamento dos mercados.

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A segunda reunião do colegiado no ano ocorre em meio à pandemia global de coronavírus, o que leva o mercado a se mostrar atipicamente dividido sobre a decisão, com previsões entre os analistas pesquisados pela Bloomberg oscilando desde a estabilidade até corte de 0,75 ponto. Fora da pesquisa, alguns economistas, como Carlos Kawall, do Asa Bank, têm destacado que o BC poderia cortar até 1 ponto.

Os contratos futuros do petróleo operam em forte queda nesta quarta-feira, ampliando robustas perdas, em meio a temores sobre o impacto que a pandemia de coronavírus terá na demanda pela commodity e na economia global. O contrato WTI atingiu os US$ 25 pela primeira vez desde 2002.

Política 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, enviou na noite de ontem um pedido para o Congresso declarar estado de calamidade pública no Brasil, por causa da pandemia do coronavírus.

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O Congresso deverá aprovar hoje o pedido. O estado de calamidade pública pedido pelo presidente deverá vigorar até o final deste ano e permitirá que o governo federal exceda o limite de gastos fixado na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Coronavírus no Brasil

O ministro da Saúde, Luiz Mandetta, traçou um possível quadro dramático da pandemia do coronavírus nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mandetta disse em entrevista à Folha de S. Paulo que a infraestrutura de saúde dos dois estados, que já atravessavam grave crise fiscal antes mesmo da chegada do Covid-19, é muito frágil e os pacientes poderão migrar para o sistema de saúde de São Paulo.

Noticiário corporativo

Várias empresas da indústria e do comércio, como Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB3) e Multiplan (MULT3) anunciaram ontem à noite que liberaram home office para funcionários das áreas administrativas, deram férias coletivas ou reduzirão os horários dos funcionamentos das operações comerciais, por causa da pandemia do coronavírus no Brasil.

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Já nos negócios, a Brasil Properties (BRPR3) anunciou na noite de ontem que recomprará quatro milhões de ações ordinárias, em um programa que se estenderá a 2021.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.